MOTOR

Raro nas ruas de São Paulo, Honda Civic Si é esportivo à moda antiga.

Dotado de linhas musculosas, Si 2015 tem motor aspirado e câmbio manual...

Em 10/02/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Duas coisas incomuns nas ruas de São Paulo do início de 2015: chuva e um Civic Si rodando. Quase tão raro quanto água caindo do céu da capital é encontrar a nova geração do esportivo japonês por aqui.

Os dois fatores na mesma noite coincidiram na seção de fotos do G1, que, durante uma semana, avaliou o carro em ambientes urbanos -no lançamento, ele foi testado em circuito fechado.

É fácil entender o motivo da "seca" de Si nas ruas: quando anunciou a volta do esportivo, a Honda importou do Canadá um pequeno lote, de 100 unidades do cupê, vendidas como "pão quente" por R$ 119,9 mil.

Como grande procura, os estoques das concessionárias acabaram em um mês, mais rapidamente do que o sistema Cantareira se esvazia. Assim, quem pretendia colocar o carrão na garagem ficou “na sede”.

Centro das atenções
Ficar mais do que cinco minutos com o Si parado no trânsito significa ter olhares curiosos vindos de todos os lados. Até por ser peça rara, cada aparição do cupê, principalmente na cor laranja, chama atenção e faz pescoços virarem ao passar. Para os admiradores da marca japonesa, ele é quase uma entidade.

Tanto que, a volta do esportivo no final de 2014 foi celebrada, depois de mais de 3 anos de ausência. Mas o esportivo está muito diferente. Passou por uma "cirurgia plástica", que lhe deu uma nova silhueta, e trocou de "coração".

Dotado de uma carroceria cupê, em vez do discreto sedã, o Si de 2015 tem apenas duas portas – enormes, por sinal – e teto com queda suave, que ajuda a moldar a musculosa e volumosa traseira. 

Por outro lado, tais “assinaturas” são um incômodo no cotidiano. Estacionar em vagas apertadas significa ter um ângulo de abertura ínfimo, enquanto transportar passageiros com mais de 1,70 m no banco traseiro é ver a cabeça do amigo raspando toda hora no teto.

Á moda antiga

Esqueça o downsizing (que busca manter ou aumentar o desempenho dos veículos utilizando motores menores e mais eficientes) no Civic Si. A proposta do esportivo da Honda é agradar aos puristas. Por isso, nada melhor do que dispensar turbinas ou compressores, e usar um tradicional motor aspirado – no caso do cupê, um 2.4 litros que desenvolve 206 cavalos a altíssimas 7.000 rotações por minuto, e 23,9 kgfm de torque a 4.400 rpm, acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, com uma alavanca curta, de engates muito precisos.

O motor “girador”, acompanhado do câmbio manual, instiga o motorista a brincar com o carro. E o Civic faz sua parte, exibindo um enorme conta-giros bem à frente do motorista, onde a linha de corte começa em 8.000 rpm.

A parte mais divertida é alcançar as 5.000 rpm. Nessa hora, uma luz vermelha se acende sob a inscrição i-VTEC (referente ao duplo comando variável de válvulas) e, conforme o motorista acelera e sobe o giro do motor, luzes laranjas vão surgindo, sucessivamente, conforme o carro pede mais e mais do motorista.

Mas, até o torque chegar nessa “faixa de diversão”, o Si é um veículo manso. As acelerações são progressivas, e o carro dificilmente será capaz de colar as costas do motorista contra os bancos, mesmo quando o pedal do acelerador está no máximo de seu curso.

Arisco

Direção, suspensão e câmbio, entretanto, formam um afinado conjunto. Com volante de diâmetro reduzido, a direção é extremamente precisa, e transmite as irregularidades do piso na medida certa para as mãos do piloto, deixando a condução mais natural. A suspensão é dura, como a de todo esportivo deve ser, mas não cobra a conta nas costas dos ocupantes, mesmo em viagens mais longas.

