CIDADANIA
Sucata vira arte nas mãos de pacientes de saúde mental na Serra
Os trabalhos se baseiam em sucata, bordado, desenho e pintura impressa.
Em 16/07/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Sucata pode virar arte? Nas mãos dos pacientes de saúde mental do Caps Mestre Álvaro, na Serra, sim. Eles estão produzindo arte com sucata a partir da técnica que conheceram durante visita a exposições dos artistas Arthur Bispo do Rosário e Ercília Stanciany.
Os trabalhos se baseiam em sucata, bordado, desenho e pintura impressa. A primeira inspiração veio da Copa da Rússia 2018, com o trabalho intitulado “A Lenda da Matrioska”, por causa das tradicionais bonecas russas. Elas são construídas com frascos vazios de enxaguante bucal e feltro. Este material visual é utilizado nas contações de história nas escolas da Serra e de outros municípios que eles visitam.
“Percebemos que a história contada de maneira criativa e interessante ultrapassa os muros do nosso serviço e adentra outros espaços, promovendo assim a inclusão dos usuários e a divulgação do trabalho desenvolvido pelo Caps. Visitamos escolas da Serra e de outros municípios contando histórias, cantando e fazendo dobraduras da matrioska, o que nos aproxima de outros setores de maneira positiva”, explicou a gestora do Caps Mestre Álvaro, a psicóloga Euzilene da Silva Rodrigues.
O trabalho, realizado em conjunto com a equipe de Saúde Mental da Unidade Regional de Jacaraípe, deve ser ampliado. Além disso, outras ações estão em desenvolvimento como quadro de mensagem, bordado em retalhos de jeans, confecção de mandalas, pintura de talheres descartáveis e produção de bolsas e almofadas com retalhos, sucatas de aviamentos, colados e pintados sobre juta.
Inspiração
As exposições que serviram como referência para os pacientes do Caps são “O grande Veleiro” de Arthur Bispo do Rosário, um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional; e “A Maré da Vida” de Ercília Stanciany.
Rosário morou durante 50 anos em uma colônia psiquiátrica no Rio de Janeiro e é considerado símbolo da luta antimanicomial. Já Ercília, que mora no Espírito Santo, era catadora de lixo e, aos 41 anos, se tornou artista plástica.
Caps Mestre Álvaro
O Caps Mestre Álvaro (transtornos) oferece serviço de atenção psicossocial e acolhe pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Tem as portas abertas e atende sem agendamento prévio. O usuário precisa comparecer com documentação pessoal com foto e cartão nacional do SUS. Funciona de segunda à sexta-feira, das 7 às 17 horas.
(Foto: Reprodução)