SAÚDE
Bebida alcoólica pode ser armadilha após a aposentadoria.
Além do consumo em si, interação com medicamentos pode ser perigosa.
Em 27/12/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia
Uma dose de uísque para relaxar, duas taças de vinho para comemorar... O que parece rotineiro e sob controle enquanto se está trabalhando pode esconder uma armadilha depois da aposentadoria. Sem uma ocupação e sem o “sobrenome corporativo”, os homens, principalmente, podem somar álcool a inatividade e causar grandes danos a si próprios. O clínico geral Luis Fernando Correia, comentarista da TV Globo, GloboNews e CBN, afirma que o assunto não tem a visibilidade que deveria: “o alcoolismo entre idosos normalmente fica meio escondido, mas o final é quase sempre ruim, com o indivíduo marginalizado pela família. A aposentadoria às vezes funciona como um gatilho. Antes a pessoa tinha um contexto social para beber, ligado ao ambiente de trabalho, mas havia também a cobrança por desempenho e ficava mais fácil traçar os limites. Sem referências profissionais ou afetivas, o risco de o problema se agravar é enorme, ainda mais porque muitos sofrem de transtornos depressivos”.
Quem se vangloria de sempre ter sido um bebedor resistente precisa ser alertado. “Com a idade, a massa corporal diminui. Além disso, com a diminuição do líquido corporal, fenômeno natural do envelhecimento, a diluição do álcool no sangue é menor. Por isso idosos apresentam maior risco de intoxicação, ou seja, a pessoa mais velha não pode ingerir a mesma quantidade de antes”, explica o doutor Luis Fernando. Ele conta que, nas festas de fim de ano, e durante as férias de verão, observa uma exposição maior ao risco: “não se trata apenas da quantidade excessiva de bebida, e da interação de medicamentos e álcool com seus efeitos adversos. É também comum recebermos no hospital pacientes que por conta própria deixaram de tomar sua medicação de uso contínuo porque iam beber numa comemoração. Isso pode acarretar inúmeros problemas”.
O uso do álcool acelera o envelhecimento normal ou leva ao envelhecimento prematuro do cérebro, com um prejuízo intelectual intenso. Aumenta o risco de quedas e fraturas, assim como o de dores crônicas e distrofias musculares resultantes de neuropatias associadas à doença. Para quem acha que mantém o controle depois de uma ou duas doses, é mais do que didático o vídeo feito com atletas suecos veteranos (www.youtube.com/watch?v=0-NyK_fErZ4), campeões de nado sincronizado. Sob supervisão médica, foram convidados a reproduzir seus movimentos na água depois de um pileque. Houve inclusive quem precisasse ser resgatado da piscina, portanto, pense duas vezes antes de beber uma caipirinha e cair no mar. No Brasil, 10% da população sofrem com o alcoolismo e os homens correspondem a 70% dos casos. Na população idosa, há estimativas de que 5% sejam afetados pelo problema, embora esse percentual seja maior entre os admitidos em instituições e muitos dramas familiares não entrem nas estatísticas.
Por Mariza Tavares, Bem Estar.