ESPORTE INTERNACIONAL
Time de Sochi dá pausa até a Copa e evidencia má gestão de estádio.
Estádio Olímpico de Sochi tem quatro anos e recebeu apenas seis eventos.
Em 29/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Das quatro sedes desta Copa das Confederações, Sochi é de longe a que tem menos tradição no futebol. O único time local é o FC Sochi, que na última temporada foi coadjuvante na terceira divisão da Rússia. E a cidade também receberá a Copa do Mundo no ano que vem.
Em função disso, a construção do Estádio Olímpico de Sochi gerou muita polêmica. De acordo com números não oficiais, custou entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2,5 bilhões, mas em quatro anos recebeu apenas seis eventos: abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, amistoso entre Rússia e Bélgica em março deste ano, além de três partidas da fase de grupos da Copa das Confederações (Alemanha 3x2 Austrália, México 2x1 Nova Zelândia e Alemanha 3x1 Camarões).
Há também os gastos de manutenção: cerca de R$ 26 milhões anuais com luz, gramado, staff, entre outras coisas que não dependem do número de jogos. Quem arcou e ainda arca com tudo isso é o poder público. Apesar das evidências, as autoridades garantem que o investimento não foi em vão e que o Estádio Olímpico de Sochi não é um elefante branco.
- A seleção da Rússia vai treinar aqui. Acho que eles vão gostar e no futuro esse pode se tornar um CT da seleção. Também vamos procurar clubes estrangeiros e russos que realizem alguns jogos aqui, porque nosso clima permite receber partidas o ano inteiro. Além disso, temos um clube de futebol que se chama FC Sochi, que está na terceira divisão, e ele tem a tarefa de subir para a primeira divisão nos próximos dois, três anos para que, depois da Copa do Mundo, eles possam jogar no estádio - disse Sergey Pilosyan, secretário de esportes de Sochi.
A afirmação de Pisolyan, no entanto, bate cabeça com a decisão tomada pelo FC Sochi. O time recém-anunciou que dará uma pausa de um ano para se reestruturar. Ou seja, ficará "de molho" justamente quando a cidade estiver respirando Copa do Mundo. E na melhor das hipóteses, caso consiga dois acessos consecutivos a partir daí, só disputará a primeira divisão na temporada 2020/21.
Segundo comunicado no site oficial do clube, foram identificados erros de gestão e de composição do elenco, e a pausa servirá também para reformar o pequeno estádio do time - cerca de 5 mil pessoas chegam a marcar presença por jogo. A reportagem tentou contato tanto com diretoria quanto comissão técnica e jogadores do FC Sochi, mas ninguém quis falar.
Autor do "Blog Sochi", Alexander Valov ganhou fama na região por fazer um trabalho jornalístico de contestar números e informações fornecidas pelo governo. Ele afirma que o FC Sochi nunca teve investimento público e sempre foi mantido pela iniciativa privada, mas que recentemente perdeu o patrocínio.
- O Pilosyan é um mentiroso. É um zé ninguém aqui no nível municipal, não decide nada. Não entendo como ele pode falar sobre essas coisas. Tudo se decide num nível federal. É uma mentira. Ele não pode fazer essas promessas - disse Valov.
- Para que vocês entendam melhor, a própria seleção de futebol russa vai para a Turquia para treinar. E não usa o Estádio Olímpico. Nem para os treinos ele é usado - completou.
De fato, mesmo que o Estádio Olímpico de Sochi receba alguns jogos da Rússia no futuro, é difícil imaginar que a relação custo-benefício seja positiva. A grande preocupação é para depois da Copa do Mundo. Quando a empolgação passar, o que será feito desse elefante branco com capacidade para quase 48 mil pessoas? As autoridades precisarão quebrar a cabeça para resolver esse problema.
