POLÍTICA INTERNACIONAL
Processo de votação para escolher novo premiê começa no Reino Unido.
Novo primeiro-ministro iniciará processo de separação da União Europeia.
Em 05/07/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Os 330 deputados do Partido Conservador britânico começam nesta terça-feira (5) a votar em seu novo líder. O vencedor dessa disputa substituirá o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que decidiu deixar o cargo após o referendo que optou pela saída do Reino Unido da União Europeia. A ministra do Interior, Theresa May, aparece como favorita.
O novo premiê britânico irá ativar o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que notifica oficialmente a ruptura do Reino Unido com a União Europeia e dá início a um período de negociações de dois anos.
Theresa May defendeu a permanência, mas se expôs pouco durante a campanha da Brexit. Ela já deixou claro que aceita o resultado do referendo. "Brexit é Brexit", declarou, ao apresentar sua candidatura. Porém, ela se apresenta como a pessoa capaz de unir um partido divido.
A 1ª rodada de votação começa nesta terça, mas a expectativa é de que o novo líder seja conhecido até no máximo 9 de setembro. Até lá, às terças e às quintas estão previstas novas votações, em que o candidato menos votado será eliminado. Quando restarem apenas dois, os 150 mil militantes do partido farão a escolha final.
Divisão nas negociações
Cinco candidatos concorrem a vaga de premiê. Além de May, participam da seleção: o ministro da Justiça Michael Gove, o secretário de Estado do Trabalho e Pensões Stephen Crabb, o ex-ministro da Defesa Liam Fox, e a secretária de Estado de Energia Andrea Leadsom.
May tem o apoio de 115 deputados e deve sua preferência a Boris Johnson, o líder da campanha Brexit, que decidiu não disputar o cargo.
Entre os candidatos há uma divisão sobre como enfrentar o divórcio com a União Europeia. Gove e May esperam ativar o Tratado de Lisboa em 2017. Leadsom, por sua parte, quer fazer isso o quanto antes.
Dois dos cinco candidatos em disputa defenderam o Brexit, Michael Gove e Andrea Leadsom, que receberam o apoio de Boris Johnson e são vistos com simpatia pelo partido de extrema-direita antieuropeu Ukip, liderado até segunda por outro grande protagonista do Brexit, Nigel Farage, que também se demitiu.
A debandada dos líderes da Brexit levou o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, a alfinetá-los. "Constato apenas que os radiantes heróis da Brexit de ontem são os tristes heróis de hoje. Aqueles que provocaram este resultado no Reino Unido abandonaram o cenário um atrás do outro: Johnson, Farage", afirmou Juncker no Parlamento Europeu.
Medidas para o crédito
As ameaças à estabilidade do Reino Unido provocadas pela Brexit "começaram a se manifestar", afirmou nesta terça-feira o Banco da Inglaterra (BoE), que anunciou uma flexibilização das regras de financiamento dos bancos para estimular os empréstimos.
"Há evidências de que alguns riscos começaram a manifestar-se. A atual perspectiva para a estabilidade financeira do Reino Unido é desafiante", afirma o Comitê de Política Financeira (FPC) do BoE em seu relatório de estabilidade financeira.
O relatório é o primeiro divulgado após o referendo de 23 de junho, no qual os britânicos votaram a favor da saída da União Europeia, ignorando as advertências do próprio Banco da Inglaterra e do Fundo Monetário Internacional, entre outros.
O Comitê de Política Financeira (FPC) da instituição decidiu reduzir os fundos que os bancos devem proteger para enfrentar momentos de turbulências, com o objetivo de que destinem o dinheiro liberado para estimular a economia.
As medidas devem servir para destinar quase 150 bilhões de libras (178,9 bilhões de euros, 197,24 bilhões de dólares) adicionais a empréstimos a particulares e empresas.
Para alcançar o objetivo, o BoE reduziu de 0,5% para 0% a proteção financeira exigida aos bancos para exigências.
A instituição considerou que, apesar da forte desvalorização da libra e das ações dos bancos, o setor financeiro permanece sólido no momento.
Fonte: AFP