EDUCAÇÃO

Porão vira ateliê para atender alunos com altas habilidades em Vitoria.

O aluno é atendido uma vez por semana, no contraturno escolar.

Em 09/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Imagine um cômodo sem vida dentro de uma escola que, no máximo, serviria como um depósito de materiais inservíveis. Assim seria o porão da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Álvaro de Castro Mattos, em Jardim da Penha. Mas a equipe da unidade tinha outros planos para o local. No lugar de um depósito frio e cinza, uma sala climatizada, colorida e decorada especialmente para receber alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) e talentos fora do habitual.

Assim nasceu o Ateliê Escola Porão a Sonhar, que atualmente atende 53 alunos de 6 a 14 anos de escolas de Vitória, sendo 38 estudantes da Emef Álvaro de Castro Mattos. O diretor da unidade, Paulo Rodrigues, contou que, em 2014, quando a escola ainda funcionava em um prédio alugado – por conta da reforma da atual unidade –, foi criada uma sala de recursos de AH/SD. Modesta, à época.

Mas foi em 2015, quando a unidade de ensino retornou ao prédio reformado, que o que deveria ser um problema se transformou em uma grande ideia. "Nós não contávamos com um espaço para funcionamento da sala, considerando que não foi previsto no projeto de reforma e ampliação da escola. Então, surgiu por parte dos professores Israel Scardua e Carly Cruz a ideia de transformar o porão num espaço para o funcionamento da sala", conta Rodrigues.

E o diretor, com o apoio da comunidade, começou a modificar o local, que ganhou iluminação especial, decoração, ar-condicionado, janelas, computadores e impressora, além de todos os materiais especializados solicitados pelos professores, que batizaram o antigo porão de Ateliê Escola Porão a Sonhar. Lá, os talentos nas áreas de linguagem, ciências, artes, pesquisa, teatro, jogos, desafios matemáticos, entre outras habilidades, sobressaem.

Celeiro de pequenos gênios

Igor Pinheiro dos Santos Miranda, estudante da escola, é um dos pequenos frequentadores do Porão. Com apenas 7 anos, o menino já leu mais de 100 livros. Sua habilidade foi percebida pela família quando Igor ainda tinha 2 anos de idade.

Jarley Djuller Alves, de 10 anos, é outro aluno com talento especial. Ele desenha retratos com uma habilidade fora do comum. Usando a técnica do desenho por observação, ele usa um modelo real para desenvolver a sua percepção visual. Já sua amiga Raphaella Andrião Santos vem de outro bairro, na Grande São Pedro, para desenvolver sua habilidade: a pintura.

Como funciona

O diretor Paulo explica que os alunos com essas habilidades são identificados pelos professores em sala de aula no dia a dia. Quando um aluno com altas habilidades ou superdotação é percebido, o educador faz, junto à equipe pedagógica , um relatório de identificação, apontando as características dos alunos em áreas de conhecimento em que se destacam, no envolvimento com a tarefa, na curiosidade, autonomia, bem como características pessoais e emotivas.

O aluno é atendido uma vez por semana, no contraturno escolar, por cerca de 2h30, desenvolvendo os projetos que escrevem com o auxílio do professor especializado. Além do professor Israel, que faz atendimento nos turnos matutino e vespertino, trabalham no Porão as professoras Andressa Paraíso e Verônica Devens, respectivamente, nos turnos vespertino e matutino.

A escola ainda conta com mais duas salas de atendimento especializado. Uma especialmente para estudantes com deficiência visual e uma outra especializada para atendimento de crianças com deficiência intelectual.
Atualmente, toda a rede municipal de Educação de Vitória atende 118 alunos com AH/SD em seis escolas.