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Obama anuncia medidas para imigrantes e deportações.
As medidas estão em decreto do Executivo e têm caráter temporário - valem por três anos.
Em 21/11/2014 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nessa quinta-feira (21) um plano com novas regras de imigração. As medidas estão em decreto do Executivo e têm caráter temporário - valem por três anos.
Serão beneficiados os imigrantes sem documentos que têm filhos nascidos nos Estados Unidos, além de imigrantes ilegais que entraram no país menores de idade. Obama frisou que as novas regras para deportação vão se concentrar “em criminosos, e não nas famílias”. A medida beneficiará até 5 milhões de imigrantes ilegais.
Em tom emotivo e mencionando o que chamou de “vocação” norte-americana para ser uma “nação de imigrantes”, Obama disse que o elemento-chave do plano é a ação que vai priorizar a expulsão de integrantes de quadrilhas de delinquentes, em vez da deportação de pais de pessoas nascidas no país. O presidente ressaltou que não se trata de anistia, mas que “o imigrante que cumpre as leis poderá sair das sombras”.
Serão beneficiados os pais de crianças nascidas nos Estados Unidos ou residentes legais desde janeiro de 2010. A chamada Ação Diferenciada – programa que beneficia cerca de 600 mil pessoas que vieram para os Estados Unidos ilegalmente quando ainda eram menores de idade - terá a idade limite ampliada para 30 anos e incluirá aqueles que chegaram antes de completar 16 anos. O prazo será também janeiro de 2010.
Trabalhadores imigrantes sem documentos poderão mudar de emprego, sem a necessidade de comprovação de residência. Atualmente um trabalhador ilegal não pode mudar de emprego. Os imigrantes que quiserem se manter por mais três anos no país deverão apresentar revisão de antecedentes criminais (nada consta) e também regularizar a situação na Receita americana.
As regras para a obtenção de visto por empresários de outros países também foram flexibilizadas e será concedida permissão de trabalho para os companheiros de pessoas com visto de permanência. Outra mudança prevista é o aumento de vistos para estudantes de pós-graduação em áreas cientificas.
O processo de solicitação de permanência ou de visto não será feito de maneira imediata e deverá esperar pelo menos cinco meses para que o trâmite ocorra.
Quase metade do total dos imigrantes ilegais é de origem mexicana e metade vive nos Estados Unidos há mais de 13 anos.
Na prática, a medida somente amplia uma concessão que já existia para pais imigrantes, sem documento de filhos americanos. Esse é o caso da brasileira Marilene Morais, que há 20 anos mora nos Estados Unidos. Quando veio, em 1994, ela tinha visto, mas agora não tem mais a documentação. Com um filho de 17 anos nascido nos Estados Unidos, Marilene disse que em três anos poderá regularizar a situação pelo próprio filho.
“O meu filho vai fazer 21 anos daqui a pouco e quando completar a maioridade, posso pegar o meu visto permanente por meio dele”, conta.
Apesar de não poder se beneficiar de mudanças com o decreto, Marilene falou da dificuldade de ser imigrante ilegal. O maior desafio é a distância da família e não poder visitá-la nunca, porque sem visto, se a pessoa sai do país, ela pode não conseguir entrar novamente. Quando chegou, Marilene tinha visto de permanência, mas quando a documentação venceu, ela não conseguiu renovar e já estava construindo a vida, inclusive com o filho nascido.
“Eu vivi minha vida normalmente aqui, já tive até loja brasileira. Tenho licença para dirigir e também o seguro social [uma espécie de CPF]. O problema todo é você viver isolado, não poder regressar para ver a família nunca, nem nos momentos felizes e nem nos momentos tristes”.
Marilene hoje trabalha como house clean (diarista) e mantém a vida nos Estados Unidos. Teve problemas de saúde e acredita que parte disso veio de seu estado emocional. “Nos últimos anos, tive muitas perdas, perdi meu pai, vi meu esposo ser deportado e já tive que mandar meu filho pequeno para o Brasil para me representar em momentos difíceis”.
Por Leandra Felipe-EBC