Manual de seis marcas, o câmbio é curto, com engates precisos. A alavanca conta com uma manopla pequena, e a posição de dirigir privilegia que o motorista esteja sempre pronto para trocar de marcha, perdendo pouquíssimo tempo no processo.

Conduzir o Civic Si com controle de estabilidade desligado é um exercício constante de tentativa de controle do veículo: melhor não arriscar, principalmente em estradas sinuosas, porque o esportivo é arisco. Mesmo com todos os “anjos da eletrônica” ligados, é possível ter saídas de frente, quando o cupê é provocado. 

Pouco recheio

De série, o Civic Si conta com direção elétrica com ajuste em altura e profundidade, ar digital, central multimídia (sem navegador) com conexão Bluetooth, duas entradas USB, uma HDMI, teto solar elétrico, piloto automático, controles de tração e estabilidade e seis airbags.

Ao lembrar que o Si é um carro de praticamente R$ 120 mil, porém, alguns deslizes devem ser considerados. A lista de equipamentos fica devendo. O ar-condicionado, apesar de digital, tem só uma zona. Apenas o motorista possui vidro elétrico com função “one-touch”.

Os bancos, forrados com tecido, poderiam ser revestidos de couro. Também não há sensor de chuva ou estacionamento. O único auxílio em manobras é o da câmera de ré. Esta, por sinal, possui três ângulos de visão, que podem ajudar o motorista em caso de dúvidas sobre a distância para um obstáculo.

O acabamento também peca ao abusar de plásticos duros, sobretudo na parte central do console. Ele é muito inferior aos concorrentes esportivos, Golf GTI e Mini Cooper S, e perde até para alguns sedãs médios “convencionais”.

Caminhão pipa

Para acabar com o desabastecimento dos Si na rede de concessionários, a Honda pretende trazer um novo lote do cupê para o Brasil. Porém, quem está interessado terá que esperar, pelo menos, até abril. Para este mês está previsto o desembarque de outras 100 unidades.

De acordo com o histórico de vendas do modelo, mesmo custando mais de R$ 100 mil, a quantidade fará o mesmo efeito que um pequeno caminhão pipa para abastecer um bairro inteiro sem água.

Concorrência oferece mais
Se abril chegar e você não encontrar um Civic Si, não há problemas. Há outros excelentes esportivos, com proposta semelhante à do Honda, que oferecem muito mais, por uma diferença de preço que não é assustadora.

O Mini Cooper é o principal deles. Com proposta semelhante, de entregar esportividade em uma embalagem chamativa, o "foguetinho" de origem alemã tem motor de 2 litros, com turbo e injeção direta de combustível, que desenvolve 192 cv, acoplado a uma transmissão automática de seis velocidades.

Bem mais equipado do que o Civic, ele conta com três modos de condução, teto solar elétrico, ar-condicionado digital de duas zonas, suspensão adaptativa, start-stop, piloto automático adaptativo, aviso de colisão dianteira, head-up display com tela colorida e multimídia com sistema de navegação em tela de 8,8 polegadas e disco rígido de 20 GB.

O Golf GTI impressiona pela discrição no visual. Para diferenciá-lo de um Golf qualquer, só olhando a plaqueta que entrega o nome da versão “apimentada”. Mas engana-se quem pensa que o Volkswagen é pacato. Sob o capô, uma fórmula semelhante à do Mini, com motor 2.0 turbinado.

A potência, porém, vai além, e chega aos 220 cv. A transmissão é automatizada de seis marchas. A conta, na versão básica, sai por R$ 108,5 mil. Mas pode extrapolar os R$ 130 mil, dependendo do pacote de opcionais escolhidos.

O mais recomendado é o Exclusive, de R$ 17.763. Ele adiciona ao pacote piloto automático adaptativo, acesso e partida sem chave, ar-condicionado digital de duas zonas, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, acendimento automático dos faróis de xenônio, bancos de couro e central multimídia com sistema de navegação e tela de 5,8 polegadas.

Fonte:AutoEsporte