MOTOR
Primeiras impressões do Chery Celer Hatch nacional.
Modelo feito em SP mostra evolução dos chineses no Brasil.
Em 21/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Agora nacional, o Chery Celer pode, pelo menos, colocar aquela “pulga” atrás da orelha de quem nunca cogitou ter um carro chinês. Com produção em Jacareí (SP), o hatch tem muitos acertos e se aproxima do patamar dos rivais mais vendidos no segmento.
A evolução, no entanto, obrigou o modelo a deixar para trás a característica mais marcante dos chineses até então: o "baratinho".
Com preço sugerido a partir de R$ 38.990 (uma promoção baixou para R$ 34.990 até o fim de agosto), o hatch da Chery está na mesma faixa de valores iniciais de Ford Ka (R$ 39.390), Chevrolet Onix (R$ 37.790), Fiat Novo Palio (R$ 39.990) ou Hyundai HB20 (R$ 38.595).
A grande diferença é que o Celer vem com motor 1.5, de 113 cv (abastecido com etanol), enquanto os demais são 1.0. Ou seja, ele deixou de ser um carro “barato”, mas ainda é menos caro que os competidores com motorização similar – o Ka 1.5 parte de R$ 43.090, o Onix 1.4, de R$ 45.150, e o Palio 1.4, de R$ 43.360. Mesmo o rival chinês JAC J3S parte de R$ 41.990 com motor 1.5.
Se só um motor mais potente ainda não convencer o consumidor, a pelo menos visitar a concessionária da marca, a lista de equipamentos pode dar o empurrão final. Além dos já “básicos” ar-condicionado, airbag duplo, freios com ABS, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, o Celer é equipado com faróis com ajuste elétrico, sensor de estacionamento traseiro e vidros elétricos também nas portas traseiras.
E, por uma diferença de R$ 2 mil, é possível comprar o “topo de linha” Act, que acrescenta faróis de neblina, alarme antifurto na chave, sistema de entretenimento e áudio, e rodas de liga-leve. Foi esta versão que o G1 testou por uma semana, em trajetos urbanos.
Tá, mas é bom?
Da forma mais direta possível, é, sim. Claro que ainda pode melhorar, principalmente no acerto da suspensão e na montagem das portas, mas a experiência de conduzir o Celer na cidade não deve muito aos rivais.
Ele até acrescenta um pouco de emoção, com arrancadas mais vigorosas do que um 1.0 na mesma faixa de preço, graças aos 15,5 kgfm de torque, e maior também que os 14,9 kgfm do Ka 1.5 e que os 13,9 kgfm do Onix 1.4.
Sem inovar, nem fazer feio, o design é bastante similar aos concorrentes, só que com volume maior. Isto ocorre porque o Celer é quase um “grandalhão” no segmento, com seus 4,18 metros de comprimento, 2,57 metros de entre-eixos e 380 litros de porta-malas, o que o torna o mais capaz para levar 5 passageiros.
Em outro quesito que desapontava nos chineses, o acabamento, o primeiro carro nacional da Chery melhorou e já está em linha com o segmento. O plástico predomina, mas não tem rebarbas e espaços muito grandes entre as peças, nem cheiro forte como os carros novos da JAC.
Os defeitos
O Celer nacional é um bom carro, mas tem defeitos como os outros. Na parte mecânica, o câmbio com bom curso faz um barulho constrangedor, que incomoda mais do que o som do motor 1.5 sob o capô.
Outra fonte de barulho é a suspensão, principalmente quando as rodas passam por buracos e lombadas. Em algumas situações, a suspensão faz um “baque” forte quando é altamente exigida. Nas curvas, ela também decepciona, permitindo a rolagem da carroceria.
No entanto, os piores estampidos vieram das portas. Na unidade testada, os fechos pediam mais força que o normal para abrir e fechar, incluindo o porta-malas. Assim, bater as portas tornou-se uma atitude normal com o Celer, embora não seja saudável.
Outro ponto negativo é o sistema multimídia. Ainda que o pacote completo tenha preço atrativo, falta um item quase essencial para condutores que gostam de estar conectados: Bluetooth. Na ausência da modernidade, os mais experientes podem matar a “saudade” dos antigos minisystem com equalizador no painel.
Por falar em saudade, este é um sentimento que você não vai nutrir pelo frentista do posto, já que as visitas serão constantes. Segundo medição do Inmetro, o consumo médio do motor 1.5 na cidade é de 6,3 km/l (etanol) e 9,2 km/l (gasolina), o que rendeu nota E entre os hatches médios - o instituto considera o Celer da mesma categoria de Fiat Bravo, por exemplo.
Conclusão
Assim como os demais modelos do segmento, o Celer nacional possui pontos positivos e negativos. Com certeza, o grande diferencial é ostentar 113 cavalos de potência por um valor em que os demais entregam no máximo 85 cv (caso do Ka).
Faltam acertos pontuais de suspensão, no câmbio e na montagem para a experiência ser do mesmo nível dos rivais. Além disso, a produção local de peças também deve melhorar o problema de pós-venda que ainda marca algumas fabricantes chinesas.
Mesmo com os defeitos, o Celer pode entrar tranquilamente entre as opções a serem consideradas por alguém que está pesquisando seriamente um hatchback compacto 1.0, sem preconceitos ou ideias pré-concebidas sobre as montadoras de veículos.
Já para quem está atrás de um compacto com mais potência, o chinês mais brasileiro do mercado nacional pode ser uma opção pelo preço inferior.