SAÚDE

Vacinas contra hepatites A e B estão em falta nos postos de saúde do ES.

Mãe ainda não conseguiu vacinar o filho contra a hepatite B.

Em 19/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A falta de vacinas nos postos de saúde do Espírito Santo tem deixado mães e gestantes preocupadas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), o estado não possui estoque de vacinas contra as hepatites A e B, DTP acelular e DTPa pediátrica que combate a coqueluche. Já a antirrábica humana e a dupla adulto, que previne o tétano e a difteria, estão com cotas reduzidas.

Desde o nascimento de Samuel, a mãe Lúcia de Moura se dedica a cuidar e proteger do filho. No entanto, o bebê saiu do hospital sem tomar a vacina que protege contra a hepatite B e até hoje ela não conseguiu vacinar o filho nos postos de saúde de Vitória.

“Essa situação é revoltante. Já decidimos que vamos comprar a vacina na rede particular se ela não for oferecida no posto de saúde até nosso filho completar os 30 dias”, reclama a mãe.

Risco
Segundo a pediatra Ingrid Kandler, a hepatite B pode ser transmitida da mãe para o feto, por isso as grávidas que não estão sendo imunizadas precisam tomar alguns cuidados, como usar preservativo nas relações sexuais; não compartilhar seringas ou instrumentos de manicure e pedicure e usar equipamentos esterilizados em caso de fazer tratamento de acupuntura, tatuagens ou colocar piercing.

A médica explica que o ideal é que o recém-nascido saia da maternidade já vacinado contra a hepatite B, mas nada impede que o bebê tome a vacina após os 30 dias.

A manicure Elisângela Alves de Oliveira, 44, mora em Vila Velha, e já percorreu os postos de saúde da Glória, Araçás, Barramares e Jardim Marilândia em busca de vacinas contra a hepatite B e o tétano para a filha Maria Luiza, que completa um mês de idade no próximo dia 20.

“Em todos os postos avisaram que a situação é nacional e que eu tenho que esperar chegar a vacina, mas, enquanto não chega, a minha filha corre o risco de pegar as doenças. Ao nascer, ela fez os testes do pezinho, olhinho e orelhinha, tipagem sanguínea e tomou a BCG, só faltaram essas vacinas mesmo”, diz.

No país
O problema afeta vários estados do país. Alguns afirmam que desde o ano passado não recebem vacinas do Ministério da Saúde e que, em alguns casos, as doses enviadas não são suficientes.

Em Pernambuco, por exemplo, são necessárias 100 mil doses contra a hepatite B todo mês. O estado recebeu 77 mil em outubro do ano passado e desde agosto não chegam novas doses contra a hepatite A. No Piauí, acontece o mesmo problema. Não tem antitetânica, BCG, a vacina contra a tuberculose e nem a que combate hepatite B.

Sesa: doses começaram a chegar nesta quinta-feira
De acordo com a Sesa, a vacina antirrábica foi entregue nesta quinta-feira (18) ao estado.

Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Danielle Grillo, as doses de dupla adulto e hepatite B destinadas ao estado foram liberadas pelo Instituto Nacional de Controle em Qualidade em Saúde (INCQS) e a previsão de entrega é para a próxima semana.

“A DTP acelular para gestantes, ainda não tem previsão de entrega, pois as doses estão passando por desembaraço alfandegário”, explica.

A coordenadora explica que o único caso em que estão sendo feitas substituições, de acordo com nota emitida pelo Ministério da Saúde, é da DTPa pediátrica pela pentavalente.

“Em crianças prematuras estáveis, cardiopatias, pneumopatias e que fazem uso de medicamentos para febre antes da vacinação”.

Enquanto a situação não é regularizada, a prioridade de vacinação é para públicos-alvo. “Temos que priorizar algumas situações para não deixar a população totalmente desassistida”, ressalta Danielle.

Outro lado
"Situação será normalizada"
Em nota, o Ministério da Saúde disse que 12,7 milhões de doses de vacinas e soros foram enviados para os Estados em fevereiro. O Ministério admite atraso na distribuição de determinadas vacinas oferecidas pelo SUS por causa da falta delas, no mercado nacional e internacional, e afirma que ainda este mês deve ser normalizada a distribuição.

O Ministério afirmou ainda que 2,5 milhões da vacina DTPa para gestantes aguardam liberação alfandegária e análise para controle de qualidade para posterior distribuição.

Fonte: G1-ES