ECONOMIA NACIONAL

Produção industrial brasileira cresce em janeiro, mas não deslancha.

Há quem compare a alta de janeiro a um voo de galinha.

Em 14/03/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Depois de registrar três quedas consecutivas, a produção industrial de Minas Gerais apurou alta de 6,5% em janeiro frente a dezembro. Porém, no confronto com o mesmo mês de 2014, o indicador encolheu 3,7%. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo também está negativo: 

-3,1%. No Brasil, o indicador subiu 2% entre dezembro e janeiro, mas acumula perda de 5,2% em relação ao primeiro mês do ano passado e de 3,5% no acumulado dos últimos 12 meses. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há quem compare a alta de janeiro a um voo de galinha.

Apesar do aumento da produção no primeiro mês do ano, a indústria mineira considera 2015 um ano perdido. Tanto que o faturamento do parque fabril despencou 10,52% de dezembro para janeiro, segundo estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) na semana passada. A previsão do empresariado para este exercício, que já não é nada boa, ficou pior depois do aumento dos combustíveis, o que impacta o frete, e da energia elétrica, que pesa bastante no custo da produção.

Resultado: há forte tendência de demissões e suspensão de aportes. “A análise é: o crescimento de 6,5% de dezembro para janeiro é pontual, mas todas as outras bases estão em queda. Isso indica que a situação está ruim. O dado não mascara o resultado que a indústria tem vivido nos últimos meses. Não há dúvidas que a situação continua se agravando. Para nós, o resultado não foi positivo”, avaliou Paulo Casaca, economista da Fiemg.

O aumento de 6,5% na produção da indústria mineira em janeiro está concentrado em apenas três segmentos: 7,1% no de metalurgia, 0,7% no de celulose e papel e 6,6% no de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis. Os demais 11 segmentos apuraram queda, com destaque alarmante para o de máquinas e equipamentos (26,8%).

“Os resultados recentes, tanto para Minas Gerais quanto para o Brasil, mostram um padrão de irregularidade, com meses de crescimento seguidos por quedas, com alguns resultados bastante expressivos nas duas direções. Nos últimos 15 meses, foram 11 resultados negativos em Minas Gerais e oito no Brasil”, informou Luciene Longo, do IBGE em Minas.

Na comparação com janeiro do exercício anterior, houve redução em 10 das 13 atividades pesquisadas. O principal destaque negativo também foi observado no setor de fabricação de máquinas e equipamentos, com expressiva queda de 26,8%. O saldo se deve ao recuo na produção de carregadoras-transportadoras, motoniveladores, partes e peças para máquinas e aparelhos de terraplenagem e tratores.

SEM PADRÃO “A indústria como um todo está numa trajetória descendente. Mostra um padrão de irregularidade. Não temos previsibilidade de nada. Não sabemos se o mês que vem será bom ou ruim. Num curto espaço de tempo, não há previsibilidade. Então o que dizer a longo prazo? Isso gera insegurança em qualquer investidor. É o retrato do nosso país. Esses voos de galinha... A economia está em baixa, descoordenada. O governo tem que fazer mil coisas. Primeiro: melhorar a confiança do investidor. Segundo: agir nas causas dos problemas, como o juro alto”, critica Marcelo Veneroso, diretor da seção mineira da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos(Abimaq).

Outros recuos importantes foram observados nas indústrias de produtos têxteis (-23,5%), de produtos do fumo (-26,3%), de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos) (-16,2%). As contribuições positivas sobre o total da indústria foram registradas de metalurgia (7,1%), coque, de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,6%) e celulose, papel e produtos de papel (0,7%).

Já a chamada taxa anualizada, que leva em conta o acumulado de 12 meses, apurou recuo de 3,1%. Foi o décimo resultado negativo nesse tipo de comparação em Minas. Dessa vez, a maior queda foi apurada na fabricação de veículos (18%), uma vez que o pátio das montadoras estão cheios e a alta dos juros inibe o financiamento por parte dos consumidores. Para piorar, o governo cortou a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor.

No Brasil, a taxa anualizada caiu 3,5%. De acordo com técnicos do IBGE, o indicador “manteve a trajetória descendente iniciada em março de 2014 (2%) e assinalou o resultado negativo mais intenso desde janeiro de 2010 (-4,8%)”. Em termos regionais, 11 das 15 praças mostraram taxas negativas em janeiro de 2015. As principais perdas entre dezembro do ano passado e janeiro deste exercício foram registradas no Amazonas (de -3,9% para -5,6%), no Paraná (de -5,5% para -6,6%) e no Rio Grande do Sul (de -4,3% para -5,4%). Por outro lado, o Espírito Santo (de 5,6% para 7,3%) apurou o maior avanço nesse confronto.

Fonte: Instituto Aço Brasil