POLÍTICA INTERNACIONAL

Presidente da Coreia do Sul pressionou a Samsung, diz herdeiro à Promotoria.

Eu peço desculpas ao povo sul-coreano por não mostrar um lado melhor', afirmou Lee Jae-yong.

Em 13/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A presidente afastada da Coreia do Sul, Park Geun-hye, pressionou a Samsung para que a empresa doasse dinheiro a fundações envolvidas em um escândalo de corrupção, afirmou o herdeiro e vice-presidente do conglomerado, Lee Jae-yong, a um grupo de promotores em depoimento.

A informação foi divulgada pela Promotoria sul-coreana nesta sexta-feira (13). Ontem, Lee foi interrogado por 22 horas por suspeita de crime de suborno no caso que levou ao afastamento da presidente sul-coreana.

O executivo tem 48 anos e é filho do presidente da Samsung, Lee Kun-hee e neto do fundador da empresa. Ele vinha assumindo o controle do conglomerado desde que o pai sofreu em maio de 2014 um infarto que ainda o mantém hospitalizado e sem falar.

"Levando em conta outros precedentes, inclusive que o suborno tenha ocorrido sob pressão, o doador seria punido", afirmou um porta-voz da Promotoria sul-coreana à agência de notícias "Yonhap", acrescentando que a suposta pressão exercida por Park Geun-hye poderia constituir "um fator atenuante". Durante o interrogatório, Lee negou a maioria das acusações contra a Samsung, segundo o porta-voz.

A declaração não corresponde ao que Lee Jae-yong havia dito no mês passado no Parlamento sul-coreano, onde negou a existência de pressão por parte de Park para fazer doações a entidades ligadas a Choi Soon-sil, amiga da presidente e pivô do escândalo de corrupção do governo.

Choi é acusada de extorquir os principais grupos empresariais do país através de fundações, com a cumplicidade de Park, e ter se apropriando de parte do dinheiro. Ela está presa, assim como sua filha, Chung Yoo-ra, detida na Dinamarca no começo do ano.

Os investigadores acreditam o grupo Samsung assinou um contrato no valor de 22 bilhões de wons (cerca de US$ 18,3 milhões, ou R$ 58 milhões) com uma empresa com sede na Alemanha, propriedade de Choi, e apoiou financeiramente Chung Yoo-ra, que se dedica ao hipismo, para que treinasse no país e comprasse novos cavalos. A gigante sul-coreana também doou 20,4 bilhões de wons (US$ 16,3 milhões, ou R$ 52 milhões) para duas fundações operadas por Choi, mas diz que o dinheiro seria destinado a promover a cultura local no exterior e o esporte.

Impeachment da presidente

Procuradores investigam se os pagamentos da Samsung à empresa e às fundações têm relação com uma decisão de 2015 do fundo de pensão nacional de apoiar a controversa fusão entre duas unidades do grupo empresarial (Samsung C&T e Cheil Industries). O presidente do fundo de pensão estatal foi detido em dezembro.

A suspeita é que o gabinete presidencial pressionou o fundo público a apoiar a fusão em troca de favores da Samsung a Choi.

Park Geun-hye pode se tornar a primeira líder democraticamente eleita da Coreia do Sul a ser forçada a deixar o cargo antes do término do mandato, após o Parlamento aprovar em dezembro seu impeachment devido ao escândalo de corrupção, que levou milhares de pessoas às ruas pedindo sua renúncia. O afastamento agora será julgado pela Corte Constitucional do país.

Por Agencia EFE