SAÚDE

"Tenho esperança", diz jovem que foi à Tailândia para tratar doença muscular.

Paranaense de 15 anos tem Distrofia Muscular de Duchenne e não anda.

Em 12/05/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Cesar Debastiani Junior, de 15 anos, não conseguiu o que mais queria: voltar a andar após o tratamento experimental com células-tronco que fez na Tailândia. Mas, apesar de ainda depender da cadeira de rodas, ele diz que notou avanços. “Sinto mais força nos pés e nos braços. A minha memória melhorou e as notas na escola subiram. Tenho esperança”, garante.

O adolescente de Ivaí, na região dos Campos Gerais do Paraná, tem uma doença que enfraquece os músculos, a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), que afeta, principalmente, meninos. Conforme a Muscular Dystrophy Association, entidade norte-americana especializada em distrofia muscular, não existe cura.

A falta de uma proteína essencial para a integridade do músculo faz com que o tecido vá se degenerando aos poucos. A criança nasce normal, mas demora um pouco para andar. Entre 2 e 4 anos, cai muito. Por volta dos 7, deixa de correr, subir escadas. Aos 12, para de andar.

Segundo a mãe de Cesar, a trabalhadora rural Cleci Assmann, de 49 anos, a ordem foi exatamente a mesma.

Ela mora sozinha com o filho na zona rural de Ivaí e conta que tem que ajudar o adolescente a desempenhar tarefas que antes ele realizava sozinho.

“A situação fica ainda mais difícil porque não temos uma casa adaptada para deficientes”, conta.

Entretanto, parar de andar não é a última consequência da doença.

O quadro continua se agravando até o comprometimento atingir toda a musculatura esquelética. Surgem problemas cardíacos e respiratórios, além de outras complicações.

Esperança na Tailândia
Para tentar impedir que o problema avance, Cesar passou dezembro do ano passado no hospital tailandês Better Being Hospital. Durante o período, ele foi submetido a um tratamento com células-tronco embrionárias, que formam os tecidos necessários para substituir o músculo que está se degenerando.

“Além das seis vezes que implantaram células-tronco, fiz fisioterapia fora e dentro da piscina, além de acupuntura todos os dias. Foram dias bastante puxados”, relata. A mãe de Cesar confirma as melhoras citadas pelo filho após o tratamento na Tailândia. “Ele tem mais equilíbrio quando ajudo a ficar de pé e também está bem mais animado com a vida. Vi muita diferença”, explica.

O procedimento com células-tronco por qual Cesar passou não é realizado no Brasil. Os médicos brasileiros e pesquisadores não recomendam o tratamento na Tailândia. “Os resultados do tratamento oferecido na Tailândia ainda não foram comprovados cientificamente. Ou seja, estão estimulando os pacientes a fazerem o procedimento sem o devido controle e sem a devida garantia do que possa acontecer”, afirma o coordenador do Núcleo de Tecnologia Celular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Mais idas
Para que o tratamento tenha os efeitos esperados, são necessárias, pelo menos, mais duas viagens ao país, segundo a mãe.  “Ainda não sabemos quando ou se vamos voltar. É muito caro, não temos condições”, diz. Todas as despesas da última viagem ficaram em torno de R$ 180 mil.

Cleci relata que já foi bem difícil juntar a quantia para a primeira viagem. “Nós fizemos bingos e rifas. Houve também doações de igrejas, de pessoas que não conhecemos, de amigos e de entidades. Muita gente nos ajudou. Acrescentei o pouco que a gente tinha” conta.

Entretanto, apesar de ainda não saber como vai bancar a próxima viagem, ela afirma que não vai desistir do tratamento. “Vamos fazer o que for preciso. Cada pequena melhora é uma vitória que a gente conquistou”, diz. Quanto ao Cesar, ele promete fazer menos cara feia para a comida tailandesa se tiver que ir mais vezes ao país. "Abro mão do arroz, do feijão e da carne moída para poder melhorar", brinca.

Fonte: G1