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Rio Doce não consegue mais alcançar mar na foz em Regência (ES).
Há cerca de duas semanas a foz do rio, que fica em Regência, simplesmente secou.
Em 24/06/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Por causa da seca que afeta o Norte do Espírito Santo, uma parte do Rio Doce, maior rio do Estado, já nem alcança mais o mar. Há cerca de duas semanas a foz do rio, que fica em Regência, litoral de Linhares, simplesmente secou e a população está assustada.
O registro foi feito pelo empresário Robson Barros da Rocha, 36 anos, também conhecido como Pontinha, em sua página do Facebook Regência Surf, onde publica informações turísticas e de meio ambiente.
O registro foi feito pelo empresário Robson Barros da Rocha, 36 anos, também conhecido como Pontinha, em sua página do Facebook Regência Surf, onde publica informações turísticas e de meio ambiente.
Foto: Robson Barros da Rocha/regência Surf
Foz é o local onde uma corrente de água deságua. Em Regência, esse deságue acontece no Oceano Atlântico. Segundo Pontinha, que vive em Regência há 13 anos, a foz tinha cerca de um quilômetro de extensão. Para atravessar rumo a Povoação, vilarejo sete quilômetros ao norte, só com barco a motor.Na primeira foto, foz do Rio Doce em Regência, Linhares, no final do mês passado - manancial cobria extensão de 1 km. Na segunda imagem, a situação hoje
“Mas hoje atravessamos a pé. O que parecia que iria demorar muito já está acontecendo”, relata na página. E somando o quadro à estiagem, moradores temem a falta de água, segundo ele.
Estiagem
De acordo com Henrique Lobo, membro do Comitê da Bacia do Rio Doce, a foz secou porque o volume de água do Rio Doce está abaixo do pior volume registrado em período de seca, que foi de 330 metros cúbicos por segundo.
“Em janeiro deste ano, período tradicionalmente chuvoso, entre Colatina e Linhares, registramos uma vazão de 156 metros cúbicos por segundo. Tão pouca água não consegue chegar ao mar”, analisa.
Lobo explica que a redução se deve à ocupação desordenada do solo da bacia do Rio Doce, originalmente coberto por Mata Atlântica em 95%. Hoje, 80% da área é coberta por pastagem desordenada, com solo muito compactado, resultado de queimadas e desmatamento.
Além disso, a distância entre superfície e lençóis freáticos, por causa dos muitos morros, dificulta a captação de água da chuva. São seis meses, em média, para a água conseguir alcançar os lençóis. E considerando também a estiagem e o uso indiscriminado da água, as perspectivas não são animadoras.
Sobre o medo da falta de água em Regência, Lobo explica que na região há muita água subterrânea, já que se trata de uma região de planície.
Vazão
Em períodos anteriores de seca, a menor vazão de água no Rio Doce, registrada entre Colatina e Linhares, foi de 330 metros cúbicos por segundo. Mas, atualmente, a vazão do rio está abaixo desse número: são 275 metros cúbicos por segundo, de acordo com o diretor executivo da Sanear (Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental), Olindo Antônio Demuner.
A empresa presta serviços de abastecimento de água em Colatina e faz medições frequentemente, segundo Demuner. “Em períodos normais, sem estiagem, a vazão média de água fica entre 450 e 650 metros cúbicos por segundo. O rio fica com uma profundidade média de 1,5 metro”, aponta o profissional.
Em janeiro do ano passado, logo depois das enchentes que marcaram o final de 2013, a vazão chegou a 1.750 metros por segundo.
A empresa presta serviços de abastecimento de água em Colatina e faz medições frequentemente, segundo Demuner. “Em períodos normais, sem estiagem, a vazão média de água fica entre 450 e 650 metros cúbicos por segundo. O rio fica com uma profundidade média de 1,5 metro”, aponta o profissional.
Em janeiro do ano passado, logo depois das enchentes que marcaram o final de 2013, a vazão chegou a 1.750 metros por segundo.
Projeto
Para recuperar as mais de 375 mil nascentes do Rio Doce e reverter a situação de baixa vazão do maior rio do Estado, o projeto “Olhos D’água, do Instituto Terra e apoiado pela Rede Gazeta, já recuperou mais de mil nascentes, durante seus cinco anos de existência.
O número é relevante já que, de acordo com o prognóstico, até 2030 todos os riachos entre Linhares e São Mateus, vão simplesmente desaparecer, se não forem tomadas as medidas necessárias, como reflorestamento. O alerta é do membro do Comitê da Bacia do Rio Doce, Henrique Lobo.
Segundo ele, o segundo passo é a recuperação dos topos de morros, que são áreas de recarga, ou seja, por onde a água da chuva é captada pelo solo. Com a recuperação dessas áreas, a água chegará com muito mais facilidade aos lençóis freáticos da bacia e com isso o volume de água no Rio Doce tende a aumentar.
O número é relevante já que, de acordo com o prognóstico, até 2030 todos os riachos entre Linhares e São Mateus, vão simplesmente desaparecer, se não forem tomadas as medidas necessárias, como reflorestamento. O alerta é do membro do Comitê da Bacia do Rio Doce, Henrique Lobo.
Segundo ele, o segundo passo é a recuperação dos topos de morros, que são áreas de recarga, ou seja, por onde a água da chuva é captada pelo solo. Com a recuperação dessas áreas, a água chegará com muito mais facilidade aos lençóis freáticos da bacia e com isso o volume de água no Rio Doce tende a aumentar.
Gazetaonline