CIDADE
Prefeitura vai multar bloco onde três foram baleados, em Vitória.
Bloco Fora de Hora não tinha autorização para ocorrer, em Santo Antônio.
Em 16/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Os organizadores do bloco Fora de Hora, que desfilou em Santo Antônio, Vitória, e onde três pessoas foram baleadas, no sábado (13), serão multados em R$ 20 mil por descumprir a legislação municipal e sair às ruas sem autorização.
A informação é da Prefeitura Municipal de Vitória, que também anunciou um decreto para o próximo ano que obrigará os organizadores de blocos de rua a apresentarem uma aprovação da associação de moradores para pleitearem autorização junto ao município.
De acordo com o secretário municipal de Turismo, Trabalho e Renda, Leonardo Krohling, a prefeitura não autorizou o desfile dentro do bairro por causa do histórico de violência, envolvendo disparos de arma de fogo e invasão de comércio, sugerindo que o bloco desfilasse no Sambão do Povo. Mas os organizadores decidiram desrespeitar a legislação.A multa será lavrada nesta terça-feira (16), de acordo com Krohling. “Nós temos um abaixo assinado dos moradores com mais de cinco mil assinaturas pedindo a proibição do desfile”, acrescenta.
A Guarda Municipal não foi enviada para o bairro, segundo ele, porque outros dois blocos já desfilavam na capital.
Violência
A confusão e violência não se limitaram a Santo Antônio. No bloco Apaixonados pelo Triângulo, na Praia do Canto, um instalador de ar condicionado, de 26 anos, foi atingido por um tiro nas costas, depois de uma briga no meio do desfile. No local, diversos disparos de armas de fogo foram ouvidos pelos comerciantes e pela população.
Para o secretário, o modelo que os organizadores querem continuar mantendo é falido porque não tem hora para começar ou acabar. Na Praia do Canto o bloco estava liberado das 16 às 19 horas. No entanto, a folia se arrastou até de madrugada, segundo os moradores.
“A gente acabou de ver mais um carnaval no Sambão e no Centro de Capital sem nenhuma ocorrência policial. Nossa ideia é abrir uma discussão com a sociedade para encontrar um ponto de equilíbrio, que atenda a todo mundo. Precisamos nos organizar melhor”, explica.
No próximo ano, será publicado um decreto municipal que exigirá, dos organizadores de blocos carnavalescos, um documento com aprovação da associação de moradores. Até o fechamento da reportagem, os organizadores dos blocos não atenderam as ligações.Policiais foram até agredidos por foliões
Além de garantir que realizou policiamento nos blocos em Santo Antônio e na Praia do Canto, onde quatro foram baleados, a Polícia Militar informou, em nota, que os policiais foram agredidos pelos foliões e uma equipe do Samu foi agredida com garrafas e pedras, no bloco Apaixonados pelo Triângulo.
Sobre os crimes no bloco “Fora de Hora”, em Santo Antônio, o 1º Batalhão esclarece que o evento era irregular e como não havia previsão para que o evento acontecesse, nenhum esquema especial foi montado. Disse que nesse tipo de situação, os organizadores assumem o risco de realizar um evento sem aparato necessário, respondendo administrativamente e criminalmente pelas consequências.
Moradores e vereador querem barrar bloco dentro de bairro
Depois do baleado na Praia do Canto, em Vitória, os moradores já bateram o martelo: no ano que vem, não querem mais o bloco Apaixonados pelo Triângulo no bairro. E se depender de um projeto de lei tramitando na Câmara Municipal, o bloco deverá ser transferido.
De acordo com a presidente da associação de moradores, Rita Almeida de Carvalho Britto, a folia tem causado transtornos todos os anos e os organizadores não têm respeitado a área definida, pela comunidade junto à prefeitura, para desfile do bloco: a Rua de Lazer.
“Como não há policiamento e nem estrutura suficiente, a comunidade não quer mais o bloco no bairro. Além disso, a prefeitura não tem comunicado a autorização desses desfiles. Tudo isso tem causado muito transtorno”, reclama.
Diante dessas reclamações, o vereador de Vitória Zezito Maio (PMDB) publicou o projeto de lei 28/2016, que exige a proibição da concentração e desfile de blocos carnavalescos dentro dos bairros da capital. O projeto define que esses eventos sejam transferidos para vias de grande circulação.
Dentro dos bairros só seriam permitidos blocos com instrumentos de sopro e sem venda de bebida alcóolica no meio da folia e nem no entorno.
Vítima diz que não se envolveu em briga
Recuperando-se de uma cirurgia no intestino, o instalador de ar condicionado, de 26 anos, atingido na Praia do Canto quer o fim do bloco.
"Eu estava dançando com amigos no meio do bloco quando começou a confusão. Ouvi um tiro e de repente vi que havia sido atingido. Foi bala perdida. Tinha muita confusão, levei um tiro na lombar que acabou perfurando meu intestino.
Ele disse que não se envolveu em nenhuma briga durante o bloco. "Nem sei de onde veio o tiro. Inclusive já havíamos ouvido disparos no meio do bloco, mas a polícia não fez nada. Depois dessa experiência, nunca mais vou frequentar um bloco", contou.
A vítima acredita que faltou segurança no bloco. "Não existe segurança. A polícia não estava nem aí para o que acontecia. O Samu demorou quase uma hora para chegar ao local. Tem que acabar com os blocos", finalizou.
Fonte: G1-ES