POLÍTICA INTERNACIONAL
Rascunho de conclusão da COP26 adia metas mais ambiciosas
Prévia do documento conclusivo chega a dois dias do fim da cúpula da COP26, de Glasgow.
Em 10/11/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O rascunho da COP26 alerta que a ação humana já causou um aumento de 1,1ºC na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais, porém avança pouco em relação ao Acordo de Paris.
A agência climática das Nações Unidas publicou nesta quarta-feira (10) um rascunho da declaração final da COP26, que pede uma redução de 45% nas emissões de CO2 até 2030 e que os países aumentem suas metas ambientais.
A prévia do documento conclusivo chega a dois dias do fim da cúpula de Glasgow e servirá de base para os negociadores dos quase 200 Estados participantes tentarem um acordo que evite o fracasso da conferência.
O rascunho alerta que a ação humana já causou um aumento de 1,1ºC na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais, porém avança pouco em relação ao Acordo de Paris.
No tratado de 2015, os países se comprometeram a manter o aquecimento global neste século “bem abaixo” de 2ºC, promessa que está mantida no rascunho da conclusão da COP26, porém com o acréscimo de que são necessários “esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”.
O texto “reconhece que os impactos das mudanças climáticas serão muito menores com um aumento de 1,5ºC do que com 2ºC” e cobra ações “significativas e eficazes de todas as partes nesta década crítica” para conter o aquecimento global.
“Limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2100 exige reduções rápidas, profundas e sustentáveis nas emissões globais de gases do efeito estufa, incluindo a redução de 45% nas emissões globais de dióxido de carbono [CO2] até 2030, em relação ao nível de 2010, e zerar as emissões líquidas até a metade do século”, diz o rascunho.
O documento também pede que os signatários do Acordo de Paris fortaleçam suas metas ambientais nacionais e os “exorta” a “acelerar a eliminação progressiva do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis”.
Essa última recomendação ignora um dos principais pleitos do manifesto produzido pela Youth4Climate, conferência pré-COP com 400 jovens do mundo todo realizada em Milão, no fim de setembro: o fechamento da indústria de combustíveis fósseis até 2030. Essa também é a única menção a combustíveis fósseis no rascunho do documento final da cúpula de Glasgow.
O texto ainda pede que os países ricos aumentem suas contribuições para o financiamento de ações contra a crise climática nas nações em desenvolvimento, mas não determina um prazo para a implantação do fundo anual de US$ 100 bilhões para esse fim, apenas dá as “boas-vindas” ao compromisso de estabelecê-lo até 2023.
O instrumento está previsto no Acordo de Paris, porém ainda não saiu do papel. Em sua parte final, o texto reconhece a importância da sociedade civil, incluindo dos jovens, na luta contra a crise climática e cobra o envolvimento dos povos indígenas nas ações em defesa do meio ambiente.
Reações – Após a divulgação do rascunho, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anfitrião da COP26, cobrou que os países façam o máximo para evitar um aquecimento global superior a 1,5ºC neste século.
“Ainda há muito o que fazer. Precisamos eliminar todos os obstáculos se quisermos manter o objetivo de 1,5ºC”, admitiu o premiê britânico.
Já a ONG ambientalista Greenpeace afirmou que o rascunho não traz um “plano concreto para resolver a crise climática”. “É apenas um cruzar de dedos para esperar que as coisas sejam melhores no ano que vem”, disse a diretora-executiva da entidade, Jennifer Morgan.
Segundo ela, trata-se somente de um “tímido pedido para que os governos façam mais”.
“Se esse é o melhor que [os governos] sabem fazer, não é de se espantar que as novas gerações estejam furiosas com eles”, acrescentou.
Já a Oxfam disse que o rascunho é “muito frágil” e “fracassa no objetivo de dar uma resposta à emergência climática”. “Restam apenas dois dias para negociar um acordo melhor e que mande um sinal o mais forte possível sobre o incremento das metas de redução de emissões em linha com o teto de 1,5ºC”, ressaltou. (ANSA)
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