POLÍTICA NACIONAL
Um dia após anunciar minipacote, Temer diz que não há espaços para feitiçaria.
Presidente fez o comentário durante evento com oficiais das Forças Armadas.
Em 16/12/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta sexta-feira (16), em um evento com oficiais das Forças Armadas, que não há mais espaço no país para "feitiçarias" na economia, como "imprimir dinheiro" e "maquiar contas".
O peemedebista fez o comentário um dia após anunciar um minipacote para a economia, que prevê, entre outras medidas, renegociação de dívidas de empresas. Segundo o Executivo federal, as ações lançadas nesta quinta (15) têm como objetivo tentar aumentar a produtividade das empresas, desburocratizar procedimentos e estimular o nível de atividade na economia brasileira e a geração de empregos.
Ao discursar na cerimônia de cumprimentos de fim de ano dos Oficiais-Generais das Forças Armadas, no Clube Naval de Brasília, Temer afirmou que seu governo está "enfrentando de frente" os problemas econômicos. Segundo ele, se não forem tomadas medidas como as que ele tem proposto, "o país quebra".
"Não há mais espaço para feitiçarias, imprimir dinheiro, maquiar contas e controlar preços. Estamos enfrentando os problemas de frente. Se não o fizermos agora, o estado quebra."
"Não há mais espaço para feitiçarias, imprimir dinheiro, maquiar contas e controlar preços. Estamos enfrentando os problemas de frente. Se não o fizermos agora, o estado quebra. Os que mais sofrem com os arremedos do passado são os mais pobres", discursou Temer, fazendo uma referência indireta à chamada "contabilidade criativa" implementada durante o governo Dilma Rousseff que geraram, entre outras coisas, as "pedaladas fiscais".
Boa parte das medidas econômicas anunciadas nesta quinta por Temer será implementada ao longo de 2017. Ja outra parte será viabilizada por meio de medidas provisórias (MPs) que serão enviadas pelo governo ao Congresso. O cronograma de envio da MPs não foi divulgado.
Reforma da Previdência
No encontro com os militares, o presidente voltou a defender a exclusão dos militares da reforma da Previdência enviada pelo governo ao Congresso Nacional.
O peemedebista disse que a primeira reação das pessoas quando ele defende regras previdenciárias diferenciadas para os militares é “invocar o princípio da igualdade”.
“Com muito acerto nós mandamos o projeto de reforma previdenciária naturalmente excluindo os militares porque há uma correlação lógica entre o fato da separação e o fato que leva a separar. Portanto estamos constitucional e juridicamente corretos.”
Na avaliação do presidente, a Constituição determina que todas as pessoas sejam iguais perante a lei, mas negou que se deva tratar “igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”.
“Com muito acerto nós mandamos o projeto de reforma previdenciária naturalmente excluindo os militares porque há uma correlação lógica entre o fato da separação e o fato que leva a separar. Portanto estamos constitucional e juridicamente corretos”, acrescentou Temer.
Popularidade
Temer voltou a ressaltar que não busca "aplausos imediatos" nem aprovação a qualquer preço. “O caminho certo, que estamos todos trilhando, nem sempre é o mais popular em determinado momento”, afirmou.
Nesta sexta foi divulgada uma pesquisa do Ibope sobre a aprovação do governo. Segundo o levantamento, 46% reprovam o governo e 13% aprovam.
Para o presidente, seria mais cômodo se promovesse medidas mais populares e deixasse decisões econômicas importantes para o próximo presidente. “Não teria embates, não teria contrariedades, não teria controvérsias”, declarou.
Ele também argumentou que o Brasil não pode mais ficar dividido neste “momento político-administrativo”.
“[O país] pode ficar dividido eleitoralmente, num dado momento, durante o momento político-eleitoral, mas não pode fazê-lo depois das eleições, quando entramos no momento político-administrativo. Não quando todos os brasileiros e os governantes devem ir em busca do bem comum.”
'Defesa e democracia'
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, também participaram da confraternização.
Jungmann disse que a interação entre a Defesa e a democracia é “absolutamente crucial em nossa história” e ressaltou a boa relação entre as Forças Armadas e o governo. “A Defesa tem sido exemplar nesse papel”, falou.
O ministro então também voltou a defender a exclusão dos militares na Reforma da Previdência. A proposta do governo enviada ao Congresso Nacional não prevê mudanças para membros das Forças Armadas.
“Nos casos dos militares, com regime de trabalho diferenciado, não podem ser comparados a outras categorias e funções, embora reconheçamos a importância delas para o país. Será estudado projeto de lei específico. Os militares não dispõem de um sistema previdenciário, mas de proteção social”, argumentou.
Jungmann ainda citou o maior interesse da sociedade por temas de segurança nacional e ações das Forças Armadas ao longo do ano, como a viagem do navio de projetos de pesquisa Vital do Rêgo de Oliveira pela costa brasileira e um novo satélite a ser lançado em órbita.
Por Luciana Amaral, G1, Brasília