LAZER

Temporal atrasa desfile e desafia o Grupo Especial no RJ

A pista molhada desafiou as coreografias preparadas para a avenida.

Em 04/03/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Diego Mendes / Agência O Globo

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A chuva forte que caiu sobre o Rio de Janeiro deixou a cidade em estágio de atenção e afetou o carnaval no Sambódromo. O temporal atrasou o início do desfile e pôs à prova as escolas. O desfile do Grupo Especial, programado para começar ontem (3) às 21h15, teve início às 22h. A pista molhada desafiou as coreografias preparadas para a avenida.

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A primeira escola a entrar na avenida foi a Império Serrano, com um enredo sobre a vida que apostou numa música consagrada como samba-enredo: "O que é, o que é", de Gonzaguinha. A escolha despertou polêmica, mas trouxe para a avenida uma música que estava na ponta da língua do público.

Enredo

O desfile da Império Serrano contou desde o início da vida, o nascimento, retratado na comissão de frente. A efemeridade e o caráter passageiro da vida foram bem marcados por meio de relógios e ampulhetas nas alegorias.

Os destaques foram o carro que reproduz o famoso Deus de Michelangelo na Capela Sistina criando Adão em "um sopro do criador", como canta Gonzaguinha.

O enredo também trouxe a religião, as lutas, o aprendizado e o desejo de uma vida de paz, saúde e sorte, seguindo a letra da música que virou samba-enredo.

Interpretação

Desfile da Império Serrano no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro

Desfile da Império Serrano no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Na história em que "ninguém quer a morte", como cantam os versos, coube a atriz Dill Costa, 63 anos, interpretar esse papel. Com uma fantasia de tons escuros, ela veio como destaque no 4º carro da escola, que retrata a vida como um labirinto entre o abismo e o paraíso.

"Represento esse momento tão difícil que o povo brasileiro está passando, com tantas tragédias e tantas mortes. Venho representando esse sentimento, o que é muito difícil. Mas faz parte da vida", disse a atriz e cantora.

A presidente da escola, Vera Lúcia Correa, defendeu que o samba de Gonzaguinha pegou e foi cantado pelos componentes e torcedores. O temporal que caiu antes do desfile, brincou ela, “não passou de uma limpeza para o Império passar”.

"Foi uma superação esse carnaval, depois de tantas dificuldades. Hoje a Império Serrano mostrou que tem chão e que tem garra. Mostramos que sambista enverga, mas não quebra".

Vira

Desfile da Unidos do Viradouro no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro

Desfile da Unidos do Viradouro no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A segunda escola da noite trouxe seres mágicos, monstros e histórias fantásticas para a avenida. Com o enredo de "Viraviradouro", a agremiação de Niterói abusou das transformações, coreografias e engenhocas para
surpreender o público na avenida.

Os recursos são uma assinatura do carnavalesco Paulo Barros, que levou desde bruxas e mortos-vivos até contos de fadas como a Bela e Fera para o sambódromo.

A comissão de frente foi um dos destaques. Diante do público, príncipes se transformavam em sapos com a magia lançada por bruxas e seus caldeirões.

Susto

Desfile da Unidos do Viradouro no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro

Desfile da Unidos do Viradouro no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro, Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O coreógrafo Alex Neoral disse que o temporal horas antes do desfile deu um susto em seus dançarinos e a pista molhada não ajudou a executar os passos ensaiados.

"O importante foi que a gente viu a reação do público. Viu o público gritando do início ao fim. E aí a gente viu que a gente conseguiu nosso objetivo, que era passar essa mensagem de mágica e de alegria", ressaltou.

Fênix

Desfile da Unidos do Viradouro no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro

Desfile da Unidos do Viradouro no Carnaval 2019 no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A Viradouro voltou neste ano ao Grupo Especial do Rio de Janeiro e seu desfile terminou com um animal mitológico que representa seu desejo de renascer: uma fênix. Segundo a lenda, a ave é capaz de ressurgir das
cinzas depois de cair e esse é o desejo do carnavalesco Paulo Barros ao voltar para a Viradouro.

"A Viradouro é uma escola que tem um perfil grande, um perfil forte. É uma escola que passou pelo grupo de acesso, mas tem o coração e a alma do Grupo Especial", disse Paulo Barros, que se considera sempre otimista. "O resultado não depende da gente. A gente fez o nosso, mas a gente não domina o resultado."

Internet

Referências à internet, drones, carros alegóricos cheios de  luzes e irreverência marcaram o desfile da Grande Rio, a terceira escola que entrou na Marquês de Sapucaí, já na madrugada de segunda. A agremiação brincou com a falta de educação e provocou o público falando do jeitinho brasileiro.

Imprudência no trânsito, compartilhamento de fake news, pichações, furto de internet e outros deslizes apareceram no desfile da escola em fantasias e alegorias bem humoradas. O desfile apontou os defeitos e sugeriu a educação como a solução para um país com menos ignorância.

O presidente da Grande Rio, Milton Abreu do Nascimento, considera que a escola teve sucesso em passar sua mensagem na avenida. "A Grande Rio passou do jeito que quis, levantando o público. Foi um dos melhores desfiles dos últimos tempos da escola", comemorou.

Estandarte

O estandarte da escola foi carregado por uma porta-bandeira iniciante, Taciana Couto, que enfrentou uma Sapucaí ainda molhada em sua estreia. Os passos da dança incluíam suportar o peso dos mais de 60 quilos de sua fantasia - mais do que seus 54 quilos.

"Foi um pouquinho complicado, mas a gente conseguiu levar com garra e com emoção, mesmo com a pista molhada”, disse Taciana Couto. Agência Brasil

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