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"Taca-le pau": Carrinho de rolimã é resgatado por pais e filhos em BH

"Cair também é divertido", diz uma das meninas que participam da descida.

Em 12/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Nos fins de semana, um grupo de crianças de Belo Horizonte deixa os tablets em casa para descer as ladeiras do entorno do estádio Mineirão, na Região da Pampulha em carrinhos de rolimã, no melhor estilo 'taca-le pau', em referência a um vídeo catarinense que viralizou em 2014. “Mas os adultos levam celular”, ‘denunciou’ Bernardo Couto, de sete anos.

O garoto entrou em contato com a brincadeira, popular no Brasil entre os anos 60 e 80, pelos amigos de infância da mãe, Mirtes Couto, que decidiram resgatar o brinquedo há seis meses. “Eu mesma tenho medo. Nem quando eu era criança brincava de rolimã. Mas quando o pessoal animou voltar a andar, o Bernardo ganhou o carrinho e logo gostou”, disse.

Mas ainda faltam alguns retoques para o rolimã ficar perfeito, segundo Bernardo. “Eu quero pintar ele de branco e marrom. Quer dizer, madeira, né? Mas até hoje o tio Kakau não pintou. Até hoje!”.

O “tio Kakau” é Klaus dos Santos, idealizador dos encontros na esplanada do Mineirão. O grupo, batizado de Rolemanos 80’s, reúne crianças e adultos saudosos do tempo em que as ruas do bairro Sagrada Família, na Região Leste de Belo Horizonte, local onde viviam na infância, tinham espaço para o rolimã.

“As ‘crianças grandes’ adoram rolimã (risos). Eu faço carrinhos há mais de quatro anos e sempre tive essa vontade de reunir o pessoal aqui do bairro. Quase todo mundo é da década de 80, uma época muito boa. A criançada adora. Tem menino se deis, oito, dez anos. Nem lembram do computador”, contou Kakau.

“Na realidade, a gente leva os filhos como desculpa pra andar também”, brincou Valéria Gomide, de 49 anos, uma das adeptas do rolimã. “É uma delícia. O vento na cara. É super divertido”.

Valéria anda de rolimã com as duas filhas, Ariel, de 14 anos, e Gabriela, de 9 anos. “Já levei muito tombo, mas cair também é divertido”, disse Ariel que já andava de patins e de skate. “Aí foi fácil gostar de rolimã, né”.  Ela é a única entre os amigos que anda no carrinho, já que muitos preferem ficar nos jogos eletrônicos. “Cada um sabe do que gosta”.

A irmã Gabriela também se apaixonou pelo brinquedo. “Eu ganhei o carrinho de rolimã no meu aniversário, quando fiz nove anos em março. É muito divertido! Já caí, mas não machuquei muito. Ele é ‘baixinho’, né?”.

O grupo se reúne sempre aos fins de semana, nos dias em que não há jogos no estádio. “É só aparecer com o carrinho e cair na pista”, disse Kakau.

Se você quiser se arriscar, não tem problema ficar com medo. “Eu já tive muito medo de ‘descer’. Mas aí ele passou”, aconselhou Bernardo.

Do tempo do 'vovô'
Não se sabe ao certo quando o carrinho de rolimã – nome derivado da palavra francesa roulement , rolamento em português -  surgiu, mas o brinquedo já era popular nas cidades brasileiras nos anos 60.

Ele foi perdendo força nos anos 90 quando o trânsito intenso começou a tirar as crianças das ruas.

O brinquedo é feito de madeira com um eixo móvel na frente, utilizado para controlar o carrinho. Ele pode ter três ou quatro rolamentos. Em geral, os materiais eram obtidos em oficinas mecânicas e em marcenarias.

Fonte:G1