ECONOMIA NACIONAL

Parente diz que Petrobras passou por tsunami e critica aparelhamento.

Política de preços ou conteúdo local prejudica a empresa, diz o presidente.

Em 30/09/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, defendeu nesta sexta-feira (30) a volta da “racionalidade econômica” nas decisões da estatal para que a empresa possa voltar a dar retorno financeiro, reduzir o seu endividamento e se recuperar da crise detonada pela deflagração da operação Lava Jato, cujos efeitos foram comparados pelo executivo a um “tsunami”.

“O que aconteceu na Petrobras foi um aparelhamento de uma empresa. Ela foi usada para outros fins”, afirmou Parente, durante evento promovido pela revista “Exame”, em São Paulo.

Entre as decisões das gestões anteriores criticadas por Parente, está a política de preços de combustíveis abaixo da paridade internacional para ajudar o governo a controlar a inflação e investimentos que resultaram em prejuízos.

“Como é que uma empresa pode decidir construir uma refinaria - independente do over price, do custo -, em Pernambuco, outra no Maranhão e outra no Ceará? Não é racionalidade econômica”, disse.

Regras
O presidente da Petrobras voltou a defender mudanças nas regras de conteúdo local em investimentos no setor de óleo e gás. Segundo ele, os atuais índices de exigência de participação de componentes produzidos nacionalmente nos projetos de investimentos fazem a estatal pagar preços muito acima do mercado e ainda enfrentar atrasos em empreendimentos.

“Somos a favor de política de conteúdo local inteligente, mas não essa que está aí”, disse.
Entre as regras prejudiciais ao setor, ele citou a obrigatoriedade de índices de conteúdo global tanto para uma plataforma como para cada linha da plataforma.

“É uma coisa totalmente ilógica. Não existe política correta de conteúdo local se os percentuais são crescentes. Isso não permite emancipar a indústria brasileira”, criticou.

'Houve endeusamento do pré-sal'
O presidente da Petrobras destacou que a prioridade da empresa nos próximos anos é reduzir o nível de endividamento, de forma a garantir a sustentabilidade das operações e o equilíbrio financeiro, o que permitirá reconquistar o grau de investimento na classificação das agências de risco.

Segundo Parente, apesar do enxugamento que o plano de venda de ativos deverá provocar na empresa, o objetivo é garantir a continuidade dos investimentos em exploração e produção, de forma que a Petrobras possa estar até 2021 entre as 5 maiores empresas de petróleo e gás do mundo.

Embora os investimentos em produção em águas profundas permaneçam entre as prioridades da companhia, Parente destacou que a exploração fora do pré-sal não pode ser deixada em segundo plano.

“Houve um certo hipervalorização, endeusamento do pré-sal, quando na realidade nós temos em outras áreas da empresa campos excelentes, a própria bacia de campos. Então o nosso objetivo é gerir de forma integrada o portfólio de projetos, sempre fazendo avaliação de risco e retorno de cada um dos campos na decisão relacionada a mantê-lo ou não, ou de oferecê-lo em parcerias”, disse.

Fonte: g1-SP