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Nova York enfrenta mais um dia de tensão por morte de homem negro

Quase 5 mil pessoas ocuparam diversas regiões da cidade em protesto

Em 05/12/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Nova York enfrentava mais um dia de tensão nesta quinta-feira (4), após uma noite de incidentes que deixou 83 detidos em protestos contra a decisão de não julgar um policial branco que matou um homem negro em um incidente polêmico ocorrido em Staten Island, em julho passado.

Na noite de quarta-feira, 83 pessoas foram detidas em manifestações realizadas em vários bairros de Nova York contra a decisão de um grande júri de não julgar o policial branco Daniel Pantaleo pela morte de Eric Garner, um pai de família negro.

Garner, de 43 anos, suspeito de vender cigarros ilegalmente, morreu após ter sido contido à força por vários policiais brancos, inclusive Pantaleo, que o agarrou pelo pescoço, uma prática proibida em Nova York.

A decisão foi anunciada dez dias depois de um veredicto parecido em Ferguson (Missouri), que provocou protestos em todo o país.

Em Nova York, quase 5 mil pessoas ocuparam a Times Square, a Columbus Circle, áreas do Harlem e até de Staten Island, o bairro onde morreu Garner, de 43 anos, durante uma violenta operação policial em 17 de julho.

Na capital Washington, também aconteceram várias pequenas manifestações, sem incidentes.

A atuação do policial Pantaleo foi filmada por um cinegrafista amador. No vídeo, Garner se queixa várias vezes de não conseguir respirar. Obeso e asmático, ele perdeu os sentidos em seguida e foi declarado morto no hospital.

A morte foi classificada como homicídio pelo Instituto Médico Legal da cidade.

Em meio à polêmica, o secretário americano da Justiça, Eric Holder, disse nesta quinta que a polícia de Cleveland - onde um menino negro de 12 anos foi morto por um policial em novembro - fez uso excessivo da força.

Holder declarou que esta conclusão é resultado de uma investigação federal realizada durante um ano e meio em Cleveland (Ohio, norte).

"A investigação determinou que há razões para crer que a polícia de Cleveland (...) pratica um uso da força irracional e desnecessário, violando a Quarta Emenda da Constituição".

O secretário de Justiça também anunciou a abertura de uma investigação federal sobre a possível violação de direitos civis em Nova York no caso Garner.

'Sem motivo razoável'
O júri, integrado por 23 americanos residentes em Nova York, concluiu que não existia motivo razoável para decidir por um julgamento de Daniel Pantaleo depois de deliberar sobre a evidência apresentada no caso, afirmou o procurador de Staten Island, Daniel Donovan.

O policial Pantaleo, de 29 anos, divulgou um comunicado no qual afirma que jamais teve a intenção de machucar Garner e pediu desculpas à família.

Mas a esposa de Garner, Esaw, rejeitou o pedido e afirmou que o policial "deveria sentir remorso por não ter ouvido os gritos do marido, que pedia para que o deixassem respirar".

A Polícia de Nova York, a maior dos Estados Unidos, conta com 35 mil oficiais e é criticada frequentemente pelo uso excessivo da força, principalmente contra as minorias latina e negra.

De Blasio anunciou na quarta-feira que 60 agentes da cidade começarão a usar no fim de semana uma microcâmera no uniforme, em um período de testes. Com esta iniciativa, a Prefeitura pretende tornar mais transparentes as ações policiais.

Novo caso
Em Phoenix, no Arizona, um policial matou um homem negro desarmado com dois tiros na última terça-feira (2) após uma briga entre ambos, informou nesta quinta-feira (4) a polícia local, em um caso similar ao de Michael Brown e Eric Garner.

De acordo com a versão policial que foi detalhada em um comunicado, Rumain Brisbon estava vendendo drogas em um carro quando o policial o abordou e pediu que se rendesse.

No entanto, o suspeito não obedeceu e correu para um edifício de apartamentos, onde confrontou fisicamente o policial. Segundo o comunicado, o suspeito introduziu as mãos nos bolsos das calças, o que fez com que o agente pensasse que estivesse buscando alguma arma.

O policial - identificado apenas como um homem branco de 30 anos - disparou duas vezes contra o suspeito, que tinha 34 anos e acabou morrendo.

Os agentes descobriram depois que Brisbon carregava nos bolsos um frasco de oxicodona, um medicamento anestésico. Já em seu veículo, foi encontrada uma quantia de maconha e uma espingarda semiautomática.

O suspeito tinha uma longa ficha criminal por assalto e roubo, segundo a imprensa local.

 

A advogada de Brisbon, Marci Kratter, explicou à imprensa do Arizona que há testemunhas que contradizem a versão policial.

Fonte: G1