Não é de hoje que o uso da bioplastia – com aplicações de silicone liquido industrial ou PMMA em grandes quantidades – é apontado como um grande risco para saúde. Porém, o cirurgião plástico Dr. Luiz Haroldo Pereira, médico referência, com mais de 40 anos de experiência, volta a fazer alertas ao uso após receber diversos casos nos últimos meses com complicações por conta desses procedimentos feitos com outros profissionais.

“Muitas pessoas recorrem ao uso da bioplastia, que na verdade não é biológico, em busca de um resultado imediato, sem internação hospitalar, e procurando preço baixo. Isso pode ser uma grande arapuca. As complicações da aplicação de silicone líquido industrial são muitas e graves”, diz o médico.

Luiz Haroldo explica que os problemas por conta do uso de silicone industrial podem ser locais ou até mesmo sistêmicas:

“Locais são quando vemos endurecimento, eritema, infecção, alergia e migração deste produto, pois o silicone é um produto que migra por ação da gravidade ou por pressão sobre a área injetada. Também temos as complicações sistêmicas que são infecções locais graves ou mesmo a morte por injeção num vaso sanguíneo, levando a um caso de embolia pulmonar. A finalidade do silicone industrial é limpar carros e pneus. Ser usado em pessoas é crime”.

Bumbum é o maior alvo

O cirurgião plástico ressalta que a região glútea é a mais atingida, já que muitos procuram o silicone industrial em busca de um bumbum maior com um resultado imediato:

“Preferem o mais rápido em vez de um enxerto de gordura ou implante de silicone com melhor resultado de segurança.”

Cirurgia de retirada não é fácil

Os casos de erros por conta de silicone industrial têm aumentado consideravelmente no consultório de Luiz Haroldo: “A cirurgia consiste em tentar aspirar este produto, o que não é muito fácil, retirar pedaços, tecidos comprometidos, e corrigir com enxerto de gordura e ou implante glúteo”.

Vale ressaltar que, de acordo com o Código Penal, a aplicação do silicone industrial em pessoas é uma prática ilegal e constitui um crime contra a saúde pública, previsto como exercício ilegal da medicina, curandeirismo e lesão corporal.

Por isso, antes de se submeter a qualquer procedimento estético, é essencial verificar se o material que será utilizado tem registro na Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 

Sobre

Dr. Luiz Haroldo Pereira, é ex-presidente da regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) do Rio Janeiro, e referência em cirurgia corporal ou na face no Brasil. (Por Lucas Pasin - Com Comuniquese1)