POLÍTICA NACIONAL

Primeiro-ministro grego, Antonis Samaras,cumprimenta partido Syriza por vitória.

Segundo a France Presse, sete partidos entrarão no parlamento.

Em 25/01/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Sem o anúncio oficial do término da apuração das urnas, a coalizão anti-austeridade de esquerda Syriza recebeu os parabéns do primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, pela vitória nas eleições desde domingo (25). A informação foi divulgada à agência Reuters por um representante da Syriza e outro do partido concorrente, Nova Democracia, de Samaras. De saída do poder, ele afirmou que respeita a decisão do povo grego.

"O povo se pronunciou e respeitamos sua decisão. Eu tenho plena consciência", disse Samaras. "O Nova Democracia permanecerá pronto para exercer um papel decisivo na evolução futura." Alexis Tsipras, líder do Syriza, disse por sua vez que a Grécia "fez história" e "deixou para trás a austeridade depois de cinco anos de humilhação", informou a EFE.

Segundo a France Presse, sete partidos entrarão no parlamento, entre eles o neonazista Amanhecer Dourado, mas não está definido se o Syriza conseguirá as 151 cadeiras que lhe darão a maioria absoluta.

Após os resultados da boca de urna, o Syriza passou a cantar vitória. "É uma vitória histórica e uma mensagem que não afeta apenas os gregos, mas também ressoa em toda a Europa e traz alívio", comemorou o porta-voz do partido, Panos Skourletis, em entrevista ao canal de TV Mega.

Liderada por Tsipras, Syriza propôs durante a campanha a renegociação de grande parte da dívida grega e o fim de medidas de austeridade, informou a agência Reuters. Isso tem assustado os mercados, que temem uma nova crise econômica na Grécia que poderia empurrar o país para fora da zona do euro.

Ainda segundo a Reuters, o maior partido geralmente precisa de 36 a 40% dos votos para vencer definitivamente as eleições, embora a proporção exata dependa da porcentagem de votos dos partidos que não conseguem superar a margem de 3% para entrar no parlamento. Segundo projeção oficial, o Syriza deve ter entre 149 e 151 cadeiras no parlamento.

O sucesso do Syriza dá esperanças aos partidos da esquerda radical na Europa, especialmente na Espanha, onde o partido Podemos, surgido a partir do movimento Occupy, tem crescido, de acordo com a France Presse.

É um risco, mas os desfavorecidos não têm nada a perder"
Vaia Katsarou, eleitora grega

O governo de Samaras tentou cumprir o máximo de exigências impostas pela troika de credores de Atenas (Banco Central Europeu, União Europeia e FMI), em troca de 240 bilhões de euros emprestados ao país desde 2010. A conta ficou pesada para a população, vítima de uma alta taxa de desemprego - que atinge 25% - e de reduções drásticas de salário.

Durante a campanha, Tsipras prometeu aumentar o salário mínimo de 580 para 751 euros, suprimir certos impostos para os mais pobres e negociar a dívida externa da Grécia, que soma 300 bilhões de euros, o que representa 175% do PIB, informou a France Presse.

Tomando como exemplo as concessões feitas após a guerra na Alemanha - hoje, reduto da ortodoxia orçamentária na Europa - Tsipras quer reduzir drasticamente a dívida, deixando os mercados financeiros em alerta. O presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann, pediu ao partido que "não faça promessas ilusórias" a seus cidadãos, em entrevista ao canal de TV público ARD.

Neste domingo, o primeiro ministro britânico, David Cameron, disse que a vitória do Syriza "irá aumentar as incertezas sobre a Europa". "É por isso que o Reino Unido deve manter seu plano, oferecendo segurança em casa", escreveu em seu perfil em uma rede social.

Em uma seção eleitoral do Pireu, Vaia Katsarou, 49 anos, advogada, resumiu o sentimento geral: "É um risco, mas os desfavorecidos não têm nada a perder".

Apoiadores do partido Syriza celebram maioria dos votos em pesquisa de boca de urna (Foto: Louisa Gouliamaki / AFP)
Apoiadores do partido Syriza celebram maioria dos votos em pesquisa de boca de urna (Foto: Louisa Gouliamaki / AFP)
 
Fonte: EFE/FrandePresse