ECONOMIA NACIONAL
Situação financeira do RJ é "trágica", diz governador em exercício.
Governador quer renegociação da dívida do estado.
Em 13/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (13), o governador em exercício Francisco Dornelles voltou a dizer que o quadro econômico do estado é "trágico" e afirmou que é "um dia muito triste", devido às dificuldades do governo estadual para honrar compromissos e pagar salários e aposentadorias - na terça-feira (12) foi feito o anúncio oficial de que os inativos que recebem mais de R$ 2 mil mensais não terão o dinheiro depositado nesta quinta (14). Seriam cerca de 137 mil aposentados nesta situação prejudicados.
Dornelles afirmou que, apesar de ficar devendo os aposentados, o governo teve que "limpar o caixa", para fazer o pagamento dos servidores que receberão nesta quinta (13). "Hoje é um dia muito triste. Não tivemos dinheiro para pagar a todos os servidores ativos e inativos", afirmou Dornelles, destacando que a decisão de suspender os pagamentos de todos os secretários estaduais e do próprio governador foi tomada como um gesto "de solidariedade".
"Eu e os secretários não vamos receber até que todos os inativos tenham sido pagos. Essa medida foi decidida em solidariedade aos inativos que ficarão sem receber", disse o governador.
Presidente do Rioprevidência, responsável por pagar aposentadorias e pensões, Gustavo Barbosa, reafirmou que o instituto está em situação financeira difícil. "O Tesouro estadual não teve como cobrir os pagamentos além de R$ 2 mil, e o Rioprevidência precisou ser coberto pelo estado", explicou Barbosa, lembrando que o aumento de gastos com folha de pagamento foi fundamental para o rombo de mais de R$ 12 bilhões do Rioprevidência:
"A folha de pagamento do Rioprevidência, em 2007, era de R$ 5,7 bilhões. Em 2015, o valor chegava a R$17,2 bilhões. O vencimento base médio de pensionistas e inativos em 2007 era, respectivamente, de R$ 960 e R$ 1.946. Em 2015, passaram para R$ 4.360 e R$ 5.890".
"Fazer previsões neste momento é muito difícil. Cada dia com a sua agonia", emendou o secretário estadual de Fazenda, Julio Bueno, segundo quem o rombo está na previdência. "São R$ 18 bilhões de déficit orçamentário. Toda vez que aumenta [o salário] do ativo, aumenta o do inativo. E para cada coronel [da PM] na ativa, temos 60 inativos", explicou Bueno, ressaltando que esses problemas são de responsabilidade do governo federal.
"Não conseguimos mudar a questão das aposentadorias especiais. Essa é uma questão federal, não haveria qualquer medida a ser tomada pelo nosso governo", disse o secretário.
'Juros de agiota'
Em busca de alternativas para a grave crise financeira do Rio, o governo do estado tenta renegociar a dívida do estado junto ao governo federal. Caso as decisões já anunciadas pelo Ministério da Fazenda sejam aprovadas pelo congresso, o Rio pode gerar receitas extras de R$ 2,8 bilhões em 2016.
"Gastamos aproximadamente R$ 8 bilhões dessa dívida. Esperamos que a união tenha a sensibilidade para renegociar essa dívida. Temos que unir todos os estados para renegociar, estamos sendo cobrados com verdadeiros juros de agiota", disparou Francisco Dornelles.
Valores
Cerca de 328 mil servidores, entre ativos, inativos e pensionistas - apenas os que que recebem até R$ 2 mil - deverão ter os salários depositados nesta quinta (14). No total, o governo do estado desembolsará R$ 819 milhões.
Segundo o secretário da Casa Civil, Leonardo Espindola, profissionais da educação, da saúde, policiais civis e militares e bombeiros foram beneficiados pela decisão de pagar a todos os servidores destas categorias, inviabilizando o pagamento para os pensionistas que recebem mais de R$ 2 mil.
"Tivemos que tomar essa decisão dura para os que mais precisam. Era a decisão que menos prejudicava a população fluminense neste momento. Essa decisão foi tomada pela escassez total de recursos", justificou Espíndola.
Na última quinta-feira (7/4), o Estado pagou os 13.139 funcionários que recebem até o quinto dia útil do mês — como os funcionários do judiciário — com gastos de R$ 72,7 milhões.
Fonte: G1-RJ