ESPORTE INTERNACIONAL
Tranquilo não é, diz Gabriel Jesus sobre ansiedade
O camisa 9 foi o escolhido para falar com a imprensa em Sochi nesta quinta-feira.
Em 14/06/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Confirmado no ataque da seleção brasileira na estreia de domingo contra a Suíça, Gabriel Jesus mostrou ansiedade antes de sua primeira partida de Copa do Mundo. O camisa 9 foi o escolhido para falar com a imprensa em Sochi nesta quinta-feira, após o treino comandado por Tite, e respondeu sobre o sentimento antes de debutar na competição.
- Por mais que eu tenha conseguido tirar de letra essas minhas estreias, tranquilo não é. É difícil, a ansiedade bate um pouco, é normal. Em se tratando de Copa do Mundo, maior torneio que temos no futebol, é claro que bate um pouquinho de ansiedade. Mas vou procurar ficar tranquilo - disse Gabriel Jesus.
Na entrevista, o atacante de 21 anos do Manchester City falou em tom leve e bem humorado. Sobre o vídeo do treino fechado que foi publicado por um amigo seu na última quarta-feira, Gabriel brincou.
"Primeiro que acertei a cabeçada (risos), imagine se eu tivesse errado... Eu sendo novo, também não sou tão experiente. Meu amigo também não é, até minha família. Ele não teve a experiência em saber que não podia. Ainda bem que colocou só a cabeçada, nada tático. Aí eu levaria a bronca".
Gabriel Jesus é o goleador da Seleção sob o comando de Tite, com dez gols - Neymar vem na sequência, com nove. Questionado para dar um palpite sobre os favoritos para a artilharia da Copa, ele evitou citar nomes.
- É difícil falar, citar nomes de artilharia, porque tem muito jogador que tem possibilidade de terminar como artilheiro. Claro que seria muito bom pra mim ser artilheiro, mas dou importância maior para o coletivo. Estou ali para fazer gol, é claro, mas minha meta é outra.
Ele ainda foi questionado sobre a relação com Neymar, quatros anos após assisti-lo pela TV numa Copa do Mundo.
- Há dois, eu não o conhecia pessoalmente. Fui conhecer o Neymar pessoalmente nas Olimpíadas. Ele me tratou muito bem, não só eu. Tratou minha família e meus amigos também. A família dele me trata bem também. Isso é o que conta. Fora de campo, tem seu valor também. Sempre deu conselhos, assim como também falo com ele. Isso é muito importante, conta bastante. Não só Neymar, como todos da Seleção - disse Gabriel Jesus, que completa:
"Acredito muito que tendo boa relação, amizade, considerar irmão, você leva para campo, as coisas fluem. Você corre mais pelo seu amigo, dá a vida. As relações que tenho com todos e que todos têm comigo ajudam bastante dentro de campo".
Confira outros trechos da entrevista
O ambiente está muito tranquilo como parece?
É, né? (risos) É bom quando está assim. Estamos focados. Uma coisa que o professor cobra bastante é estar sempre mentalmente forte. Isso é o que a gente vem fazendo, isso ajuda muito a gente.
Sobre a rua que pintou para a Copa em 2014
Isso não é nem questão de sofrimento, é questão de ser brasileiro, de torcer. Acredito que muitos que estão aqui na Seleção e os que não estão pintaram rua. Somos brasileiros. Não trato isso como sofrer. Temos que torcer sempre, independentemente de como for a situação da Seleção, porque somos brasileiros. Nós, vocês, todo o Brasil queremos que o Brasil esteja no topo do mundo. Acredito que isso traz o orgulho. Mostrar que você conseguiu alcançar seu objetivo, seu sonho. Isso não é sofrer, é mais uma demonstração de que você pode, é só ter coragem.
É olhado na Seleção como o mais novo ou como o camisa 9?
Como o mais novo, é claro. Sou o mais novo. Mas sacanagem nunca fizeram, não (risos). O clima é perfeito, muito bom. Brincadeiras vão existir, mas sacanagem não. Me olham como um garoto, que eu sou, que vem querendo ajudar, como eu quero. É isso. Eles olham asssim.
Jogadores se programam para ver outros jogos da Copa?
"Quando dá, eu assisto sim. A abertura (Rússia x Arábia Saudita) não deu para assistir, estava treinando. Depois tomei banho para vir para a coletiva, mas eu gosto de assistir. Gosto de futebol, gosto de assistir".
Jesus fala do orgulho que familiares e até Guardiola dizem sentir por ele
Feliz, porque sei que estou fazendo o certo. Não só porque estou prestes a disputar uma Copa do Mundo, não só porque hoje eu sou o Gabriel, porque jogo, porque realizei meu sonho. Sou uma pessoa do bem, minha mãe me deu muita educação. Eles se orgulham mais por isso, porque hoje sou um homem, eu me tornei um homem tranquilo, do bem.
Espírito coletivo da equipe
Correr mais é no sentido de ajudar a equipe, mesmo que seja para recompor o companheiro. Nosso foco é esse, é ajudar, estar mentalmente forte. Correr mais é quando você perde a bola tentar recuperá-la. Nosso time gosta de ter a bola, temos qualidade para jogar. Temos que ter a bola.
Se for campeão, o quarteto ofensivo atual pode se tornar o maior da história?
É difícil falar, cada um tem sua história. Nenhuma história pode ser apagada. Quero colocar meu nome na história do Brasil, mas não é porque coloquei que vai apagar a dos outros. Temos que conhecer nossos ídolos. Todos que fizeram história, ganharam muito com a camisa da Seleção estão torcendo pra gente, pra que a gente possa ter nosso nome guardado com vitórias.
"Não quero apagar o nome de ninguém, quero colocar junto".
Apoio (ou a falta dele) da torcida brasileira
Nós, jogadores, vocês, repórteres, todos nós somos torcedores. Sabemos que a gente quer torcer, que nossa seleção, nosso país ganhe. Acredito que no Brasil não é diferente. A torcida está em peso. Pelo menos nos lugares que estou vendo, as pessoas estão se programando para assistir aos jogos, torcer pra gente. Temos que nos unir, a torcida faz diferença. O apoio de todos os brasileiros vai fazer muita diferença.
Inexperiência em Copa do Mundo
É claro que não ter jogado Copa do Mundo, você não tem experiência, mas todos se conversam, passam experiências, ajudam. É muito importante. Temos que ser unidos, uma família. Porque vamos enfrentar uma Copa do Mundo juntos.
Sente orgulho da condição de ser um camisa 9 que ajuda o time na marcação?
Sempre fiz isso. Desde quando subi para o profissional, quando jogava de ponta esquerda, sempre voltava com o lateral. Sempre me dediquei, ajudei muito a equipe. Sempre vou fazer, até onde meu corpo deixar (risos), por muitos anos ainda. Uma roubada de bola, uma pressão conta muito para que o time possa retomar a posse, dar contra-ataque, fazer gol. Acredito muito nisso. Hoje, a Seleção vem mostrando que podemos não só com a bola, mas sem a bola também, sermos eficientes, ajudando ao máximo.
Sobre o futuro de Tite na Seleção
Eu nunca gosto de falar de futuro, porque gosto muito de viver o presente. Hoje prefiro apenas falar de presente. É o que importa. O futuro a Deus pertence. O Tite está fazendo um excelente trabalho, independentemente de resultados. Resultados influenciam, claro, mas estou vendo que o trabalho dele funciona bastante.
É possível resumir a Copa do Mundo em uma palavra?
"Eu nunca joguei (risos). No final, eu te respondo".
(Foto: André Mourão / MoWA Press)