MEIO AMBIENTE

Aldeias indígenas do ES colhem mel de abelhas nativas sem ferrão

Práticas típicas dos indígenas, fortalece a geração de renda nas aldeias.

Em 02/04/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Divulgação

As comunidades indígenas Tupinikim e Guarani de Aracruz (ES) iniciaram em março o período de colheita de mel nas aldeias. O projeto de meliponicultura (atividade de criação de abelhas nativas sem ferrão) é uma das atividades do Plano de Sustentabilidade Tupinikim e Guarani no Espírito Santo (PSTG), desenvolvido pela Suzano em parceria com o Cedagro – Centro de Desenvolvimento do Agronegócio e a Kambôas Socioambiental, que atende 1.385 famílias. Destas, cerca de 60 são participantes do programa de criação de abelhas sem ferrão e realizam a colheita do mel Tupyguá – marca sob a qual o produto é comercializado. A expectativa é de que a colheita seja encerrada no dia 12 de abril.

Existem atualmente nas aldeias participantes 150 colônias em produção e, de acordo com a consultora de Sustentabilidade, Claudia Cristina Belchior, a expectativa de produção nesta safra é de aproximadamente 360 quilos de mel. Ela destaca a importância da atividade realizada nas aldeias indígenas. "A meliponicultura traz de volta abelhas já quase extintas na região, como as espécies uruçu-amarela, jataí e mandaçaia, além de atuar na polinização dos quintais e de ser importante fonte complementar de renda para as comunidades indígenas. A atividade contribui ainda para o fortalecimento do grupo e maturidade para a criação da primeira cooperativa de produtores indígenas do município, a Copygua", destaca Cláudia.

A comercialização do mel Tupyguá é feita em três modelos: mel a granel, no valor de R$ 120,00 o quilo; mel refrigerado (embalagem de 180 gramas), no valor de R$ 25,00 a R$ 30,00 a embalagem; e o mel maturado, no valor de R$ 20,00 a embalagem de 130 gramas. Trata-se de um produto de maior valor agregado que o mel tradicional, de abelhas com ferrão. Para saber mais sobre o mel produzido nas aldeias de Aracruz a partir de abelhas sem ferrão, acesse www.tupygua.com.br.

Um grande comprador do produto hoje, é o Instituto ATÁ, do chef Alex Atala, que busca "agir em toda a cadeia de valor, com o propósito de fortalecer os territórios a partir da sua biodiversidade, agrodiversidade e sociodiversidade, a fim de garantir alimento bom para todos e para o ambiente" e revende o mel Tupyguá no Mercado Municipal de Pinheiros, em São Paulo. O mel também é vendido a granel a chefs de cozinha e restaurantes, para uso como ingrediente em pratos especiais, e é comercializado em estabelecimentos da região de Aracruz.

O PSTG 

O Programa de Sustentabilidade Tupinikim e Guarani (PSTG) é um conjunto de ações que visa restabelecer entre os ocupantes das terras indígenas as condições ambientais necessárias às suas práticas socioculturais e à afirmação de sua identidade étnica, com atividades econômicas sustentáveis. Participam atualmente as aldeias de Areal, Irajá, Caieiras Velhas, Boa Esperança, Piraqueaçu, Amarelos, Três Palmeiras, Pau-Brasil, Comboios, Córrego do Ouro, Olho d´Água e Nova Esperança, todas em Aracruz.

A meliponicultura, uma das atividades do PSTG, tem a finalidade de resgatar algumas espécies de abelhas escassas e outras praticamente extintas nas aldeias indígenas da região. Nesta atividade, às famílias tem acesso a curso preparatório, que é condição para que recebam as caixas de abelhas, além de toda a assistência técnica para a produção. Cada família recebe, inicialmente, cinco caixas e todo o material necessário ao manejo, para que as colmeias fiquem fortes e sejam divididas, beneficiando, também, outras famílias interessadas.

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