MOTOR

Primeiras impressões: Subaru XV Crosstrek

Japonês tem aparência de hatch médio, porte de SUV e aptidão de off-road.

Em 08/04/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Com a Palio Weekend Adventure, a Fiat inaugurou em 1999 um segmento que ganhou popularidade no Brasil: o dos carros com visual – e só visual aventureiro. Havia várias fórmulas para o sucesso imediato: transplantar o estepe para a tampa do porta-malas, aumentar em alguns a altura para o solo, adotar pneus de uso misto, colocar apliques plásticos nas caixas de roda, e, sobretudo, criar um nome que sugira este espírito aventureiro.

Hoje, é exceção a marca que não tenha, pelo menos, um modelo com esta proposta. Até a Subaru, marca conhecida pela verdadeira aptidão off-road de seus modelos tem o seu, lançado no fim de 2013. É o XV Crosstrek, um hatch médio vendido por R$ 99,9 mil, que tem jeitão (e preço) de utilitário esportivo.

Derivado da última geração do Impreza hatch, o aventureiro mescla a receita dos aventureiros de visual com a tradição da Subaru.saiba mais

Há, sim, caixas de roda e para-choques com parte de plástico preto e suspensão elevada, porém, a assinatura da montadora japonesa está no motor de cilindros contrapostos e na tração integral.

O motor boxer aspirado de 2 litros gera 150 cavalos a 6.200 rotações por minuto e 20 kgfm de torque a 4.200 rpm.

O câmbio é automático, do tipo CVT, com seis marchas simuladas e paddle-shifts ("borboletas") para troca de marchas. A suspensão é independente nas quatro rodas, com braços sobrepostos na traseira, que dá ao modelo maior estabilidade e precisão nas curvas.

Devagar e sempre
Ao contrário do Forester, que conta com opção de motor turbo, o XV só é oferecido na versão aspirada. Em determinados momentos, parece faltar força ao hatch “anabolizado”. As respostas do acelerador são um tanto demoradas, e exigem certa paciência do motorista.

Com mais de 1.400 kg, é difícil embalar o XV, já que o câmbio CVT também não é referência em trocas rápidas. O jeito, muitas vezes, é fazer as trocas manualmente, por meio das aletas atrás do volante.

Ao atingir velocidades acima de 100 km/h, o Subaru surpreende pelo silêncio a bordo. O bom isolamento acústico e o motor, que a essa velocidade ainda trabalha a menos de 2 mil rpm, deixam a viagem muito mais confortável.

O consumo também é outro destaque. Se os 8,6 km/l na cidade não surpreendem, na estrada, a média de 14,5 km/l é louvável. Méritos da transmissão CVT, que, nesta condição específica, trabalha muito bem e do motor boxer, com cilindros dispostos horizontalmente, em posição mais baixa do que os tradicionais motores com cilindros em linha. O orgulho dos boxer é tanto, que a unidade avaliada contava com um adesivo, em alusão ao motor.

Completo
Graças à suspensão elevada – são 22 cm de altura para o solo –, o XV encara buracos, valetas e lombadas sem qualquer dificuldade. Além de ser “altinho”, o hatch tem bom acerto, voltado para o conforto, mas que não compromete na hora de fazer curvas.

O XV tem um generoso pacote de equipamentos. Há ar-condicionado digital de duas zonas, bancos de couro, direção elétrica, teto solar elétrico, faróis de xenônio com lavador, abertura e acionamento do veículo sem a necessidade de chave, volante com regulagem de altura e profundidade e câmera de ré, com imagens exibidas em uma pequena tela na porção superior do console.

Lá também são replicadas informações da temperatura do ar-condicionado e dados do veículo, como consumo instantâneo, posição do acelerador e status da tração integral, em um layout semelhante ao do crossover Forester.

Rádio antigo
O rádio, no entanto, data do lançamento do Impreza hatch, de 2012. Com visor simples, monocromático, ele conta com entradas USB, auxiliar e conexão Bluetooth. O funcionamento passa longe de ser intuitivo. A cada vez que retorna ao veículo, o motorista deve parear o celular novamente.

Vale lembrar que, nos Estados Unidos, o XV passou a contar com a moderna central multimídia Starlink, que traz navegação, streaming de áudio e aplicativos externos, com uma tela sensível ao toque capacitiva. Como o veículo brasileiro é fabricado no Japão, uma mudança não deve ocorrer tão cedo.

Seguro e espaçoso
Equipado com controles de tração e estabilidade, além de sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho, para o motorista), o XV foi considerado um dos veículos mais seguros, de acordo com dois institutos americanos de segurança e com o EuroNcap, equivalente para o continente europeu. Nos três, ele recebeu cinco estrelas, de cinco possíveis. No IIHS, entrou para o hall dos mais seguros da edição 2015.

Além da segurança, os ocupantes viajam com conforto. Visto de fora, o carro nem parece tão comprido, mas, na prática, ele é maior do que um Chevrolet Tracker. Com 4,45 m de comprimento, tem o mesmo porte de um Jeep Compass.

O entre-eixos de 2,64 m garante bom espaço para as pernas para todos os ocupantes. O único senão é o túnel central, que prejudica a posição central do banco traseiro. Outro ponto negativo é o tamanho do porta-malas, de 310 litros. Por lá, o espaço é prejudicado pelo pneu sobressalente. Na comparação com um compacto de entrada, como o Volkswagen Up, que tem porta-malas de 285 l, o Subaru oferece apenas um pouco mais de espaço.

Concorrência?
Com carroceria de hatch médio “altinho”, posicionamento de preço de SUV completo e preço de crossover, é difícil encontrar um rival com características semelhantes às do XV, principalmente quando a busca é restrita a opções com tração nas quatro rodas.

Nem mesmo os novos competidores, Honda HR-V e Jeep Renegade podem ser considerados rivais, pois o primeiro não tem a pretensão de encarar nem um off-road mais simples, enquanto o segundo, quando equipado com tração 4x4, tem motor diesel e grandes diferenças de proposta.

O veículo que mais se aproxima do Subaru é o Mitsubishi ASX. Também nipônico, ele custa R$ 106.990, na versão AWD.

Equiparados em motorização e câmbio, o ASX perde em preço e tamanho (veja tabela acima), mas oferece maior conectividade, com um reprodutor de DVD com áudio streaming.

Para ter teto solar e faróis de xenônio, é preciso desembolsar salgados R$ 7 mil.

Outro concorrente, próximo em medidas e também mais caro, é o Compass, de R$ 104.900. Ele repete a fórmula dos japoneses, com motor de 2 litros (e 156cv) e câmbio CVT com 6 marchas simuladas. Porém, tem tração apenas nas rodas da frente. O pacote de equipamentos é parecido com o de XV e ASX.

Conclusão
Discreto, o Subaru destoa de seus pares “aventureiros”, e aparece como uma boa opção para quem quer ir longe, mas na boa, com um ritmo mais pacato.

Com bom pacote de equipamentos, conforto na rodagem, e muita segurança, o hatch japonês tem o que melhorar, sobretudo em conectividade, mas surpreende pelo espaço interno e agrada pelo conjunto. Além de tudo, em um mercado com tantos "falsos" aventureiros, o XV ainda leva vantagem por poder encarar aquelas estradas de terra que deixariam similares de tração dianteira para trás.

Fonte:Auto Esporte