MOTOR

Primeiras impressões: Nissan March 1.0 com motor 3 cilindros

Versão parte de R$ 35.990, com ar e direção elétrica de série.

Em 03/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

De origem japonesa, a Nissan, instalada no Brasil em abril do ano passado, parece mesmo querer fincar suas raízes em solo nacional. Para isso, apresentou uma nova motorização para o compacto March na casa de uma das escolas de samba mais conhecidas do Brasil, o Salgueiro, no Rio de Janeiro.

O propulsor escolhido para substituir o 1.0 16V de 4 cilindros feito pela Renault é um 1.0, mas de 3 cilindros, configuração que vem ganhando espaço entre as montadoras – Kia, Hyundai, Volkswagen, Ford, Chery e Geely já possuem modelos com motorização semelhante. Esse motor também equipará o sedã Versa nacional, que será lançado em breve.

Com 77 cavalos, tanto na gasolina como no etanol, ele é 3 cv mais potente do que o antecessor. O torque, nos dois casos, é de 10 kgfm. Além da força adicional, a novidade também é mais leve e moderna. O bloco é de alumínio e o tanquinho de partida a frio foi dispensado.

Por trás do novo motor, está a filosofia da Nissan no país, na ponta da língua dos executivos da marca: “Não queremos ser conhecidos por termos o motor mais potente da categoria. Queremos o reconhecimento pela qualidade e durabilidade do nosso produto”, diz Jean-Philippe Thery, gerente de produto da Nissan. No caso 1.0 dos tricilíndros, o mais potente é o que equipa o novo Ford Ka, de 85 cv com álcool.

Melhoria nas respostas
Se a Nissan não se preocupou com o número final de potência, o mesmo não pode ser dito da condução do modelo. A marca japonesa fez com que o novo motor tivesse como prioridade a entrega de torque em rotações mais baixas, o que faz diferença na condução no trânsito da cidade.

O G1 andou no March 1.0 no Rio, em um trajeto de 50 km, na maior parte do percurso em vias sem trânsito pesado. Na comparação com o motor de 1 litro e 4 cilindros, as respostas são mais instantâneas, resultando em agilidade em arrancadas e retomadas.

Se antes, os 10 kgfm só estariam disponíveis em 4.350 rpm, agora ele é integral já em 4.000 rpm. Aliás, com 2.000 rpm, o novo motor entrega quase 9 kgfm, enquanto, na mesma faixa, o antigo oferecia menos de 8 kgfm.

Esperto por um lado, 'bobo' por outro
Além de ser “espertinho” em baixas e médias rotações, o motor é "elástico", podendo chegar aos 7 mil giros sem comprometer o ouvido dos ocupantes. Este crédito vai para a engenharia, que alongou a relação na quinta marcha.

No entanto, durante o teste, principalmente acima dos 60 km/h, a comunicação entre a direção e as rodas se mostrou anestesiada em demasia. Com assistência elétrica, a direção poderia ser mais progressiva. E a suspensão, apesar do ajuste mais rígido, deixa o hatch rolar demais em curvas.

Na comparação com outros 3 cilindros, o March apresenta equilíbrio, tanto no desempenho, como nas vibrações. O desempenho, mesmo com ar-condicionado ligado, não decepciona. É claro que enfrentar ladeiras poderá exigir reduções de marcha, mas isso não é demérito, considerando o motor diminuto e a potência.

Em relação a vibração e ruídos, o March é menos “agitado”, por exemplo, do que o Up!, mas vibra mais e faz mais barulho do que o Ka. Vale lembrar que motores de 3 cilindros já apresentam maiores vibrações do que os de quatro cilindros. Para anular este inconveniente, a Nissan diz que colocou contrapesos nas extremidades da parte baixa do motor.

Consumo
A economia de combustível é uma das premissas dos motores de 3 cilindros. No teste, o  computador de bordo do March registrou a média de 16,1 km por litro de combustível, com gasolina, em um percurso urbano com velocidade média de 60 km/h, quase sempre feito em quarta marcha.

