ECONOMIA NACIONAL

Petrobras sai no prejuízo em contrato com a Braskem, aponta relatório

Documento é de uma investigação interna da Petrobras.

Em 19/07/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Um relatório de investigação interna da Petrobras mostra que a estatal ficou no prejuízo em um contrato com a Braskem, que é uma empresa petroquímica do grupo Odebrecht em sociedade com a Petrobras. O Jornal Nacional teve acesso a este documento.

Segundo dois delatores da Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, a Braskem pagou propina para ser beneficiada no contrato com a Petrobras.

Em 2009, a Braskem assinou um contrato com a Petrobras para comprar nafta. Porém, o negócio virou alvo de investigação em março deste ano. Nafta é um produto essencial para fazer plástico, e é a Petrobras que vende nafta no Brasil.

Uma comissão interna da Petrobras foi criada para estudar o contrato e concluiu que a estatal foi prejudicada porque a Braskem acabou pagando um valor abaixo do preço de mercado. O relatório da comissão diz que o contrato foi encaminhado para a aprovação da Diretoria Executiva da Petrobras por orientação de Paulo Roberto Costa, sem qualquer estudo que comprovasse a sua viabilidade econômica para a Petrobras.

Costa era diretor de Abastecimento na época, área responsável pela venda de nafta. O documento aponta ainda que houve pelo menos negligência de Paulo Roberto Costa e que isso levou ao favorecimento da Braskem, mas que não foi possível calcular o tamanho do prejuízo causado à Petrobras.

Atualmente, Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Ele já foi condenado em ação penal originada na Operação Lava Jato.

Em depoimento à Polícia Federal, nesta semana, em Curitiba, Costa confirmou que participou de reuniões com Alexandrino Alencar, então diretor da Odebtecht, grupo do qual faz parte a Braskem, e com o deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010. Alencar está preso na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, desde junho. Ele foi detido na 14ª fase da Operação Lava Jato.

Segundo o delator, nessa época a Braskem já pagava por ano, um valor em torno de cinco milhões de dólares ao PP, sendo parte repassada a ele, Paulo Roberto Costa. Estes pagamentos se mantiveram até o ano passado, quando Costa foi preso.

O doleiro Alberto Youssef é outro delator da Lava Jato que já falou sobre o esquema. De acordo com ele, as negociações entre a Petrobras e a Braskem eram discutidas em quartos de hotel em São Paulo. Ainda conforme o doleiro, nessas reuniões também eram acertadas as propinas a serem pagas a Costa e ao PP.

Youssef foi preso quando a Operação Lava Jato foi deflagrada, em março do ano passado. Desde então, ele está detido na carceragem da PF, na capital paranaense. Além de ser réu em diversas ações, ele já foi condenado em processos referentes à Lava Jato.

O doleiro disse ainda que também participou de encontros com os envolvidos nesse esquema e que depois havia uma segunda reunião entre Costa e o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich para confirmar os termos do acordo ilegal.

Outro lado
Grubisich negou veemente o que ele classificou como ilações infundadas dos delatores da Lava Jato. Ele também reforçou que, na sua gestão, não houve nenhum alteração nos contratos de nafta que já existiam.

Em nota, a Braskem informou que os preços praticados nunca favoreceram a empresa e que, pelo contrário, sempre estiveram atrelados às referências internacionais mais caras do mundo com efeito negativo para a Braskem e para a competividade de toda a indústria petroquímica brasileira, como confirmam os dados do setor.

João Mestieri, responsável pela defesa de Costa, disse que confirma que o seu cliente disse em colaboração premiada sobre o pagamento de proprina à Braskem. Em relação ao relatório da Petrobras, o advogado disse que nenhuma decisão é exclusiva de apenas um diretor da empresa que, na verdade, tudo acontece em conjunto com outras áreas da companhia. O advogado disse que diretores e gerentes da Petrobras são pessoas altamente capacitadas e que sempre há estudos criteriosos para fundamentar as decisões.

A defesa de Alencar preferiu não se manifestar porque, segundo a advogada, não houve tempo para ela se inteirar das acusações.

A assessoria do PP afirmou que está à disposição para colaborar com a investigação e confia na Justiça para que a verdade prevaleça.

Já a assessoria de imprensa da Odebrecht disse que a empresa citada, a Braskem, já se manifestou sobre o assunto.

Fonte:G1