CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Sai petróleo e entra bagaço de cana para fabricar plásticos

A pesquisa é do professor do Instituto de Química de São Carlos Antonio Burtoloso.

Em 30/01/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Henrique Fontes/IQSC

A Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um composto derivado do bagaço de cana que pode substituir o petróleo na fabricação de plásticos. A pesquisa é do professor do Instituto de Química de São Carlos Antonio Burtoloso.

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“A gente construiu uma molécula interessante, que é um poliol, que são muito utilizados para fazer alguns tipos de plásticos”, explicou o pesquisador.

A substância é, segundo Burtoloso, semelhante a usada para elaborar plásticos como os usados em painel de carro ou alguns tipos de espuma dura. Para testar as possibilidades de uso prático, no entanto, o pesquisador está buscando parcerias com a indústria.

“É um trabalho que está bem no início, eu estou tentando firmar parcerias para a construção desse tipo de material”, disse.

Professor do Instituto de Química de São Carlos Antonio Burtoloso pesquisa derivado do bagaço de cana para produção de plásticos

Professor do Instituto de Química de São Carlos Antonio Burtoloso pesquisa derivado do bagaço de cana para produção de plásticos - Henrique Fontes/IQSC

O trabalho busca alternativas ao petróleo na fabricação desse tipo de material.

“Ao invés da gente construir moléculas de fontes de carbono, que não são renováveis, como é o caso hoje em dia, em que quase 100% vem do petróleo, o que agente fez foi usar outra fonte de carbono, que é a biomassa”, resume sobre os objetivos da pesquisa. Os resultados foram publicados na revista científica britânica Green Chemistry.

A matéria-prima investigada no estudo existe em abundância no país. Segundo pesquisa divulgada em 2017 pelo Instituto de Economia Agrícola citada pelo professor, o Brasil gerou cerca de 166 milhões de toneladas de bagaço de cana-de-açúcar na safra 2015/16.

É necessário ainda um grande período de desenvolvimento para que a molécula possa chegar ao mercado na forma de materiais acabados.

Eu não veria algo desse tipo virar um produto para o consumidor antes de cinco anos”, estima Burtoloso.

Apenas após os testes industriais será possível determinar os custos para a produção em escala de materiais derivados da nova molécula ou o tempo para que esses itens se decomporem quando descartados. “Uma vez demonstrado que esse material é interessante como substituto dos plásticos atuais, teria que ser feito todo o estudo de degradação”, explica o pesquisador sobre as etapas do trabalho. (Agência Brasil)