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Ruptura de geleira faz 14 mortos e 170 desaparecidos na Índia
Ao menos 170 pessoas continuam desaparecidas nesta segunda-feira (8) no norte da Índia.
Em 08/02/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
De acordo com as autoridades, pelo menos 170 pessoas permaneciam desparecidas após o rompimento de uma geleira no Himalaia.
Ao menos 170 pessoas continuam desaparecidas nesta segunda-feira (8) no norte da Índia, onde 14 corpos foram recuperados um dia após o rompimento de uma geleira no Himalaia, que provocou a cheia repentina de um rio.
“Até o momento resgatamos 15 pessoas e encontramos 14 corpos em diferentes pontos”, tuitou o governo do estado de Uttarakhand, norte da Índia, um dia depois da catástrofe.
De acordo com as autoridades, pelo menos 170 pessoas permaneciam desparecidas.
O chefe de polícia local, Ashok Kumar, mencionou no domingo 200 desaparecidos apenas nas centrais de energia elétrica da área.
Doze pessoas foram socorridas no domingo em um túnel e pelo menos 25 continuam retidas em outro túnel, informou à AFP Piyoosh Rautela, secretário estadual para Ajuda às Vítimas de Catástrofes.
Um porta-voz da polícia de fronteira Índia-Tibete (ITBP) declarou à AFP que 200 funcionários das equipes de resgate retomaram os trabalhos nesta segunda-feira.
Centenas de militares e paramilitares, com o apoio de helicópteros e aviões, foram enviados à região para ajudar nos trabalhos de busca.
A enorme massa de água devastou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo que encontrava em sua passagem, incluindo estradas e pontes, e deixou uma central hidrelétrica submersa.
“Subia uma nuvem de poeira à medida que a água passava. O chão sacudia como em um terremoto”, afirmou Om Agarwal, morador da região, a um canal de televisão
O rio Dhauliganga é um afluente do Ganges, cujas águas são sagradas para os hindus.
Dezenas de trabalhadores das duas centrais elétricas instaladas na barragem de Richiganga estão desaparecidos, assim como habitantes da região, arrastados pelas águas no momento em que cuidavam do gado, segundo as autoridades.
A barragem foi destruída pela cheia e o avanço da água provocados pela queda de parte da geleira, que se desprendeu de uma montanha.
A água arrasou a estrada principal e o túnel ficou cheio de lama e rochas. As equipes de emergência precisaram utilizar cordas para chegar à entrada.
Os vilarejos nas montanhas que cercam o rio foram evacuados e as autoridades afirmaram no domingo que o maior risco de inundação havia sido superado.
“Recordação sombria”
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apresentou no domingo pêsames às famílias das vítimas e a todo o país.
“As Nações Unidas estão dispostas a contribuir para os esforços de socorro e assistência em curso e necessário”, afirmou.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, informou que estava monitorando a operação de resgate.
“A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região”, escreveu no no Twitter.
Quatorze geleiras estão sobre o rio no Parque Nacional Nanda Devi e são objetos de estudos científicos por causa dos crescentes temores a respeito da mudança climática e do desmatamento, que aumentam os riscos de rupturas.
O derretimento de 25% do gelo do Himalaia observado nas últimas quatro décadas pode ser atribuído ao aumento das temperaturas.
“As avalanches são fenômenos comuns na bacia hidrográfica”, afirmou no domingo à AFP M.P.S. Bisht, diretor do Uttarakhand Space Application Centre. “Além disso, com frequência acontecem grandes deslizamentos de terra”.
As inundações devastadoras provocadas pelas chuvas de monção deixaram mais de 6.000 mortos no estado em 2013, o que provocou uma revisão dos planos de desenvolvimento em Uttarakhand, em particular em áreas isoladas como as próximas à represa Rishi Ganga.
Vimlendhu Jha, fundador da ONG ecologista Swechha, afirmou que o desastre é uma “recordação sombria” dos efeitos da mudança climática e do “desenvolvimento incoerente de estradas, ferrovias e centrais elétricas em zonas ecologicamente sensíveis”.
“Os ativistas e os habitantes são constantemente contrários aos grandes projetos no vale do rio”, disse. (AP)