POLICIA

Polícia prende quase 30 membros de torcidas e encontra R$ 62 mil e armas.

Ação prendeu corintianos e palmeirenses acusados de briga que matou um.

Em 15/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Polícia Civil de São Paulo prendeu 26 pessoas e apreendeu mais de R$ 62 mil em dinheiro, além de armas, durante a “Operação Cartão Vermelho”, deflagrada nesta sexta-feira (15) em oito cidades para combater torcedores corintianos e palmeirenses envolvidos em brigas e agressões no estado. Os detidos são membros de torcidas organizadas acusados de participar de confrontos entre os rivais, no dia 3 de abril, que deixou um pedestre baleado e morto na capital.

“A gota d´água para nós foi o homicídio que ocorreu dia 3 abril na Zona Leste. Hoje estamos vivendo caos social muito profundo no qual pessoas não se toleram e não se respeitam. Em razão disso foi desencadeado todo esse trabalho”, declarou a delegada Elisabete Sato, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), durante coletiva na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), na capital.

Além do DHPP, outros órgãos da SSP, como Bombeiros, por exemplo, participaram da operação, que teve o acompanhamento do Ministério Público (MP) e a Secretaria da Fazenda.

O promotor Paulo Castilho, da Promotoria Especial Criminal (Jecrim), informou que já ofereceu denúncia à Justiça contra os torcedores presos. "Alguns vão responder por associação criminosa, lesão corporal e dano ao patrimônio", disse. "Outros por lesão corporal, dano ao Metrô e porte de explosivo".

A Justiça expediu 37 mandados de prisão e 32 mandados de busca e apreensão para serem cumpridos por mais de 200 policias em cem viaturas na capital, Ribeirão Pires, Taboão da Serra, Osasco, Santos, Praia Grande e Indaiatuba, todas no estado de São Paulo, e Uberaba, em Minas Gerais.

Gaviões da Fiel e Pavilhão Nove, ambas organizadas do Corinthians, e Mancha Alviverde, do Palmeiras, foram os principais alvos da operação. As duas sedes das torcidas corintianas na capital não possuem Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), segundo declarou o secretário da SSP, Alexandre de Moraes.

"O Corpo de Bombeiros constatou que elas não possuem o AVCB. Por esse motivo, a prefeitura deverá lacrar essas sedes", disse Moraes. "As duas sedes da Mancha, tanto na capital quanto no litoral, tem o AVCB".

Outra organizada que teve a presença da polícia foi uma ligada ao São Paulo, por suspeita de que os membros poderiam estar combinando brigas pelas redes sociais.

O G1 não conseguiu localizar os responsáveis pela Gaviões, Pavilhão e Mancha para comentarem o assunto. A equipe de reportagem também não encontrou os advogados dos torcedores detidos ou a assessoria da prefeitura para tratar do caso.

Antes da operação, a Gaviões havia marcado protesto para esta tarde no Vale do Anhangabaú, para protestar contra a decisão da Federação Paulista de Futebol (FPF) de realizar jogos com uma única torcida nos clássicos. Outras pautas são reduzir a violência e pedira a prisão dos envolvidos na máfia da merenda no estado.

Até o início desta tarde, dezoito corintianos da Gaviões haviam sido presos preventivamente; um da Pavilhão e seis da Mancha foram detidos temporariamente. Além disso, ocorreu uma prisão em flagrante, provavelmente de um dirigente da torcida palmeirense. A prisão preventiva determina que o acusado fique detido até um eventual julgamento. A temporária pode deter uma pessoa por um tempo determinado, por exemplo, cinco dias ou mais.

Entre os detidos, há torcedores do Corinthians suspeitos de agredir uma família de palmeirenses na esquina da Avenida Doutor Arnaldo com a Rua Cardeal Arcoverde, perto do estádio do Pacamebu.

De acordo com a TV Globo, outro preso é o corintiano Helder Alves Martins, suspeito de participação na morte do boliviano Kevin Spada, em 2013. Na época, o corintiano tinha 17 anos. Os detidos na Grande São Paulo foram levados para o DHPP, no centro da capital paulista. A polícia não informou se Helder constituiu advogado para defendê-lo.

"Não é possível torcedor que se envolveu em crime na Bolívia e em Brasília e, depois, sai de um carro e se envolve em agressão em São Paulo", disse o secretário da SSP, Alexandre de Moraes, sobre Helder. "Ou as organizadas escolhem o lado da lei e da ordem e nos auxiliam  a expulsar os torcedores criminosos e prendê-los com provas, ou elas vão optar por estar ao lado dos criminosos e vão acabar".

A polícia também encontrou "caixões" com os nomes de Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo; Andres Sanchez, ex-presidente do Corinthians; a Federação Paulista de Futebol e a Rede Globo.

A operação ainda apreendeu R$ 62 mil em dinheiro num cofre e uma bolsa com facas na sede da Gaviões. Os policiais apreenderam também celulares de palmeirenses com mensagens de celular via WhatsApp em que admitem ter participado de confronto antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians, no último dia 3, no estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, pelo Campeonato Paulista.

