CIDADE

Programa de Ocupação Social do ES vai priorizar bairros violentos.

Locais possuem maior registro de morte de jovens entre 15 e 24 anos.

Em 20/03/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Programa de Ocupação Social do governo do Espírito Santo vai priorizar os cerca de 15 bairros de municípios do estado, onde mais se registram mortes de jovens. O grupo de maior vulnerabilidade social, formado por homens com idade entre 15 e 24 anos, totaliza 40% das vítimas de homicídios registrados em 2014. A maior parte das vítimas não estudava, nem trabalhava.

O programa está em desenvolvimento e terá como objetivo gerar oportunidades para jovens de bairros que são, historicamente, mais atingidos pela violência. O governo do estado busca ainda levar ações culturais contínuas a essas comunidades. O projeto foi apresentado às prefeituras no dia 11 de março para que as secretarias municipais pudessem conhecer o programa e ver como poderão contribuir.

Estão entre os bairros, Vila Nova de Colares e Feu Rosa, na Serra; Barramares e Santa Rita, em Vila Velha;  São Pedro, em Vitória; Nova Rosa da Penha, em Cariacica; Aviso e Região de Interlagos, em Linhares; Guriri, em São Mateus; e os bairros de Pinheiros.

O secretário de Estado de Ações Estratégicas, Evaldo Martinelli, afirmou que as ações agoram serão mais voltadas para as pessoas do que para os territórios. “É uma população totalmente desassistida. Vamos começar a atuar no local onde morre mais gente”, afirmou.

O levantamento realizado nos atuais aglomerados urbanos, reunindo cerca de 160 bairros, permitiu concluir que só por muita coincidência as ações que vinham sendo adotadas chegavam, efetivamente, a quem precisava nas áreas mais carentes. “E nem por coincidência elas chegavam aos que mais precisavam, os de maior vulnerabilidade social”, destacou Martinelli.

Os moradores com maior vulnerabilidade são homens, com idade entre 15 e 24 anos. Eles representam 9% da população capixabas e, segundo Martinelli, é o mais difícil de lidar porque estão fora da escola e distante de qualquer tipo de programa social.  “Tecnicamente eles não existem, são totalmente invisíveis. Não será fácil, mas é um trabalho que precisa ser feito”, disse.

A proposta é investir em ações que possam resgatá-los, dando oportunidade de renda, via empreendedorismo e também dando a eles a oportunidade de voltar para a escola. Aos menores de 16 anos, que não poderão ter acesso a renda direta, será feito um trabalho com suas famílias para que tenham renda suficiente para sustentá-los.

Limiar
Em paralelo, será feito ainda um trabalho preventivo com aqueles que estão no limiar de entrar para a porcentagem dos que nem estudam, nem trabalham. São jovens que já estão sinalizando o abandono da escola e com possibilidades reais de entrar para a camada de maior vulnerabilidade social. “Ninguém sai da escola da noite para o dia”, observou Martinelli.

Uma busca ativa desses jovens será feita, com a lista das escolas dos que a abandonaram nos últimos três anos. Caberá aos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) identificar quem são essas pessoas, o que aconteceu com elas e como está a situação de cada um deles hoje.

A expectativa é de trazer de volta à escola os jovens que se afastaram e ainda dar a eles algum tipo de ocupação no contraturno, seja com esporte, aulas, tecnologia ou outra atividade. “Temos que tirá-los desse perfil de risco”, diz Martinelli.

Uma atenção especial também será dada aos jovens desse grupo que já estão apresentando registros frequentes nas delegacias e no sistema do Iases.

Escolas e pais vão ajudar no projeto
As escolas e os pais dos jovens que vivem nos bairros de maior risco social vão ser convocados a participarem do trabalho de resgate dos adolescentes. A proposta é que se crie um tipo de rede de proteção que possa identificar os sinais de abandono escolar e impedir que isso aconteça.

A evasão escolar é uma das principais portas de entrada para a vulnerabilidade social. Para Martinelli, três são os motivos que levam um jovem a abandonar a escola: violência doméstica, violência na escola e baixo desempenho.

Uma das ferramentas que vão servir para acompanhar a situação são as provas trimestrais aplicadas pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu). Também será realizado um trabalho com diretores e professores, para que acionem a rede de proteção quando identificarem algum tipo de problema com algum dos alunos em risco social.

Para os pais será dado apoio e orientação. Uma atenção especial também será dada aos jovens desse grupo que já estão apresentando registros frequentes nas delegacias e em centros de ressocialização.

Fonte: G1-Espírito Santo