POLÍTICA INTERNACIONAL
Se Coreia do Norte atacar EUA primeiro, China ficará neutra
Os comentários foram publicados no influente Global Times.
Em 11/08/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
PEQUIM/BEDMINSTER, Nova Jersey - A China ficará neutra se a Coreia do Norte lançar um ataque que ameace os Estados Unidos, disse um jornal estatal chinês nesta sexta-feira, alertando Pyongyang a respeito de seus planos de disparar mísseis perto de Guam, território norte-americano no oceano Pacífico.
Os comentários foram publicados no influente Global Times depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, intensificar a retórica contra a Coreia do Norte na quinta-feira dizendo que sua ameaça anterior de desencadear "fogo e fúria" contra Pyongyang caso esta inicie um ataque pode não ter sido o bastante.
Os mercados de ações asiáticos voltaram a sofrer quedas nesta sexta-feira, e as ações europeias parecem a caminho de sua pior semana neste ano por causa das tensões sobre a Coreia do Norte.
"Esta situação está começando a se transformar no momento 'crise dos mísseis de Cuba' desta geração", disse o economista-chefe para a Ásia da ING, Robert Carnell, em uma nota a clientes.
"Enquanto o presidente dos EUA insistir em agravar a guerra de palavras, é cada vez menor a chance de qualquer solução diplomática".
A China, aliada e parceira comercial mais importante da Coreia do Norte, reiterou os pedidos de calma durante a crise atual. Pequim já expressou frustração tanto com os testes nucleares e de mísseis de Pyongyang quanto com o comportamento da Coreia do Sul e dos EUA, como exercícios militares, que acredita elevarem as tensões.
"A China também deveria deixar claro que, se a Coreia do Norte lançar mísseis que ameacem o solo dos EUA primeiro e os EUA retaliarem, a China permanecerá neutra", disse o Global Times, que é amplamente lido, mas não representa as políticas governamentais, em um editorial.
"Se os EUA e a Coreia do Sul realizarem ataques e tentarem depor o regime norte-coreano e mudar o padrão político da Península Coreana, a China os impedirá de fazê-lo", afirmou.
O Ministério das Relações Exteriores chinês reiterou seu clamor para todas as partes se pronunciarem e agirem cautelosamente e fazerem mais para amenizar a situação, ao invés de seguirem o "velho caminho" das demonstrações de força mútua e elevar a tensão continuamente.
Na quinta-feira a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA disse que o Exército do país finalizará em meados de agosto os planos para disparar quatro mísseis de alcance intermediário sobre o Japão para caírem perto de Guam.
Reportagem adicional de Tim Kelly em Tóquio, Christine Kim em Seul, Martin Petty em Guam e Kim Coghill em Cingapura -
Imagem: Divulgação/BBC Mundo