A inflação no Brasil foi de 0,30% em dezembro, de acordo com números do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O índice de dezembro foi o mais baixo para o mês desde 2008, quando ficou em 0,28%, mas subiu em relação a novembro, quando registrou 0,18%.
Com isso, a inflação fechou 2016 em 6,29% – abaixo do teto da meta definida pelo governo, de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para baixo (2,5%) ou para cima (6,5%).
Também ficou abaixo da inflação dos dois últimos anos: 10,67% em 2015 e 6,56% em 2014.
A previsão do mercado, expressa pelo último Boletim Focus, era que o índice ficasse em 0,36% em dezembro e 6,35% no ano.
Os dados mostrando que a inflação está recuando de forma mais intensa do que o esperado fortalecem a aposta em um corte mais agressivo nos juros.
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) está reunido desde ontem e divulga hoje, após às 18h, sua decisão sobre a taxa Selic – atualmente em 13,75% após dois cortes seguidos de 0,25 ponto percentual.
Os economistas apostam em uma aceleração do ritmo com corte de meio ponto percentual, mas há quem fale em até 0,75 ponto percentual, o que levaria a taxa para 13%.
Quando o Copom aumenta os juros, encarece o crédito e estimula a poupança, o que faz com que a demanda seja contida e faça menos pressão sobre a atividade e os preços. Cortar os juros causa o efeito contrário.
Dezembro
73% de todo o índice mensal (ou 0,22 ponto percentual) pode ser atribuído diretamente a apenas três itens: passagens aéreas, gasolina e cigarro.
Dos 9 grupos de preços pesquisados pelo IBGE, 5 aceleraram e 4 desaceleraram em dezembro em relação ao mês anterior.
O grupo Alimentação e Bebidas, aquele de maior peso no índice, voltou a subir em dezembro (0,08%) após queda em novembro (-0,20%).
Os responsáveis foram alguns dos alimentos muito consumidos pelos brasileiros como arroz (0,21%), carnes (0,77%) e frutas (3,39%).
Outros itens caíram, como o leite longa vida (-3,97%) e o feijão carioca (-13,77%), enquanto a alimentação fora de casa repetiu a alta de novembro (0,33%).
O já citado reajuste no cigarro a partir do dia 1º de dezembro fez os preços do produto aumentarem 4,8% e pressionou o grupo Despesas Pessoais, que foi de 0,47% em novembro para 1,01% em dezembro.
Outra aceleração importante foi a do grupo Transportes, que foi de 0,28% para 1,11%, a mais alta taxa do mês.
A pressão veio das passagens aéreas (alta de 26,29%) e da gasolina (alta de 1,75%, refletindo um reajuste de 8,10% a partir de 06 de dezembro).
O principal impacto para baixo foi da energia elétrica, com impacto negativo de 0,13 ponto percentual expresso na queda do grupo Habitação, de 0,30% em novembro para -0,59% em dezembro.
A explicação está na queda de 3,70% nos preços desse serviço após a volta da bandeira tarifária verde em substituição à amarela, que implicava em custos adicionais.
Grupo | Variação novembro, em % | Variação dezembro, em % |
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Índice Geral | 0,18 | 0,30 |
Alimentação e Bebidas | -0,20 | 0,08 |
Habitação | 0,30 | -0,59 |
Artigos de Residência | -0,16 | -0,31 |
Vestuário | 0,20 | 0,32 |
Transportes | 0,28 | 1,11 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,57 | 0,49 |
Despesas pessoais | 0,47 | 1,01 |
Educação | 0,06 | 0,07 |
Comunicação | 0,27 | 0,02 |
Grupo | Impacto novembro, em p.p. | Impacto dezembro, em p.p. |
---|---|---|
Índice Geral | 0,18 | 0,30 |
Alimentação e Bebidas | -0,05 | 0,02 |
Habitação | 0,05 | -0,09 |
Artigos de Residência | -0,01 | -0,01 |
Vestuário | 0,01 | 0,02 |
Transportes | 0,05 | 0,20 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,07 | 0,05 |
Despesas pessoais | 0,05 | 0,11 |
Educação | 0,00 | 0,00 |
Comunicação | 0,01 | 0,00 |