CIDADE
Rio Acre atinge nível mais baixo da história em Rio Branco.
Nível do manancial chegou a 1,49 m nesta sexta (29), aponta Defesa Civil.
Em 29/07/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Com a seca, o Rio Acre atingiu o nível mais baixo já registrado na história em Rio Branco, desde 1971, ano em que o manancial começou a ser monitorado. Conforme medição da Defesa Civil, as águas marcaram 1,49 m, nesta sexta-feira (29). A menor marca até então havia sido de 1,50 metro em setembro de 2011.
A extensão do rio que abrange a capital acreana entrou o mês de julho deste ano com 1,92 metro e, a partir disso, passou a sofrer um decréscimo recorrente, com poucos dias de estabilidade, segundo levantamento diário feito pelo órgão.
A situação é completamente diferente daquela vivida pelos rio-branquenses no início do ano passado, quando o rio quebrou o recorde oposto, ao chegar à marca também histórica de 18,40 metros. Naquela época, a cheia desabrigou milhares de pessoas e prejudicou o funcionamento das Estações de Tratamento (ETA), devido ao volume de água.
O major Cláudio Falcão, do Corpo de Bombeiros, disse que a previsão é que o nível do rio baixe ainda mais. "Devemos ficar com o nível mais baixo que 1,25 m. Estamos trabalhando com uma cota menor do que essa, já que esse período de seca deve durar mais tempo do que nos anos anteriores", fala.
Atualmente, manter o abastecimento é a preocupação para o Departamento de Pavimentação e Saneamento do Acre (Depasa), apesar do órgão garantir que o sistema de captação deve funcionar sem problemas até o rio chegar a 1,25 metro, se for o caso. O diretor-presidente do Depasa, Edvaldo Magalhães, diz que o monitoramento está sendo feito.
“Nossos equipamentos tiveram uma convivência com o rio em até 1,50 metro. Até essa marca, já temos experiência. Abaixo disso, temos que ver como as águas vão se comportando. Estamos tomando todas as medidas para garantir a captação”, explica o gestor.
O Depasa iniciou a instalação de uma terceira bomba de captação flutuante na Estação de Tratamento de Água (ETA II). A previsão é que o equipamento comece a funcionar na sexta-feira (29).
Magalhães acrescenta que novos equipamentos já foram instalados e o Depasa aguarda a chegada de outros. “A partir do dia 1° de agosto, queremos instalar bombas flutuantes na ETA I, porque até agora ainda está captando na torre. Vamos tentar aumentar a potência para subir a captação”, ressalta.
Na segunda-feira (25), o Depasa iniciou trabalho de fiscalização em residências no bairro Calafate, em Rio Branco, para evitar o desperdício. “Vamos levar a campanha nos próximos 60 dias. É algo que depende da comunidade, estamos fazendo um trabalho de sensibilização”, acrescenta.
Questões naturais e ação humana
O pesquisador Foster Brown afirma que, historicamente, o estado acreano já sofreu secas mais severas. No entanto, a situação torna-se mais problemática devido ao aquecimento global e também pela proporção do tamanho da cidade.
“Há uma cidade maior do que no passado, a demanda para a água é maior e na área rural é muito mais gente botando fogo do que há 50 ou 100 anos. Temos historicamente secas piores, mas a preocupação é por causa de vulnerabilidade que temos hoje”, fala.
Neste ano, o baixo nível do rio foi agravado também pelos efeitos do El Niño, que resultou na pouca quantidade de chuvas nos meses de janeiro, fevereiro e março, segundo o pesquisador. O fenômeno também gerou uma elevação nas temperaturas.
Brown acrescenta que, devido ao aumento da emissão de gás carbônico, a estimativa é que, nos próximos anos, eventos parecidos aconteçam. “Esse é um gás que segura a energia na atmosfera, por isso, a tendência é fazer secas e chuvas mais fortes. Usando isso como base, podemos antecipar eventos mais extremos para o futuro”, acrescenta.
Seca do Rio Acre
O governador do Acre, Tião Viana, assinou um decreto de situação de emergência no último dia 7 deste mês por causa da seca do Rio Acre em Rio Branco. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e também dizia respeito a outras cidades acreanas, que também sofrem com a estiagem.
Fonte: g1-AC