POLÍTICA INTERNACIONAL
Yoshihide Suga: Experiência para suceder Shinzo Abe no Japão
O novo líder do PLD, Yoshihide Suga (D), entrega flores ao primeiro-ministro Shinzo Abe.
Em 14/09/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
O político veterano Yoshihide Suga, de 71 anos, filho de um agricultor, recebeu o apoio da maior parte das principais alas do PLD. Agora ele tem a porta aberta para vencer na quarta-feira (16) a eleição para primeiro-ministro no Parlamento japonês.
Yoshihide Suga, vencedor nesta segunda-feira (14) da eleição interna do Partido Liberal Democrata (PLD) e que tem praticamente assegurado o posto de sucessor de Shinzo Abe como primeiro-ministro do Japão, é considerado impenetrável, mas encarna a experiência, o pragmatismo e a continuidade política.
O político veterano de 71 anos, filho de um agricultor, recebeu o apoio da maior parte das principais alas do PLD. Agora ele tem a porta aberta para vencer na quarta-feira (16) a eleição para primeiro-ministro no Parlamento japonês.
Sucessor potencial de Abe
Considerado durante muito tempo o sucessor potencial de Abe, Suga, seis anos mais velho que o atual primeiro-ministro, sempre negou ter ambições, mas apresentou a candidatura quando o chefe de Governo anunciou em agosto que deixaria o cargo por motivos de saúde.
Suga trabalhou ao lado e foi um conselheiro fiel do primeiro-ministro durante anos. Teve um papel decisivo no retorno de Abe ao poder em 2012, após o fracasso de seu primeiro mandato como chefe de Governo em 2006-2007.
Abe o recompensou com a nomeação ao posto estratégico de secretário-geral do governo.
Suga assumiu o papel de coordenador de políticas entre os ministérios e as várias agências estatais, o que rendeu a reputação de bom estrategista.
Trabalhos ocasionais
Yoshihide Suga defendeu medidas para facilitar o trabalho dos estrangeiros no Japão, um país que precisa de mão de obra. Também promoveu um sistema de crédito fiscal para apoiar as regiões rurais, assim como a redução de tarifas das operadoras de telefonia móvel.
Enquanto atuava como porta-voz do governo, Suga se tornou o rosto da administração Abe, mas sem falar muito.
Sua origem rural, que sempre menciona nos discursos, é uma exceção dentro do PLD, dominado por herdeiros de grandes famílias políticas.
Filho de um agricultor de morangos e de uma professora da região de Akita (norte), Suga financiou seus estudos em Tóquio com trabalhos ocasionais, em uma fábrica de papelão ou em um mercado de peixes da capital, de acordo com o seu site oficial.
Estudou Direito e entrou para a política, primeiro como assistente parlamentar de um político de Yokohama. Aos 28 anos foi eleito membro do conselho municipal desta cidade, próxima de Tóquio. Em 1996 conquistou uma cadeira como deputado por Yokohama, vaga que ainda ocupa.
Rigidez
Suga, casado e pai de três filhos, mantém a discrição sobre sua vida privada. A imprensa japonesa afirma que gosta de pescar e fazer caminhadas e que não bebe álcool.
Sua imagem pública ganhou força no ano passado quando anunciou o nome da nova era imperial do Japão para todo o país. Desde então é chamado por muitas pessoas de “tio Reiwa”.
Mas continua sendo um homem de imagem rígida. “O senhor Suga pode implementar políticas controlando os burocratas, mas tem dificuldade para conquistar os corações”, afirmou Makoto Iokibe, cientista político da Universidade de Hyogo (oeste).
Os desafios para o próximo primeiro-ministro são imensos, da gestão da epidemia de coronavírus até a recuperação econômica do país, que entrou em uma profunda recessão, passando pelas relações diplomáticas frequentemente tortuosas do Japão com a China e a Coreia do Sul. (AFP)