Naquela ocasião, os times jogaram e o Palmeiras venceu o Corinthians por 1 a 0. As duas equipes entraram no estádio unidas e de mãos dadas em protesto contra a violência.

No total, ocorreram quatro brigas entre corintianos e palmeirenses naquele dia, sendo três na capital e uma em Guarulhos.

Dois torcedores da Mancha foram presos no litoral de São Paulo. Eles são acusados de participar do confronto que deixou um pedestre morto em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo.

Na sede da Mancha na capital, um torcedor foi preso acusado de participar de atos de vandalismo na Estação Brás do Metrô, antes do clássico do dia 3. Segundo a TV Globo, a polícia prendeu Cristian Araújo Benedito estava na confusão. Durante essa operação, o presidente da torcida, Nando Nigro, também foi preso. Segundo a polícia, ele tentou atrapalhar a ação policial.

Na sede da Gaviões da Fiel, os policiais apreenderam ainda documentos e computadores. A Secretaria da Fazenda está auxiliando a operação com equipes de fiscalização contábil nas sedes das torcidas para saber a origem do dinheiro, se é lícita ou ilícita.

Quando ocorreram os quatro confrontos entre torcedores rivais no dia 3, mais de 60 pessoas chegaram a ser detidas pela polícia, mas foram liberadas à época após prestarem depoimento, e também foram apreendidos pedaços de paus e ferro. Parte daqueles detidos voltou a ser presa nesta sexta, no entanto.

Antes da coletiva desta sexta, o secretário da SSP chegou a afirmar que 43 torcedores envolvidos na confusão entre as torcidas foram identificados. Segundo Moraes, os torcedores seriam encaminhados para a FPF para que fossem banidos dos estádios.

1ª briga: perto da CPTM
Segundo a SSP, a vítima morta no dia 3 de abril chama-se José Sinval Batista de Carvalho, tinha 53 anos, e havia nascido na cidade de Paripiranga, na Bahia. O crime ocorreu quando cerca de 50 torcedores do Corinthians e do Palmeiras se encontraram em frente à estação São Miguel Paulista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra.

Durante a confusão, houve um disparo de arma de fogo, que atingiu Carvalho no coração. A vítima não resistiu aos ferimentos. Segundo a polícia, o homem passava pela região e não fazia parte de nenhuma torcida.

Três suspeitos chegaram a ser detidos, mas depois foram liberados naquela oportunidade. O DHPP informou que ainda não identificou o suspeito de ter atirado em Carvalho.

2ª briga: perto do Pacaembu
Ainda no dia 3 de abril, a polícia também havia prendido 32 suspeitos da confusão entre torcedores da Mancha e da Gaviões perto do Pacaembu, na Zona Oeste de São Paulo. Os detidos tinham sido liberados após assinatura de termo circunstanciado. Naquele dia, três torcedores do Palmeiras foram espancados após o jogo.

A briga aconteceu na Avenida Doutor Arnaldo, perto da Rua Cardeal Arcoverde. De acordo com a PM, torcedores do Palmeiras caminhavam pela via quando foram abordados pelo grupo corintiano, que estava em um caminhão com instrumentos musicais e bandeiras da organizada.

Três feridos foram levados ao pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Duas vítimas foram liberadas e outra seguia internada. De acordo com a PM, ela estava em estado grave.

3ª briga: em Guarulhos
Antes do jogo do dia 3 de abril, a Guarda Civil de Guarulhos, na Grande São Paulo, chegou a prender 25 torcedores do Corinthians e do Palmeiras durante uma briga. Com os suspeitos foram apreendidos fogos de artifício e barras de ferro.

A confusão ocorreu na Rua Doutor Washington Luís, no bairro Jardim Santa Francisca. Torcedores também usavam fogos de artifício como arma. Os suspeitos foram levados ao 1º Distrito Policial (DP) de Guarulhos. Dois deles tiveram de ser encaminhados para um hospital da região por causa de ferimentos. Eles estavam conscientes e foram internados por precaução. Todos foram liberados

4ª briga: Estação Brás do Metrô
Torcedores da Mancha e da Gaviões também se encontraram na estação Brás do Metrô e entraram em confronto no dia 3 de abril.

Entre as estações de trem e do Metrô, os torcedores soltaram rojões. A Polícia Militar (PM) foi acionada para dar apoio aos funcionários do Metrô e da CPTM. Policiais militares entraram na estação Brás para interromper o tumulto. Os torcedores fugiram.

O Metrô informou em nota, no dia 7 de abril, que o prejuízo com a briga entre torcedores do Palmeiras e Corinthians na estação Brás é de R$ 19 mil. Foram destruídos vidros, janelas e bancos de um trem, além dos estragos em material de reposição e de limpeza da estação.

O Metrô informou que deve acionar a Justiça após a identificação dos responsáveis.

Esse foi o primeiro encontro entre as torcidas após o presidente da Gaviões, Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca, conhecido como Diguinho, e o primeiro-secretário, Cristiano de Morais Souza, o Cris, serem agredidos pelas costas com barras de ferro no dia 2 de abril por pelo menos três pessoas. No dia 1º de abril, um suspeito foi preso. O detido é integrante da Mancha.

Fonte: G1