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Santa Maria de Jetibá é destaque nacional na produção de chuchu.

O agricultor Dauber Henrique Thom, de Recreio, produz 12 mil caixas anuais de 22 kg.

Em 31/08/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Comunidades do município de Santa Maria de Jetibá destacam-se na produção estadual e nacional de chuchu. Somente a de Recreio produz 98% do chuchu capixaba. Em no âmbito nacional, ela contribui com praticamente 30% da produção do chuchu que chega à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). E o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem orientado os agricultores da região na melhoria da qualidade e da produtividade.
 
O agricultor Dauber Henrique Thom, de Recreio, produz 12 mil caixas anuais de 22 kg. Sua produtividade é de 60 toneladas por hectare. Ele também cultiva café, mas o chuchu é o carro chefe de sua propriedade, e é uma tradição da família.
 
“Eu comecei a plantar chuchu por influência da minha avó e da minha mãe. Elas começaram a fazer parreiras na propriedade quando eu tinha 17 anos e fomos aprendendo com o tempo. Hoje vendemos um pouco para o mercado interno e a maior parte para o Estado de São Paulo”, contou Dauber.
 
Ele também disse que sua perspectiva agora é investir mais na produtividade, sem ampliar a área de plantio. “A produtividade ainda é baixa na área que temos. Estamos recebendo orientações do Incaper sobre como melhorar nossa lavoura”, afirmou Dauber.
 
Entre as principais dificuldades no cultivo do chuchu, segundo Dauber Henrique Thom, estão o controle de doenças e pragas e mão de obra para trabalhar em um terreno inclinado. “Trabalhar em uma área muito inclinada é um serviço muito cansativo. Temos dificuldade com mão de obra”, relatou.
 
De acordo com o extensionista do Incaper, Galderes Magalhães, o mercado do chuchu é muito exigente, o que faz com que os agricultores tenham que redobrar os cuidados com a lavoura. “O mercado exige que ele tenha a cor, o formato e a textura uniformes. São descartados os frutos que apresentam maior número de defeitos. Cuidados desde o plantio até a colheita são fundamentais para o sucesso da produção”, disse Galderes.
 
Orientações técnicas
 
De acordo com o extensionista do Incaper, o chuchuzeiro é uma planta herbácea que produz frutos durante todo o ano, desde que conduzido e manejado da forma adequada. Inicia-se a colheita 60 dias após o plantio, e ela dura por volta de 32 semanas. “Há necessidade de poda para continuar a produção de frutos sem o ataque de pragas e doenças, garantindo um chuchu de melhor qualidade”, falou Galderes.
 
O sistema de condução dessa planta é por parreira ou “jural”, de maneira que os frutos fiquem suspensos. “No chão, os frutos perdem a qualidade. Ficam brancos e com grande incidência de doenças, devido ao excesso de umidade”, explicou o extensionista.
 
Para conseguir êxito na produção de chuchu, o primeiro passo é fazer uma análise de solo da área de plantio na propriedade. “O PH precisa estar próximo de sete para que a planta absorva o máximo possível de nutrientes. De acordo com o resultado da análise, serão feitas as recomendações de adubação e calagem. O bom preparo da cova é essencial para garantia de uma planta saudável e consequentemente de produção de frutos com qualidade”, disse Galderes.
 
Outra orientação importante é que o agricultor escolha o melhor fruto para usar como muda. Ele deverá possuir todas as características físicas ideais para a variedade. Nesse caso, ter massa variando de 250g a 450g, cor verde clara, formato periforme, e principalmente, ser oriundo de uma planta vigorosa, sadia e produtiva. 
 
Passados 15 dias depois do plantio, é realizada uma adubação verde, com aveia preta, com intuito de formar uma cobertura morta sobre o solo, a fim de inviabilizar o desenvolvimento de plantas espontâneas e garantir a manutenção da umidade do solo, o que reduz a demanda de água pela planta.
 
Depois de dois meses, realiza-se a adubação de cobertura com esterco de galinha. “O tipo de solo ideal para plantio do chuchuzeiro é o aerado, com boa drenagem”, falou o extensionista. No que se refere à irrigação, podem ser utilizadas os seguintes métodos: por aspersão, microaspersão, gotejamento e por sulcos. Na comunidade de Recreio, devido à declividade, são utilizadas as duas primeiras.
 
“É preciso deixar claro que as técnicas tradicionais utilizadas pelos agricultores de Recreio estão dando certo, considerando suas especificidades, como a declividade de 35 a 40% nas áreas onde ocorrem a maioria dos cultivos. As recomendações estão sempre em consonância com as técnicas já utilizadas, tendo em vista a garantia de produtividade e dos valores culturais passados de geração a geração”, explicou Galderes.
 
Pragas e doenças
 
Entre as doenças com maior relevância nesta cultura estão a antracnose, a mancha zonada e o oídio. Entre as pragas estão o ácaro do chuchu, a mosca branca e a tripse. “As doenças costumam atacar as folhas e dificultam o desenvolvimento dos frutos. Já as pragas causam a queda do fruto precocemente, sua má formação ou ainda ferimentos quando pequenos que aumentam de tamanho à medida que o fruto cresce, inviabilizando o produto para o mercado consumidor”, afirmou Galderes.
 
“O Incaper tem orientado formas preventivas para evitar a proliferação de pragas e doenças”, informou o extensionista.
 
Ele disse ainda que é muito importante realizar adequadamente os tratos culturais, como a poda, pois o conjunto de folhas na parreira deve garantir incidência de luminosidade, de modo que o fruto atinja a coloração adequada, além de reduzir a incidência de doenças. 
 
“As folhas e ramos secos oriundos das podas e deixados sobre o solo e embaixo da parreira funcionam como inóculo para a proliferação de pragas e doenças. Por isso, quando for realizada a poda é importante eliminar os restos culturais”, informou Galderes. Inserir ou permitir o desenvolvimento de alguns tipos de plantas embaixo dos parreirais é importante, pois elas podem atrair insetos predadores, que reduzem a proliferação de pragas.
 
Atualmente, estão em andamento estudos para verificar se o ácaro predador utilizado na cultura do morango também pode ser usado no chuchuzeiro, o que consistiria em uma forma de controle biológico.
 
Fonte: Secom/ES