CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Web completa 30 anos e pode ter virado monstro fora de controle
Criada por Tim Berners-Lee, a World Wide Web comemora seu 30º aniversário.
Em 13/03/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
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A World Wide Web comemora seu 30º aniversário, mas as fake news e redes sociais estão atrasando sua entrada na maturidade, levando seu inventor, Tim Berners-Lee, a lançar uma campanha para “salvar a Web”.
Esse jovem físico britânico havia imaginado em 1989 um “sistema descentralizado de gerenciamento de informações”, que se tornou a certidão de nascimento da Web, enquanto trabalhava no Centro de Computação do Cern (organização europeia de pesquisa nuclear), perto de Genebra.
Trinta anos depois, nada difere do velho escritório de Berners-Lee, exceto por uma placa comemorativa na entrada e um antigo anuário de Cern afixado na porta. Ao lado do nome Berners-Lee Timothy, alguém escreveu maliciosamente: “MOMENTANEAMENTE AUSENTE DO ESCRITÓRIO”.
“Tim estava trabalhando muito, a luz sempre estava acesa em seu escritório”, conta à AFP François Flückiger, que assumiu a direção técnica da Web no Cern após a saída de Berners-Lee do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, no final de 1994.
Tim Berners-Lee era responsável pelo anuário interno do Cern, mas, à margem de sua atividade, procurava permitir que milhares de cientistas em todo mundo compartilhassem remotamente suas pesquisas sobre o trabalho da organização.
A história sendo escrita
“Desde o início, a dimensão global estava presente. Muito cedo tivemos a sensação de que a história estava sendo escrita”, apesar de seu chefe ter descrito seu primeiro memorando sobre a Web como “vago”, diz Flückiger.
Em 1990, o belga Robert Cailliau se juntou a Tim Berners-Lee para ajudar a promover sua invenção, que é baseada na linguagem HTML. Trata-se de um padrão que permite a criação de páginas web – o protocolo de troca de hipertexto HTTP -, o qual permite ao usuário solicitar e, em seguida, receber uma página da web – e URLs.
No final de 1990, Tim Berners-Lee tornou operacional o primeiro servidor e navegador da Web no Cern.
Do movimento #MeToo à denúncia de violações dos direitos humanos, esta rede permitiu que uma “enorme quantidade de atividade humana prosperasse”, diz com entusiasmo Ian Milligan, professor especializado no estudo dos arquivos da Web na Universidade de Waterloo no Canadá.
Agora aposentado, Flückiger vê a Web como uma das três principais invenções do século XX que conduziram à sociedade digital (com a tecnologia IP e algoritmos de busca do Google).
Mas, com o “assédio digital, notícias falsas, histerização das multidões (…) perguntamo-nos se, finalmente, não criamos um monstro fora de controle”, lamenta, observando com amargura a exibição de privacidade nas redes sociais e o domínio, na Web, de “crenças” sobre o “conhecimento”.
Para Niels Brügger, diretor do Centro de Estudos da Internet na Dinamarca, “não é surpreendente que, uma vez que uma nova tecnologia seja disponibilizada para os usuários, eles começam a modificá-la e a desenvolvê-la para atender às novas necessidades”.
Golpistas e trolls
Em janeiro, o chefe da ONU, Antonio Guterres, pediu durante o Fórum Econômico Mundial em Davos uma regulamentação “suave” da Web, lamentando o fato de que os países a estão usando para violar os direitos humanos.
Tim Berners-Lee, ele próprio envolvido nesta luta para “salvar a Web”, pede o lançamento em 2019 de um “Contrato para a Web”, baseado no acesso para todos e no direito fundamental ao respeito pela privacidade.
Darkweb, cibercrime, fake news, roubo de dados pessoais nas redes sociais… Em um artigo publicado em 6 de dezembro pelo jornal “The New York Times”, observou: “A Web foi sequestrada por golpistas e trolls”.
A Web agora faz parte da vida cotidiana, mas em 1989 ninguém esperava seu nascimento.
Ainda que o Cern guarde poucas lembranças daquela época, além do primeiro memorando de Tim Berners-Lee e de seu computador, um NeXT, evitou que a Web caísse em mãos erradas.
Em 1993, a organização colocou o software da Web no domínio público, permitindo que qualquer pessoa, ou empresa, se apropriasse.
O destino decidiu de outra forma, graças também à ajuda de Flückiger, que, em 1994, decidiu lançar uma nova versão do software em código aberto. O Cern manteve os direitos autorais, mas conferiu a todos o direito perpétuo e irrevogável de usá-lo e modificá-lo livremente e sem custos. Um princípio usado desde o final de 1994 por Tim Berners-Lee e pelo MIT.
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