MEIO AMBIENTE
Pesquisa científica mapeia biodiversidade da fauna do Cerrado
Tem como objetivo inventariar a biodiversidade da fauna e flora locais.
Em 03/11/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Estudo conduzido em área de 32 mil hectares do Legado Verdes do Cerrado, em Niquelândia, coleta informações para manejo sustentável do território.
Localizado no município de Niquelândia, no norte de Goiás, o Legado Verdes do Cerrado, uma Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de propriedade da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), é um grande laboratório de pesquisas a céu aberto para estudantes e profissionais que desenvolvem projetos relacionados ao Cerrado. Dentre as pesquisas realizadas em parceria com universidades brasileiras, uma tem como objetivo inventariar a biodiversidade da fauna e flora locais, de forma a coletar informações que levem à conservação e uso sustentável dos recursos ambientais.
Conforme define a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas (ONU), diversidade biológica é a “variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, aquáticos e os complexos ecológicos que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas”.
“É de suma importância estudar a biodiversidade. O Cerrado, desde o Brasil colonial, vem sofrendo com intervenções antrópicas e é urgente a necessidade de catalogar a diversidade desse Bioma porque muitas de suas espécies por terem suas áreas de ocupações reduzidas, podem ser extintas localmente”, explica o Dr. Marcos José da Silva, coordenador do projeto “Biodiversidade, endemismo e conservação na Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável Legado Verdes do Cerrado” e professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A pesquisa científica envolve 69 pessoas, dentre alunos de graduação, mestrandos, doutorandos e professores de instituições como a Universidade Federal de Goiás (UFG), Pontifícia Universidade Católica de Goiás, (PUC-GO), Universidade Estadual de Goiás (UEG-GO), o Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí (IF Goiano), a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Botucatu (Unesp) e a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os participantes realizam visitas à área do Legado para observação e coletas de amostras de plantas, abelhas, moscas, algas, anfíbios e aves. Posteriormente, em laboratórios, os materiais são processados, identificados e armazenados, servindo de insumos para a produção de artigos científicos.
Plantas
Desde o início do estudo, em maio de 2019, até março deste ano, quando as visitas foram suspensas em razão da pandemia da Covid-19, os pesquisadores já coletaram 2 mil coleções de plantas de 750 espécies diferentes, dentre as quais duas são novas para a ciência e estão em fase de validação científica. Nas águas dos rios locais, também já foi identificada grande amostragem de algas, com média de 80 espécies catalogadas.
“Já exploramos aproximadamente 40% da área total. Coletamos um grande conjunto de dados em menos da metade da área, mas o resultado ainda não reflete a potencial biodiversidade local. Considerando o tamanho da área, de 32 mil hectares, ainda há muito a ser feito”, explica o professor Marcos. Segundo o pesquisador, um dos objetivos ao final do projeto é produzir um guia para a identificação da biodiversidade. “Vamos trazer uma descrição da área, de sua superfície, tipos de solo, relevo e fitofisionomias, além de apresentar imagens dos organismos que estudamos com descrições que permitam que qualquer pessoa possa reconhecê-los e entendam se são espécies raras, como lidar com cada uma delas. Dessa forma, o guia poderá auxiliar na conservação desses organismos”, completa. (Por Luísa Gomes - Oficina de Comunicação)