CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Travessia na Antártica alcança região de montagem do Criosfera 2
Experimento irá gerar dados para avaliar impactos da ação humana sobre a atmosfera nas últimas cinco décadas
Em 15/01/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
A travessia no interior da Antártica financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) já chegou ao Monte Johns, onde o Brasil deve instalar, no verão 2015/2016, o módulo automatizado Criosfera 2.
Iniciada em 5 de janeiro, a expedição passou pelo Criosfera 1, posto latino-americano mais próximo do Polo Sul geográfico, e coleta amostras de neve e gelo a fim de gerar dados para avaliar impactos da ação humana sobre a atmosfera nas últimas cinco décadas.
O Monte Johns é um nunatak, pico exposto de rocha circundado por gelo eterno, com 90 metros de altura acima da superfície. O grupo brasileiro está acampado a 60 quilômetros da formação geológica desde as 23 horas de segunda-feira (12), quando o termômetro marcava 22 graus Celsius negativos (–22ºC).
Simões lidera a equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) enviada ao continente gelado, e mantém um diário da travessia na página eletrônica do Centro Polar e Climático da UFRGS (CPC), do qual é diretor.
Nos dois primeiros dias de viagem, 5 e 6 de janeiro, o grupo percorreu os 520 km entre a Geleira Union – ponto de partida da travessia – e o módulo Criosfera 1.
"A viagem é relativamente rápida nesta parte do trajeto, pois seguimos a ‘estrada' que leva ao Polo Sul geográfico. Trata-se de um caminho frequentemente usado por aventureiros que pagam uma fortuna para esquiar por lá", contou Simões. "Além disso, tratores para neve passam neste caminho frequentemente, aplainando o gelo."
No dia 7, já no Criosfera 1, o glaciologista comentou que as condições meteorológicas também facilitavam o trabalho. "Não só a temperatura permanece relativamente alta, na faixa dos 11 a 15 graus negativos, mas o vento não tem ultrapassado os 20 nós", escreveu.
Na ocasião, ele informou que a equipe passaria a retirar amostras superficiais de neve a cada 10 km, para estudar variações na concentração de elementos químicos, em busca de investigar processos de transporte de massas atmosféricas e variações na temperatura do ar.
Adversidades
Na última quinta-feira (8), segundo Simões, irregularidades do caminho dificultavam a travessia. "Pegamos uma rota para a qual não existe registro de presença humana."
Segundo ele, os primeiros 80 km foram extremamente lentos, percorridos a aproximadamente 10 km por hora, devido à enorme quantidade de sastruguis perpendiculares ao traçado.
"Sastruguis são dunas de neve endurecida, formadas pela ação do vento, e têm entre 20 a 50 metros de altura. Finalmente, após os 80 km, elas desapareceriam e a neve fofa cobria a superfície, garantindo um cruzeiro mais estável", relatou Jefferson.
A travessia deve durar três semanas e percorrer 1,4 mil quilômetros a bordo de caminhonetes adaptadas à neve, com três eixos, pneus largos e tração nas seis rodas.
Tanto a expedição como a montagem do Criosfera 2 e a manutenção do Criosfera 1º até fevereiro de 2016 estão garantidas por recursos da Coordenação para Mar e Antártica do MCTI. As atividades integram o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), com apoio da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm).
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação