ECONOMIA NACIONAL

Pela 1ª vez desde 2012, BC corta juros e Selic vai a 14% ao ano.

O Brasil segue como maior pagador de juros reais (descontada a inflação) do mundo.

Em 19/10/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Passados quatro anos, o Banco Central voltou a reduzir a Selic (os juros básicos da economia) nesta quarta-feira, 19. Em decisão unânime entre os diretores, a taxa caiu de 14,25% para 14% ao ano. Foi a primeira redução de juros do BC comandado pelo presidente Ilan Goldfajn, sendo que a instituição sinalizou que, em seus próximos encontros, pode promover cortes ainda maiores. Isso será possível se a inflação de serviços diminuir e se os ajustes fiscais do governo continuarem avançando.

Apesar do corte da Selic, o Brasil segue como maior pagador de juros reais (descontada a inflação) do mundo.

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ficou dentro do esperado pela maioria dos economistas do mercado financeiro. De um total de 70 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 36 esperavam corte de 0,25 ponto porcentual da Selic - o que se confirmou - e 32 aguardavam por uma diminuição de 0,50 ponto porcentual. Apenas uma instituição projetava corte de 0,75 ponto porcentual, enquanto outra esperava manutenção da taxa básica.

A ação do BC foi resultado de uma percepção mais favorável sobre o controle da inflação. No comunicado divulgado após a decisão, a instituição afirmou que em seu cenário de referência, que considera a Selic e o dólar estáveis, a projeção para a inflação em 2017 já está em 4,3% - portanto, abaixo da meta inflacionária de 4,5% perseguida pelo próprio BC e da projeção de 4,4% divulgada no fim de setembro. Para 2018, a expectativa é de uma inflação de 3,9%.

Além de reduzirem a Selic para 14,25% nesta quarta-feira, os diretores do BC sinalizaram que este foi apenas o início de um processo que pode, inclusive, ser acelerado. "A magnitude da flexibilização monetária (corte de juros) e uma possível intensificação do seu ritmo dependerão de evolução favorável de fatores", citou BC no comunicado.

Na prática, o nível de confiança na convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018 é que determinará se Ilan Goldfajn e os demais diretores poderão acelerar o ritmo de redução da Selic.

Para promover cortes maiores da taxa básica - talvez de 0,50 ponto porcentual, como já esperavam muitos economistas - o BC quer ver uma diminuição mais rápida da inflação no setor de serviços. Além disso, a instituição espera que os ajustes fiscais sigam avançando. "Os primeiros passos no processo de ajustes necessários na economia foram positivos, o que pode sinalizar aprovação e implementação mais céleres que o antecipado", destacou o BC.

Ao mesmo tempo, os preços dos alimentos, que eram citados como um empecilho para o BC reduzir juros em reuniões anteriores, deixaram de ser um problema, pelo menos por ora. De acordo com a instituição, "a inflação mais recente mostrou-se mais favorável que o esperado, em parte em decorrência da reversão da alta de preços de alimentos".

Desde outubro de 2012, quando atingiu a mínima histórica de 7,25%, o BC não promovia um corte na Selic. Isso porque a inflação, que chegou a superar os 10% no ano passado, exigiu nos últimos anos uma ação mais enérgica da instituição, que elevou a taxa básica até os 14,25% - patamar que vinha sendo mantido desde julho do ano passado. Agora, um novo ciclo começou.

Por Banco Central do Brasil