ECONOMIA NACIONAL
Vendas de carros usados caem pelo segundo mês seguido.
Sem achar carro novo por menos de R$ 30 mil, cliente ainda busca o usado.
Em 16/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
As vendas de carros usados registraram queda em setembro, pelo 2º mês seguido, conforme dados da federação dos concessionários, a Fenabrave. O resultado é em relação a 2014. Conforme essa comparação, desde fevereiro último, os emplacamentos de seminovos e usados não emendavam 2 meses consecutivos de baixa nas vendas.
No acumulado do ano, no entanto, os emplacamentos de carros usados seguem em alta de 2,36% em relação ao período de janeiro a setembro de 2014, com 7.476.566 unidades.
Para a federação dos revendedores de seminovos e usados, a Fenauto, um dos motivos para a venda de usados ainda se manter em alta sobre 2014 é o fato de que, desde o ano passado, a maioria das montadoras parou de vender modelos mais básicos.
Queda em agosto e setembro
Em setembro, foram vendidos 867.525 carros usados, montante 7,5% menor que o de 1 ano atrás. Em agosto, a queda havia sido bem menor, de 0,14%.
Com isso, a relação usado/zero quilômetro mudou e, a cada 3 carros novos vendidos, foram negociados 4 usados. O que a Fenabrave considera normal é 3 usados para cada zero quilômetro emplacado.
"Com tudo o que ele vê, com tudo o que é publicado, o consumidor pensa se não é melhor segurar (a troca do carro), mesmo que ele não esteja apertado", avalia Elis Siqueira, coordenador do sistema de informações da Fenauto.
Enquanto a associação das montadoras, a Anfavea, projeta que 2015 termine com baixa de 27,4% nos emplacamentos de carros novos, a Fenauto não faz projeções, mas Siqueira diz que, se as negociações terminarem o ano empatando com 2014, "vai ser um bom resultado". Segundo ele, há chances de 2015 terminar no negativo também para os usados.
Sumiço do 0 km 'basicão'
Siqueira destaca que, enquanto as negociações de automóveis com 4 anos ou mais de uso caíram neste ano, as de seminovos, como são chamados os que têm até 3 anos de uso, cresceram 37,5%.
Para ele, esse movimento acontece principalmente porque as montadoras pararam de produzir carros mais básicos e baratos a partir de 2014.
"Antes era possível encontrar carros novos como o (Fiat) Palio Economy por R$ 20 mil, R$ 22 mil. Hoje você não encontra um carro (zero) por menos de R$ 30 mil", avalia Siqueira. "No mercado de usados há muitas boas ofertas de carros mais básicos."
Fim do carro 'popular'?
Por força da obrigatoriedade de airbag e ABS em carros novos, desde 2014, modelos de entrada como o Volkswagen Gol G4 (geração antiga) e o Fiat Mille (antigo Uno) saíram de linha. Ainda no ano passado, a Ford deu fim ao Ka antigo e criou um novo carro de entrada, com o mesmo nome, porém um pouco maior e mais equipado - e bem mais caro que o "Kazinho". A Chevrolet também está aposentando seu modelo de entrada, o Celta, e diz não ter encontrado ainda um "carro de R$ 30 mil" para substituí-lo.
Pesquisando na última quinta-feira (15) nos sites das montadoras que mais vendem no Brasil, não há carro de entrada por menos de R$ 28 mil.
Fonte: G1