A Nissan divulga que a média é de 10,3 km com 1 litro de combustível na estrada e 8,8 km/l na cidade, quando o hatch é abastecido com álcool. Com gasolina, as médias sobem para 15,1 km/l e 12,9 km/l, respectivamente.

As médias são muito parecidas com as do Ka 1.0, segundo dados do Inmetro. No Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, o Ka 1.0 faz 10,4 km/l (estrada) e 8,9 km/l (cidade), com etanol. Com gasolina, as médias ficam em  15,1 km/l na estrada e 13 km/l para trechos urbanos.

O Up! vai a 10,2 km/l na estrada e 9,2 km/ na cidade, com álcool. Com gasolina, as médias aumentam, respectivamente, para 14,6 km/l e 13,5 km/l.

Também com motor tricilíndrico, o HB20 1.0 registra 9,8 km/l na estrada e 8,3 km/l na cidade, com álcool. As médias com gasolina são 11,8 km/l e 8,9 km/l.

Sem mudanças estéticas

Ao ganhar o novo motor, o March sofreu um aumento de R$ 1,6 mil em todas as versões. Segundo a Nissan, a alta se deve à volta da alíquota integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o repasse nas versões com o novo motor foi menor do que a alta do tributo.

Mesmo mais caro, todas as versões do March são bem equipadas. Na Conforto, de R$ 35.990, há direção elétrica e ar. A partir da versão S, de R$ 37.990, são incluídos vidros e travas elétricos e alarme. Na mais completa com motor 1.0, a SV, há ainda, rádio com conexão Bluetooth, faróis de neblina, volante multifuncional e rodas de liga leve de 15 polegadas. Ela custa R$ 40.990.

Com motor 1.6, os preços também começam em R$ 40.990, na versão S. Não é coincidência. “Com o mesmo valor, o cliente pode escolher entre uma versão mais equipada ou um motor mais forte. Não temos preferência entre um ou outro motor, o importante é o cliente ficar na Nissan”, comentou Thery.

A configuração SV com motor 1.6 sai por R$ 43.990, e a SL, que tem, ainda, ar-condicionado digital, central multimídia, câmera digital e rodas de 16 polegadas, por R$ 47.490.

Continua à venda a versão Active, também produzida em Resende, mas com visual da geração anterior e motor 1.0 de 4 cilindros (74 cv e também 10 kgfm de torque). Ela custa R$ 34.390. "Se a demanda pedir, fazermos a alteração", diz o gerente de produto.

Mercado
Com a troca do motor, a Nissan espera manter o número de vendas mensais que o March alcançou em dezembro do ano passado, de 3 mil unidades mensais. O discurso da marca não é crescer desenfreadamente, mas dando um passo de cada vez.

Para a montadora, o motor 1.0 deverá representar 48% do mix de vendas, com o restante sendo completado pelo 1.6.

A Nissan descarta enviar o motor 1.0 de 3 cilindros para a parceira Renault utilizar em  modelos como Clio, Sandero ou Logan. “A prioridade da nossa fábrica é ajudar a Nissan a crescer no Brasil”, falou o gerente de produto.

Conclusão
O March, que já apresentava bom custo benefício quando equipado com motor de 4 cilindros, ficou ainda mais atraente. Mais do que a melhoria no desempenho, o hatch ficou mais agradável de dirigir, sobretudo na cidade.

Na vasta categoria dos compactos, opções não faltam. Mas o Nissan, com um equilibrado conjunto, faz parte da seleção das melhores opções, junto com o Ka, Up! e HB20, que têm como "armas", projetos mais refinados, apesar do preço mais alto. Se o motor de 3 cilindros não for prioridade, há o “descolado” Chevrolet Onix, e os veteranos, Gol e Palio.

 

Fonte:Auto Esporte