ECONOMIA INTERNACIONAL
Troca de ofertas entre Mercosul e UE deve ser feita em maio.
A arte desse processo de negociação é encontrar agora um ponto de equilíbrio.
Em 08/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Depois de anos de negociação, Mercosul e União Europeia farão na segunda semana de maio a troca de ofertas para um acordo comercial entre os dois blocos. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 8, em Bruxelas, depois de reunião do ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, presidente do Mercosul, e a Comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström.
A expectativa do governo brasileiro é que o acordo possa ser anunciado em até um ano depois da troca inicial das ofertas. Um entendimento entre os dois blocos vem sendo discutido desde 1999. Nesta primeira etapa, cada bloco apresentará a lista de bens e serviços que pretende reduzir tarifas de importação para abertura do mercado.
"É um passo muito importante que espero que se consolide", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, ao jornal "O Estado de S. Paulo". "O Mercosul, que esteve em uma posição de imobilismo, passará a se integrar a uma área de grande potencial econômico. Isso fortalece a posição do Mercosul e evita risco de isolamento do bloco."
Em nota, o Itamaraty disse que o Brasil acolhe com grande satisfação o anúncio e que o processo de negociação é prioridade para o Mercosul. "O intercâmbio de ofertas de acesso a mercados constitui etapa essencial para a negociação de um acordo que leve na devida conta as expectativas e sensibilidades de cada um dos lados, e que se espera seja equilibrado e mutuamente benéfico", completa.
De acordo com Monteiro, a perspectiva é que os dois blocos alcancem o livre comércio em até 15 anos, mas deverão ser instituídas inicialmente cotas para o acesso do Mercosul ao mercado agrícola europeu, e para a União Europeia nas vendas industriais aos países do bloco sul-americano. "A arte desse processo de negociação é encontrar agora um ponto de equilíbrio", completou.
Monteiro acredita que não haverá protecionismo por parte da indústria brasileira na negociação, já que os empresários entendem que é preciso integrar mais as cadeias produtivas brasileiras. "Você pode ter mais competitividade em bens finais acessando bens intermediários com preços mais competitivos. A própria indústria entende que esse processo de integração é vantajoso no longo prazo", completou.
Há setores mais sensíveis em cada um dos blocos, que deverão alcançar o livre comércio apenas no prazo máximo imposto no acordo. Monteiro não quis adiantar que setores são esses e disse que fará parte da estratégia de negociação esses prazos.
O ministro comemorou a marcação da data para a troca de ofertas. O acordo entre os blocos vem sendo negociado desde 1999. "Depois de tantas tentativas, finalmente temos esse compromisso", afirmou.
Para a secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério da Agricultura, Tatiana Palermo, há um consenso no governo, na indústria e em todo o setor privado em relações às negociações com o bloco europeu.
Ela observou, ainda, que as vendas para a Europa seguem normalmente e que o Brasil tem preenchido todas as cotas que possui em quase 100% do combinado. "Essas vendas significam confiança em nossos controles sanitários", afirmou. A secretária relatou que, com a China, atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, será feito um acordo de preferências tarifárias. "A Camex (Câmara de Comércio Exterior" aprovou o início das negociações", explicou.
Colaborou Victor Martins/Estadão Conteúdo