Prefeituras da Grande Vitória dão primeiro passo para aquaviário.

Para os mais velhos, a nostalgia de reviver um antigo sistema de transporte da Grande Vitória; para os mais jovens, uma nova forma de enxergar Vitória e Vila Velha através do mar. Até agosto deste ano, as prefeituras dos municípios pretendem implantar um sistema turístico de balsas, que em poucos minutos fará a travessia dos passageiros de um lado para o outro. Segundo os gestores das cidades, trata-se do primeiro passo rumo à reimplantação do aquaviário, que funcionou entre as décadas de 1970 e 2000.

Conforme explica o secretário de Desenvolvimento Urbano de Vila Velha, Antônio Marcus Machado, todo o serviço será articulado por empresas particulares. Com as prefeituras ficará apenas a responsabilidade de construir estruturas flutuantes de embarque e desembarque na região da Prainha, em Vila Velha, e na Praça do Papa, em Vitória, por onde se dará o trajeto.

“Por se tratar de um tipo de transporte turístico e lazer, a ideia é que ele funcione de sexta-feira a domingo, mas pode ser que estendamos para a manhã durante a semana”, explica Machado.

As duas cidades preparam um decreto para autorizar o sistema de balsas. A partir de sua publicação, um prazo de 45 dias será dado para que empresas manifestem interesse pelo negócio. Até o momento, as conversas estão adiantadas com a empresa Ecobalsas Vitória, que propõe valor das viagens equivalente ao do Transcol: R$ 3,20.

ESTÍMULO

Para o secretário de Gestão Estratégica de Vitória, Fabrício Gandini, o projeto piloto poderá estimular a criação de um novo aquaviário, desta vez, através do estabelecimento de parcerias entre o Estado e empresas privadas. “Vitória, por ser a Capital, acaba sendo a indutora dessas ações. Somos uma das poucas cidades que têm território com mar e pouco utilizamos o transporte hidroviário. Com certeza será um avanço para as cidades e um atrativo turístico”, pontua.

Já Antônio Marcus Machado afirma que, caso dê certo, o projeto poderá ser expandido para outras cidades. “As principais cidades do mundo tem isso. Agora estamos proporcionando a chance para os investidores assumirem o risco”, disse.

Estado: diálogo aberto, mas projeto não é prioridade

Enquanto os municípios manifestam empolgação diante da possibilidade de reativar o aquaviário, o governo do Estado segue firme no sentido oposto. Em nota, a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop) voltou a afirmar que o projeto não está em sua lista de prioridades em razão da crise econômica e dos ajustes fiscais feitos para manter o equilíbrio das contas públicas.

Por outro lado, a pasta garante que está aberta a dialogar com as cidades e reforça que novos estudos e pesquisas ainda precisam ser feitos visando a elaboração de um novo projeto de aquaviário, “compatível com o atual cenário e integrado ao transporte público, e que não dependa de subsídios para funcionar”.

A criação de um sistema a partir de investimentos privados é justamente o que defendem o secretário de Desenvolvimento Urbano de Vila Velha, Antônio Marcus Machado, e o secretário de Gestão Estratégica de Vitória, Fabrício Gandini, a fim de não gerar mais custos para o Estado. “A parceria com o setor privado é fundamental para o surgimento de novos meios de transporte”, analisa Gandini.

SAIBA MAIS 

Ecobalsas Vitória

A empresa

A empresa Ecobalsas Vitória - que já manifestou interesse em realizar a travessia turística por meio de balsas entre Vitória e Vila Velha - atua no mesmo ramo no Rio de Janeiro há 13 anos. Por mês, cerca de 90 mil pessoas são transportadas.

Valor

A proposta da empresa é que o serviço custe o mesmo preço da passagem do Transcol (R$ 3,20).

Da Prainha à Praça do Papa

O trajeto entre a Prainha de Vila Velha até a Praça do Papa, em Vitória, é feito em seis minutos. A ideia é que a cada 10 minutos, uma embarcação esteja aportando e desembarcando nos dois lados.

Modelo da balsa

Catamarã

Duas balsas serão disponibilizadas para o transporte entre Vitória e Vila Velha. O modelo utilizado é o catamarã, com dois cascos.

Transporte de bicicletas

Além de transportar 140 passageiros, a balsa tem capacidade para carregar 40 bicicletas.

Sustentabilidade

Entre os dois cascos da balsa, uma rede é fixada. Com capacidade de atingir 40 cm de profundidade abaixo da lâmina d’água, ela recolhe lixo ao longo do trajeto.

Segurança

Além de coletes salva-vidas, os funcionários são treinados para primeiros socorros. A balsa possui rede protetora infantil.