POLÍTICA NACIONAL

Réu na Lava Jato relata a Moro propina para políticos do PMDB

Na lista estão Jader Barbalho, Renan Calheiros, Anibal Gomes e Silas Rondeau.

Em 20/07/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Jorge Luz, acusado de ser operador do PMDB no esquema de corrupção descoberto na Petrobras, afirmou nesta quarta-feira (12) que houve um acordo para que políticos da legenda apoiassem diretores da Petrobras no cargo em troca de vantagem indevida. Segundo Luz, ele intermediou as negociações que chegaram a R$ 11,5 milhões.

Ao ser questionado pelos próprios advogados, Jorge Luz disse que sabia quem eram os políticos que receberiam as vantagens indevidas da Petrobras.

“Inclusive participei da reunião de agradecimento. Inclusive o Fernando [Baiano] disse aqui que ao final o Jader o seguinte: ‘Vocês cumpriram o papel de vocês, agora o problema é nosso’. Jader Barbalho, Renan Calheiros, Anibal Gomes, Silas Rondeau, esses são os agentes políticos”, afirmou Luz.

Esta audiência faz parte do processo ligado à 38ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Blackout. A ação investiga o pagamento de propinas na contratação e operação de dois navios-sondas da Petrobras. Jorge Luz e o filho dele, Bruno Luz, são réus no processo e estão presos na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

“O apoio se traduziria numa ajuda financeira e se traduziria também na oportunidade que esses políticos pudessem participar de algumas operações que viessem a surgir”, disse Jorge Luz. Segundo ele, Fernando Baiano representava os diretores, e Anibal Gomes os políticos.

Fernando Baiano foi condenado em processos da Lava Jato como crimes como lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele foi apontado pela força-tarefa da opoeração como um dos intermediadores de propina no esquema da Petrobras.

De acordo com Luz, em determinado momento houve um desgaste entre Fernando Soares e Anibal Gomes. A partir deste momento, Luz afirmou que passou a ser intermediário na recepção das contas que o Anibal passava.

Outro lado

Procurado, o senador Jader Barbalho em nota que nunca fez negócios com Jorge Luz. “O senador diz que as declarações do criminoso devem ser averiguadas pela Justiça. Também diz que conhece Jorge Luz, mas jamais fez qualquer tipo de negócio com ele", diz a nota.

Também em nota, Renan Calheiros disse que conheceu Jorge Luz, mas não mantém contato com ele. “O senador Renan afirma que conheceu Jorge Luz há mais de 20 anos e desde então nunca mais o encontrou ou falou com ele. Diz ainda que não conhece nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao juiz Sergio Moro como testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu nome é totalmente infundada", afirma o texto.

O deputado Aníbal Gomes disse que, apesar de conhecer Jorge Luz, não mantinha relação próxima com ele. “Desconheço totalmente esse tipo de acordo. Li a informação na imprensa, mas desconheço tudo isso que foi dito. Conheci o Jorge Luz, mas nunca tive intimidade com ele, muito menos negócios. Nunca", afirmou.

Até a última atualização desta reportagem, o G1 ainda tentava contato com o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

Outra citação

Os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho foram citados anteriormente pelo colaborador da Operação Lava Jato Felipe Parente. O empresário e advogado afirmou que entregou propina para Calheiro e Barbalho.

Parente foi citado pela primeira vez nas investigações da Lava Jato pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, outro colaborador da operação. Segundo Machado, o empresário era encarregado de levar propina para a cúpula do PMDB. Em troca, de acordo com o ex-presidente da estatal, Parente recebia 5% dos valores transportados.