CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Sobe para 40% participação de mulheres na Campus Party
Programação deste ano tem atividades para promover a diversidade na carreira .
Em 01/02/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
"Programe como uma garota", diz uma das flâmulas penduradas logo na entrada da Campus Party, em São Paulo. O "aviso" de que não há espaço para o preconceito de gênero no evento não é aleatório: apesar de ainda serem minora, as mulheres compõem uma parcela recorde entre os participantes desta edição: 40%. No ano passado, essa fatia era de 36% e há três anos, de 25%.
Atividades voltadas a promover o aumento da representatividade feminina nas carreiras de tecnologia ilustram esta edição do evento. No primeiro dia, por exemplo, coletivos feministas realizaram um "manifesto", palestra que expôs alguns obstáculos que as mulheres enfrentam nesse meio.
A administradora de sistemas Fernanda Monteiro, 32, está na Campus Party pela quinta vez e diz que o aumento do público feminino na atração nos últimos anos é visível.
"Mudou muita coisa, a diferença é gritante. Fui na primeira (em 2008) e naquela época se via 1 mulher para cada 15 homens", afirma.
"Como mulher, trans e negra enfrento muitas dificuldades (na carreira de tecnologia) e acho importante ocupar esse espaço (da Campus Party) para mostrar que existem mulheres nesse universo e que elas não são uma coisa única, são diferentes", emenda.
Ela participa desta edição como coordenadora de projetos da Fab Lab Livre SP, uma rede de laboratórios de inovação da prefeitura de São Paulo. Mas também é co-organizadora do MariaLab, um coletivo feminista que promove eventos para "ensinar e divulgar a ciência e tecnologia como coisa de mulher".
Fernanda é programadora há 12 anos e fez a transição de gênero há 5. Ela diz que sentiu o preconceito na pele. "Quando você tem muita capacidade técnica, acham que é porque você não é mulher o suficiente, é homem", diz.
Representatividade
Na turma em que Giovanna Moretti, 20, cursa engenharia da computação, na Universidade Federal do Mato Grosso, há 30 homens e apenas três mulheres. Ela está acampada na Campus Party pelo segundo ano consecutivo e comemora o aumento do público feminino.
"(Ano passado) eu ficava isolada, agora não. É bom sentir que tem mais mulheres se interessando pelas mesmas coisas que eu".
A engenheira Gedeane Kenshima, que palestrou sobre internet das coisas nesta edição do evento, também falou sobre representatividade feminina.
"Ouvia falar: 'olha, é uma mulher que gosta de mexer com tecnologia'”, disse ela sobre o começo de sua carreira. “A gente sabe que são assuntos mais dominados por homens. Mas muitas mulheres estão se envolvendo com isso".
Gedeane foi à Campus Party apresentar o ESP-Wear no evento, um vestido conectado criado por ela. Com luzes de led, ele pode ter sua cor alterada pela internet.
"Acho que o público feminino aumentou porque temos mais palestrantes mulheres, tem mais líderes de caravanas mulheres. As meninas estão se engajando", diz Aline Carvalho, embaixadora da Campus Party.
Neste ano, o evento receberá 12 mil “campuseiros”, 8 mil deles acampados na arena. Em 2017 o público era de 8 mil pessoas, 6,5 mil acampadas, segundo os organizadores.
(Foto: Fábio Tito/G1)