OPINIÃO
Ou prende-se Mandetta, ou impede-se Bolsonaro
Bolsonaro afirmou que Mandetta divulgou números falsos sobre a pandemia.
Em 12/06/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O presidente, pouco antes de essa maldita pandemia paralisar o mundo e o Brasil, afirmou que houve fraude nas eleições de 2018 e por isso não venceu no primeiro turno. Disse também que tinha provas e que iria divulgá-las em breve. Nunca o fez!
Fosse esta pocilga um país um pouquinho menos pior, e Bolsonaro estaria obrigado a apresentar tais documentos sob pena de ser acusado por ocultação de provas, obstrução de justiça ou simplesmente de ser cúmplice dos fraudadores da democracia. Até hoje, nem o presidente provou o que disse, nem o judiciário o cobrou pela fala irresponsável..
O mesmo Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (11), simplesmente acusou, ao vivo e em cores, para todo o Brasil, durante mais uma das suas patéticas “lives”, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta de inflar os dados da Covid-19 e apresentar “números fictícios, números exagerados” ao País durante sua gestão no Ministério da Saúde.
Repetindo: o presidente da República acusou, com todas as letras, seu ex-ministro por fraude durante o cumprimento do mandato. Afirmou que Mandetta divulgou números falsos sobre a pandemia. A ser verdade, além, obviamente, dos crimes previstos por mau uso do cargo, tenho certeza que há mais uma penca deles, como atentado à saúde pública e outros do gênero, cometidos pelo ex-ministro.
Mandetta terá de se explicar à Justiça ou estará em grandes maus lençóis. Já Bolsonaro, se não provar o que afirmou, não só não terá que explicar nada a ninguém como terá mentido mais uma vez sem que seja responsabilizado por isso, como já ocorreu tantas e tantas vezes desde que veio ao mundo.
A Jair Bolsonaro tudo é permitido. Ou melhor, tudo vem sendo permitido. Desde apoiar golpe militar, fechamento do Supremo e do Congresso, interferência na Polícia Federal e agressões diárias à imprensa a acusações infundadas contra adversários políticos. Resta agora saber até quando. Aliás, vou perguntar: até quando, hein, Rodrigo Maia? Hein, Davi Alcolumbre? Hein, Dias Toffoli?
Sobre o autor
Ricardo Kertzman, é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.