CULTURA

Teatro de bonecos do Nordeste é reconhecido como patrimônio cultural do Brasil.

A prática carrega elementos fundamentais para sustentabilidade da identidade e memória das regiões.

Em 06/03/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico  Nacional (Iphan) reconheceu hoje (5) o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, mais conhecido como Mamulengo, como patrimônio cultural do brasil. Com o reconhecimento, o Teatro de Bonecos passa a ter proteção institucional, o que dá garante salvaguarda deste bem cultural.

“Para os mestres que trabalham com esta prática, é como se da terra seca começasse a surgir a água que alimenta a alma e o trabalho deles. Além disso, dá uma visão ampla para a sociedade que mexe com as políticas culturais”, disse a presidenta da Associação Brasileira de Teatro de Bonecos, Ângela Escudeiro, responsável pelo pedido de reconhecimento.

A brincadeira começa com a montagem de uma espécie de barraca. Em seguida, os participantes ficam atrás da barraca e começa o espetáculo, com os bonecos em cena e a introdução de um texto poético. Além da narrativa, a peça contém elementos surpresas, muitas vezes sugeridos pelo mestre bonequeiro. Normalmente, as sugestões ocorrem a partir de conhecimento prévio sobre o público.

Conforme o Iphan, a prática carrega elementos fundamentais para sustentabilidade da identidade e memória das regiões onde a brincadeira é mais forte, tornando-se referência cultural atualizada ao longo do tempo, mas mantendo relações de tradição, pertencimento e coletividade.

“O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste não é um brinquedo ou um traço do folclore. Envolve, sobretudo, a produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de representação teatral”, informou o Iphan.

A prática é mais forte no Maranhão e Ceará, onde é chamada de Cassimiro Coco. No Rio Grande do Norte, é conhecido como João Redondo e Calunga. Na Paraíba, é denominada Babau enquanto em Pernambuco é chamada Mamulengo.

Para a professora e pesquisadora Isabela Brochado, também do grupo que requereu o reconhecimento dos bonecos, a decisão do Iphan é importante para manter viva a tradição. “A perda de acervo imaterial - elementos orais, técnicas de escultura ou pintura e dança - pode levar a um esvaziamento da identidade das comunidades”, afirmou.

Também hoje, o conjunto arquitetônico do Sesc Pompeia, em São Paulo, transformou-se em patrimônio cultural protegido pelo Iphan. O conjunto foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, na década de 1970. A obra foi dividida em duas etapas. Iniciada em 1977 e concluída em 1986, a primeira foi o centro de lazer nos antigos galpões, incluindo oficinas de artesanato, biblioteca e salão de convivência.

Na segunda etapa, foram construídos os dois prédios do bloco esportivo, inaugurados em 1986. Eles são ligados por passarelas, que concentram atividades físicas, como quadras, piscina e salão de ginástica.

Segundo o Iphan, o Sesc Pompeia é considerado um marco da arquitetura brasileira, "referência arquitetônica nacional e internacional e um dos mais importantes centros de convivência e de cultura da cidade de São Paulo”.

Fonte: EBC