POLÍTICA INTERNACIONAL
Premiê japonês visita Pearl Harbor 75 anos após ataque aos EUA.
Ele não se desculpou, mas foi primeiro dirigente do país a visitar memorial.
Em 28/12/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, homenagearam nesta terça-feira (27), no memorial "USS Arizona", as vítimas do ataque a Pearl Harbor, cometido há 75 anos.
Em seu discurso, Abe, conforme esperado, não pediu desculpas em nome do Japão, mas ofereceu condolências e falou sobre os soldados mortos no ataque. "Cada um deles tinha pai e mãe, muitos tinham esposas e namoradas. Muitos tinham filhos que adorariam terem visto crescer. Tudo isso foi encerrado. Quando contemplo isso, fico completamente sem palavras", disse.
Em sua visita a Hiroshima este ano, Obama também lamentou, mas não pediu desculpas pelo ataque americano que lançou uma bomba atômica sobre a cidade japonesa.
Abe disse ainda que depositou flores nas águas em nome dos japoneses. E se dirigiu a Obama, às pessoas nos EUA e no resto do mundo, dizendo oferecer suas "mais profundas condolências pelas pessoas que morreram aqui e por todas as pessoas inocentes que se tornaram vítimas da guerra" e afirmando que "não devemos nunca mais repetir os horrores da guerra".
O primeiro-ministro japonês lembrou ainda o papel dos EUA em reabilitar seu país na diplomacia internacional após o fim da guerra e disse que as duas nações se uniram pelo "poder da reconciliação". Ele afirmou também que a união de ambos os países é uma "aliança de esperança" para o futuro.
Obama disse que a visita de Abe é um lembrete de que as feridas de uma guerra podem dar espaço a uma amizade e chamou o local da homenagem de "sagrado" para os americanos, citando nominalmente alguns dos soldados que executaram atos de heroísmo durante o ataque, salvando a vida de colegas.
"Aqui em Pearl Harbor, a primeira batalha dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial despertou uma nação. Aqui, de muitas maneiras, a América amadureceu", afirmou.
Obama acrescentou que os dois países "escolheram a amizade e a paz" e lembrou que os ex-inimigos se tornaram dois dos mais importantes aliados do mundo. "A aliança dos EUA com o Japão permanece como um pilar da paz na Ásia e no Pacífico e uma força de progresso ao redor do mundo e nunca esteve tão forte".
"Os frutos da paz sempre superam o saque da guerra. Esta é a verdade duradoura deste porto sagrado", acrescentou.
Ao dar as boas-vindas a Abe, Obama disse que, juntos, espera que eles deem ao mundo a lição de que há muito mais a se ganhar com a paz do que em guerra. "Não podemos escolher a história que herdamos. Mas podemos escolher as lições que tiramos dela", concluiu.
Durante seu discurso, o presidente dos EUA homenageou ainda veteranos da II Guerra que estavam no local, inclusive sobreviventes do ataque a Pearl Harbor. Ele pediu que todos se levantassem e os saudassem. "Uma nação grata os agradece", disse.
Homenagens
Sete meses depois de visitarem juntos o lugar histórico de Hiroshima atingido pela bomba atômica americana, Obama e Abe depositaram várias coroas de flores no espaço construído sobre os restos do encouraçado destruído pela Força Aérea japonesa em 7 de dezembro de 1941.
O ataque da aviação japonesa, preparado durante meses em segredo, provocou mais de 2.400 mortes e colocou os Estados Unidos definitivamente na Segunda Guerra Mundial.
É a primeira vez que um dirigente japonês visita o memorial, construído no início de 1960 e que atrai mais de dois milhões de turistas por ano.
Acessível apenas de barco, o prédio branco do memorial foi erguido sobre os destroços do "USS Arizona".
No extremo da estrutura aberta ao mar, há uma imensa parede sobre a qual estão gravados os nomes dos 1.177 americanos que perderam a vida a bordo do "USS Arizona".
Fonte: g1