POLÍTICA INTERNACIONAL
Referendo catalão pode levar Espanha à pior crise desde Franco
Milhares de pessoas se reúnem para uma manifestação no dia nacional da Catalunha.
Em 29/09/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O governo central da Espanha e as autoridades regionais da Catalunha se envolveram em uma grande batalha pela realização do referendo de independência marcado para o próximo domingo. Madri tomou medidas drásticas nas últimas semanas para impedir a votação, considerada uma clara violação à Constituição nacional.
Ainda assim, as autoridades catalãs insistem que realizarão sua consulta a qualquer custo e, caso seja a vontade da maioria da população local, declararão a independência em até 48 horas. Ao que tudo indica, o confronto entre o governo central e os separatistas da Catalunha poderia levar a uma das piores crises políticas do país desde o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975.
“A crise constitucional já está aberta independente do que ocorra no dia 1 de outubro. E o referendo não vai encerrá-la, somente aprofundará suas feridas”, diz o professor de sociologia da Universidade Autónoma de Barcelona e membro do Conselho Consultivo do Governo de Transição Nacional da Catalunha, Salvador Cardús.
Nas últimas semanas, funcionários do governo catalão foram presos e multados em até 12.000 euros (45.000 reais) por dia, gráficas e jornais foram revistados em busca de material propagandista, cerca de 10 milhões de cédulas eleitorais foram recolhidas e centenas de prefeitos foram investigados por apoio ao pleito.
Madri anunciou também a tomada parcial do controle das finanças catalãs e a coordenação a polícia regional, os Mossos d’Esquadra, pela Guarda Civil espanhola para isolar os centros de votação e manter seus responsáveis sob vigilância a partir da sexta-feira até a noite de domingo. Os Mossos disseram que respeitarão a diretriz com a condição de não gerar um risco importante de perturbação da ordem pública.
(Foto: Susana Vera/Reuters)